A conversa sobre as estrelas

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30- A Conversa sobre as estrelas
XX

Helena estava furiosa, isso era algo que não podia ser negado. Pisava forte no chão, fazendo a madeira ranger como se pedisse socorro. Seus olhos brilhavam em um dourado semelhante ao Sol inexistente naquela noite de tanta raiva que sentia, apertando as unhas nas palmas da mão enquanto fechava os punhos em sinal de sua suma raiva escaldante. Era quase possível ver a fumaça pairando sobre sua cabeça.

Mais uma discussão, mais uma briga que havia se tornado diária com Jace e seus argumentos meia boca e ressentimento mascarados direcionados ao que parecia seu alvo predileto, Helena. Que teve que se afastar o mais rápido o possível daquela sala, mais um minuto e teria a cabeça do bendito rolando pelo chão. E convenhamos, a ruiva não queria que isso acontecesse, mas acidentes as vezes, no acaso, acontecem.

Estava farta de tudo isso, das brigas, da pressão, de tudo que em uma única noite havia sido jogado sobre sua cabeça, quer dizer: "Toma essa lista e salve os universos da morte eminente, Boa sorte!"

Merlin! Só queria estar em Hogwarts com suas amigos e uma boa xícara de chocolate quente, não em meio a uma guerra!

Quando se dera conta de onde seus pés haviam a levado, se sentou no gramado cheio de neve do jardim e fitou o céu estrelado de maneira cansada, tão quão estava.

Até onde isso iria chegar? Era apenas uma adolescente que nem havia terminado o estudo, mas passava noites em claro falando com Deuses sobre o paradeiro de uma psicopata maníaca, que inclusive não conseguia achar em lugar nenhum. Maldita seja Morgana.

Passava horas criando estratégias para batalhas, para a guerra que já estava aí, se perguntando quem seria o próximo de seus amigos a morrer. Ninguém nem ao menos apreciava que ela estava treinando incansavelmente, porque não ser uma vampira fazia falta e ela tinha que compensar de outra maneira. Céus, estava exausta.

As noites não dormidas vieram mostrar seu peso quando Helena começou a piscar seus olhos, lutando contra a vontade de dormir. No final, ela sabia que não conseguiria pregar os olhos nem por um segundo porque mesmo sonolenta, todo o estresse que fazia seu cabelo ruivo cair não deixaria e isso a deixava mil vezes mais ranzinza.

Uma brisa forte a fez pular da grama tão rápido quanto suas garras que saltaram para fora no mesmo segundo que pressentiram o perigo. A transformação controlada era algo que conseguiu aprender com Isaac. Agora conseguia controlar totalmente.

— Está... Tudo bem? — A voz suave e aveludada de Arya se faz presente quando a mesma pousou no chão ao mesmo tempo que as garras de Helena desapareceram.

— Na medida do possível...— Deixou a frase ao vento, mesmo que algo dentro de si gritasse que não, nada está bem. Nunca estaria, mas ninguém a entendia.

Voltou a se sentar no gramado macio enquanto suspirava e colocava uma de suas mechas ruivas, que insistia em fazer cócegas em sua bochecha, atrás da orelha.

— Posso? — Perguntou a Grã-Feérica, Helena balançou a cabeça em concordância, sentindo o vento que as asas da garota fizeram ao se fecharam em suas costas. Helena tentou ao máximo não mostrar algum indício que havia roubado o livro de Arya, então ficou quieta.

A ruiva desviou o olhar para a maior que se acomodava a seu lado. Havia trocado a roupa de batalha preta e colada, de um material extremamente resistente do qual nem podia imaginar, por algo mais leve. Um shorts de moletom creme e uma blusa leve simples. Porém, mesmo com roupas completamente normais, não perdia a beleza assombrosa que possuía, ninguém podia ser tão agradável ao olhar quanto Arya.

Ao observar as tatuagens de ramos que se seguia nos braços da mesma, torceu o nariz ao se lembrar das que tinha em seu braço, amaldiçoando quem havia as colocado ali. Pelo menos, ela conseguia esconder com magia.

Helena Granger: Aventura entre MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora