Já olhou para alguém e pensou: o que se passa na cabeça dela?
Austrália não. Dele, no caso.
— Félix, na boa, não enche. — Se colocou sobre o sofá atrás de si. Estava cansado, mais psicologicamente do que fisicamente.
— Qual é, Minho! A mãe não me deixa ir sozinho, você precisa. — Brandou com ansiedade.
Claro que ela não iria deixar. Quem em sã consciência iria autorizar um iniciante na maioridade viajar sem supervisão? Acima de tudo, somente para se divertir.
Com Félix, pior ainda. O rapaz não era um exemplo a seguir se tratando de responsabilidade, diretamente.
Se manteve calado diante tais insistências. Estava com aquele carrapato, vulgo seu irmão, há cerca de três semanas.
Três longas semanas, onde se controlava para não explodir em trilhões de pedaços. Se ocorresse, ao menos não teria que viajar.
— Não. — A falta de empolgação era palpável em sua voz.
Um suspiro foi solto. Um forte e irritadiço, assim como o peso em dobro sobre o sofá. Félix deixou o pé ir de encontro ao chão diversas vezes, fazendo um ruído desconfortável, e proposital aos olhos de Minho.
Mordeu o lábio inferior e revirou os olhos. Não iria abrir a boca para reclamar. Se recusava a entrar em um novo assunto que envolvesse o país cercado por tais oceanos Índico e Pacífico.
— Vou contar para a mamãe que você alterou as aulas de violão para aulas de dança sem consultar ela. — Comentou o mais novo, sem o mínimo de interesse. Fazia questão de encarar as próprias unhas como se fosse algo interessante.
Sequer parecia uma ameaça. Uma resistente ameaça.
Os olhos de Minho foram arregalados com tanta força que durante alguns segundos, pôde sentir dor de cabeça. Lábios se abriram por diversas vezes, porém nenhuma palavra conseguia ser dita.
A senhora Lee passava a maior parte do tempo no trabalho. Uma consultora de moda não faria menos. A riqueza daquela casa poderia comprar uma ilha, ou melhor, algumas ilhas.
Uma ótima mãe, sendo sincero. Apenas com pouca frequência. De toda forma, a mesma fazia questão de estar ciente sobre a vida de seus primogênitos. Meses atrás havia inscrito um filho para aulas de violão, onde o mesmo implorou por tal durante semanas.
Fase. Como tudo que Minho toca, não durou. Não era um fã de passagens, apenas inícios. Duas aulas e estava enjoado de toda calmaria, seus colegas, e principalmente, falta de velocidade.
Vasculhando um pouco mais sobre os cursos daquela universidade, descobriu a dança. Nunca havia pensado sobre, porém mudar era melhor do que fazer o pagamento sem frequentar nenhum curso. Por isso, alterou.
Esperava pelo sermão recebido, e por isso, se esqueceu de comentar com sua matriarca. Ela não ficaria irritada, mas falaria em sua cabeça por dias após sofrer com tanta insistência atrás de si para aprender sobre cordas, afinação e linhas.
Em dobro agora, até porque estava correndo sobre esta vida há um bom tempo. Ela odiava ser a última a saber de novidades. Não era a pior coisa do mundo, mas ainda sim, assustador.
— Você não faria isso... — Retrucou em um fio de voz, estreitando os olhos. Coração acelerado.
— Ah, eu faria sim. — Félix sorriu ladino. Não estava retribuindo o olhar do irmão, mas sentia sua fúria pelo canto.
Minho iria o matar.
Tinha consciência e conhecia aquele com quem por muito tempo dividiu o quarto. Aquela réplica de Marsha em versão masculina conseguia ser insuportável quando queria, assim como a personagem. Nunca desistia.
— Você está jogando sujo, Lee Félix! — Se levantou defensivamente, os braços sendo atirados para frente na intenção de segurar o mais novo.
Pena que aquele, anteriormente ao seu lado, o conhecia como ninguém. Tão bem que se levantou milésimos de segundos antes, pulando onde estava e usando tal estofado como amparo.
— E quem não joga sujo consegue algo na vida? — O sarcasmo pingando de seus lábios, aumentando drasticamente a tensão naquela sala.
Minho apertou os olhos, negando com a cabeça. Se perguntando o que poderia fazer, assim como de onde o irmão havia tirado aquela frase bordão mal dita típica de um filme da Barbie.
Levando prós e contras sobre pensamentos, chegou em uma conclusão. Se olhassem com deveras atenção, poderiam notar faíscas flutuando sobre os fios do mais alto ali presente.
— Duas semanas. — Murmurou de malgrado após um tempo. Tempo este que significaram horas para o outro.
Ao abrir os olhos uma nova vez, quase perdeu sua visão que já não considerava das melhores. Os olhos de Félix brilhavam tanto quanto uma estrela no céu durante a noite em felicidade.
Se indagava se as falas de familiares que se encontravam uma vez por ano eram reais. Não eram de sangue, mas a consideração sempre foi maior. Seus olhos também transmitiam aquele universo como os do irmão de forma tão natural?
— De verdade, hyung? Nós vamos? — Decidiu perguntar para tirar uma prova viva de realidade, e não apenas um sonho.
— Não me faça repetir. Quer que eu desista? — Grunhiu em descontentamento.
Não durou mais do que cinco segundos para sentir braços se colocando por volta de sua cintura, assim como a cabeça alheia deitando sobre o próprio ombro.
Deveria ter imaginado, o outro Lee sempre foi mais apreciador do que si ao toque físico para demonstrar sentimentos.
Não se moveu, menos ainda o empurrou. Pelo contrário, fez questão de retribuir aquele contato com calmaria. Sentia o contentamento alheio por aquela ocasião.
— Obrigado por isso, sério! Estou com saudades de Sydney. Vou te levar em todos os festivais possíveis e te apresentar as melhores comidas. — Félix afastou minimamente os corpos, encarando o irmão com animação.
Minho entendia aquela ansiedade para voltar até a cidade natal. Falando em seu lado sincero, não negaria caso não conhecesse Félix.
— E beber, certo? — Arqueou as sobrancelhas, cruzando os braços em tom sarcástico.
— Beber é a prioridade. — Levantou a mão como forma de juramento, porém, sequer esperando para, em seguida, correr em direção às escadas. — Vou fazer as malas e você deveria fazer o mesmo.
— O quê? A gente nem marcou nada e... — Antes que pudesse acrescentar em sua frase formulada, foi interrompido por conta da voz alheia.
— Estou com as passagens para essa madrugada. Eu sabia que você diria sim. — Acenou em adeus, acelerando os passos para chegar ao topo dos degraus e andar por volta do extenso corredor na intenção de chegar até o quarto.
Minho permaneceu estático com tais palavras. Incrédulo com a ousadia do outro, alternando ideias entre o xingar ou desistir daquela ideia maluca.
No final das contas, repetiu seus atos. Subiu para o quarto. Sua tarde se baseando em arrumar malas e acessórios básicos para conforto. E claro, usando o notebook para descobrir mais sobre Sydney e seus principais pontos turísticos.
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ᅟOi, gente! Essa é minha primeira fanfic, por conta disso, estou um pouco nervosa com o rendimento. De toda forma, se alguém ler, espero que goste do conteúdo oferecido. Tenho alguns avisos básicos:
1. A fanfic é Minchan, o couple que sempre será centralizado.
2. A relação afetiva entre Minho e Félix sempre é muito ressaltada, algo forte e familiar.
3. Todos os capítulos terão, em média, mil palavras.
4. A fanfic tem cenas 18+, sempre irei alertar no topo para caso alguém não se sinta confortável lendo.
5. O começo pode aparentar cansativo, justamente porque os protagonistas não se conhecem e irão demorar minimamente para tal.É isso! Obrigada por estar aqui.
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NON PLANNED • minchan
Teen FictionAustrália. Um país continental cercado pelos oceanos Índico e Pacífico. Ao menos, o que dizia Minho segundo suas pesquisas no Google. Não estava em seus planos deixar Seoul para viajar diante as férias de verão. Com insistências e uma pequena chanta...