DECISION | Daniel Ricciardo

DECISION | Season Finale

"Sim; do latim sic, assim. É um advérbio que exprime afirmação, aprovação ou consentimento, mas mais do que isso, é a tradução do amor. Em outras palavras, é a união de duas almas que se encontraram e tiveram a certeza de que acharam seu destino final."

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ISABELLE

Caminhar, na maior parte das vezes, é muito simples. Não consiste em um exercício mental e físico demasiado grande. Você apenas vai. Inconscientemente. Mas naquele momento, seria diferente, eu não andaria apenas por cumprir um comando do meu corpo, eu conseguia sentir cada músculo e fibra daquilo que compunha o meu ser tremer ao compreender que o nosso ato nos levaria de encontro ao início de uma realização. Vestida de branco e carregando um véu que encontrava a calda do modelo optado para o dia mais especial da minha vida até então, eu estava pronta para cruzar o tapete e chegar até a causa na qual tudo aquilo fazia sentido.

Se um jogador de futebol pensa em dezenas, ou até mesmo centenas, de possibilidades e hipóteses do momento em que sai do meio campo até a marca do pênalti, naquele instante, eu ultrapassava a casa dos milhares, tranquilamente. Tudo surgia concomitantemente. Ele indo embora, a dor que dilacerou meu coração por tantas noites a fio, a incerteza do que seria de nós, ao mesmo passo que a felicidade palpável naquele quarto no início de dezembro empurrava toda a tristeza para fora, dando espaço para o pedido de casamento minuciosamente pensado sob as luzes de natal.

Ele ainda não me via. Mas eu conseguia enxerga-lo, vestido em um terno azul marinho que destacava a tonalidade morena de sua pele e dava vida aos cabelos pretos e cacheados, mas eram seus olhos que me faziam segurar as lágrimas. Eles estavam brilhantes, apaixonados. Vivos. E a tonalidade do ciano deixava tudo muito mais evidente. Eu sempre fui apaixonada pela verdade que aquele tom de castanho, tão único, era capaz de transmitir. Se as palavras muitas vezes faltavam, o olhar era capaz de dizê-las. E pela busca incessante que as pupilas de Daniel faziam pelo ambiente, eu sabia que o coração dele batia tão rápido quanto o meu.

Ao fundo, os primeiros acordes do violão indicavam que era hora de começar a caminhada. Ao meu lado, agarrado ao meu braço direito, meu pai sorria tranquilamente. James Schafauzer era a definição de compreensão. Todo o tempo em que passei longe do homem que amava, ele não direcionou uma palavra dura ou de desdenho questionando minhas escolhas. Ele era um homem sábio, sempre fora, e com a morte de minha mãe, também tinha se tornado mais sereno.

— Você está deslumbrante, Bel. — Tocando delicadamente em minha bochecha, ele me encarou.

— A sua opinião não conta, pai. Para você, eu sempre estou bonita. — Respondi sorrindo de volta.

— E eu estou errado? Tenho certeza que meu companheiro ali na frente concorda comigo. - James deu uma risada baixa enquanto apontava para Daniel com a cabeça. — Você está pronta?

Respirei fundo soltando o ar dos pulmões com veemência.

— Eu queria que a mamãe estivesse aqui. — Rebati.

— Eu tenho certeza que de onde ela estiver, ela está muito feliz e orgulhosa, querida. — Com a serenidade que o acompanhava desde que perdera a companhia de sua esposa, meu pai apertou meu braço como se perguntasse mais uma vez.

— Eu te amo, mãe. — Sussurrei antes de fechar os olhos. E como se respondesse a minha declaração, uma sensação de paz me invadiu. Ela estava comigo. Ali. E eu sabia. — Eu estou pronta.