Deméter sabe mais

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Henry escutava a conversa de Perséfone e Elisa mas preferiu não incomodar no momento, sorriu quando a garota elogiou sua comida, já era tarde e ele estava cansado demais para levantar da cama sem necessidade. Henry estava acostumado com a presença de Perséfone em sua casa, sempre foi muito ligada à sua filha mas, ele desconhecia o motivo de ter se afastado de uns tempos pra cá, perguntava à Elisa que sempre dizia "Perséfone é assim mesmo " nunca deixavam de sair juntas porém, quando se tratava de entrar em sua casa a garota inventava uma desculpa para recoar mas, nada de errado ou estranho na cabeça de Elisa. 

Henry se levanta finalmente para cumprimentar a garota, saiu do seu quarto ouvindo ela comentar sobre filmes adultos mas ela não tinha notado sua presença ali, ou não faria tal comentário. Sua felicidade ao ver Perséfone era nítida, fazia um bom tempo que não a via, as vezes de longe quando passava perto de sua floricultura acenando à distância, sendo retribuído até por Deméter por quem tinha um carinho enorme! 

— Perséfone? Que bom vê-la novamente.
— Oi tio Henry. 
— Ah por favor, não me faça parecer mais velho. — Ela ri concordando com a cabeça. 
— É o costume, acho que não vou conseguir parar de te chamar assim. 
— Como quiser, você é da família. 
— Obrigada, tio Henry. — Disse novamente apenas para provocar o moreno. — É bom te ver também. 

As duas acabaram por assistir um filme qualquer de ação. Henry passava de um lado para o outro e de vez em quando desviava seu olhar para Perséfone que sorria para não ficar sem graça por estar fazendo o mesmo que ele. 

Henry sentiu seu cheiro agradável no ar quando ela passou com os pratos deixando na cozinha, Perséfone gostaria de lavar mas foi impedida por Henry. Ele notou que algo não estava certo em sua cabeça e Perséfone o fazia ter quase certeza daquilo, já que era claro sua tentativa de não estar nervosa em sua frente, Henry optou por ficar calado ao invés de perguntar e constranger Perséfone. Ele gostava da companhia que ela fazia à sua filha e o bem que causava. 

Do lado de fora uma tempestade começava, Perséfone olhou frustrada para a janela pensando que ir embora na chuva lhe causaria um resfriado. Foi algo muito de repente, em questão de segundos o som da chuva forte e com ventanias era nítido! 

— Nem pense em ir embora, Perséfone por favor dorme aqui? — Elisa juntou suas mãos na tentativa de convencer a amiga. 
— Eu nem avisei pra minha avó, Elisa eu vou aguardar um pouco mas vou embora. Outro dia eu venho mais preparada! 

Além de ser muito cuidadosa e responsável com sua avó, Perséfone sabia que Deméter não se importava que ela dormisse na casa de Elisa, a verdade era que mais uma vez estava em negação com aquela atração pelo pai de Elisa. 

(...) 

A tempestade não deu uma trégua desde que Perséfone decidiu ir embora. O cheiro de chocolate quente era agradável e convidativo, haviam poucas coisas da cozinha que Henry não sabia fazer. Uma xícara foi entregue a Perséfone que sorriu em agradecimento.

— Então, como está na floricultura com sua avó? — Henry se sentou em uma das cadeiras ficando de frente para Perséfone que estava apoiada no balcão. 

— Tudo indo bem, ela deve estar adorando essa tempestade. — Sorri tomando um gole de seu chocolate quente, Henry olhou sem entender fazendo o mesmo. — Quando chove assim, nós duas ficamos vendo a água da chuva cair nos vidros, sentadas no chão da floricultura, bom ela em uma cadeira! Deve estar fazendo isso sem mim agora. 

— Acho ótimo a relação que tem com a sua avó, Perséfone. Eu via você pequena levar as flores separadas por cor para ajudá-la. — Ele sorri e Perséfone retribui logo em seguida olhando para baixo. — Você cresceu e continua ajudando Deméter, fico feliz que não tenha mudado.

— Seria injusto se não retribuisse da mesma forma. Desde que meus pais se foram, ela tem feito tudo por mim. 

Henry conhecia os pais de Perséfone e lembrava exatamente da morte dos dois, não foi algo de uma só vez mas muito próxima a morte dos dois. Sua avó ficou arrasada e mesmo não sendo tão madura sabia que apesar de estar triste com a situação, não poderia mostrar seu desespero, pensava que assim não poderia consolar sua avó, que naquele momento admirou sua força. 

Henry a olhava sem saber o que dizer, na verdade não queria dizer nada naquele momento, sentiu de perto tudo que a garota passou junto de Deméter. Terminou de tomar o seu chocolate quente e então se levantou olhando para Perséfone que tirou seus braços do balcão. 

— Eu vou te levar pra casa, pra ter esse momento com sua avó. — Disse Henry e Perséfone concordou. — Elisa não precisa saber, eu mesmo aviso quando ela acordar. 

— Agradeço, tio. — Sorri tendo a negação de Henry que deu um leve sorriso em seguida. 

Pegou suas chaves e eles foram em direção à porta até chegar no carro de Henry que estava logo ao lado. Entraram e seguiram até a casa de Perséfone que não era muito longe, o caminho foi um silêncio mas nada constrangedor, ela olhava a chuva forte cair pelo vidro e ele mantinha seu olhar sério durante o caminho. Perséfone olhou receosa por alguns segundos o rosto de Henry, tinha seu maxilar travado o deixando mais marcado, que Deus a perdoe por seus pensamentos sombrios. 

Seu carro foi parando e logo Perséfone avistou sua casa. 

— Obrigada por me trazer! 
— Mande um beijo para sua avó. 
— Pode deixar, Tchau. — Disse por fim e saiu do carro apressada. 

Henry a olhou até entrar dentro de casa e sair de sua vista, seguiu seu caminho de volta para a casa que assim que chegou tinha Elisa parada no meio da casa com seu rosto amassado mostrando que acabou de despertar, já teve certeza que a amiga havia ido embora assim que viu seu pai, Henry suspirou espremendo seus lábios e indo até a filha que bufou desapontada, afinal por um momento pensou que ela dormiria em sua casa. Os dois foram para seus quartos mas antes Henry depositou um beijo em sua testa lhe desejando boa noite. 

Perséfone entrou em casa procurando a avó por cada cômodo mas não a encontrou, andou até a floricultura e lá estava ela com a sua cadeira sentada olhando aquela chuva cair, Perséfone chegou com cautela para não assusta-la, se sentou ao seu lado onde havia uma cadeira a esperando sorriu olhando para a avó, Deméter segurou em sua mão enquanto Perséfone apoia a cabeça em seu ombro fechando seus olhos ouvindo aquele som relaxante da chuva. 

— Tio Henry te mandou um beijo. 
— Sei como se sente! — Deméter disse tendo a atenção da neta. 
— Do que está falando vovó? 
— Do Henry! Se apaixonar pelo pai da sua amiga não parece uma boa idéia para você. 
— Não, vovó eu...
— Não se preocupe, isso ficará entre nós duas. — Deméter passou suas mãos no rosto de Perséfone o segurando com suas fracas mãos, ela sorriu concordando. 

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