Capítulo 1

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O dia está realmente.... quais palavras podem resumir? Acho que: grande bosta, se encaixa bem nesse caso. Tudo começou quando acordei atrasada para a aula, porque o carregador do celular decidiu pifar durante a noite. Por consequência, perdi um teste surpresa de álgebra no segundo período. Durante o almoço um garoto esbarrou em mim, derrubando toda a sua comida no meu suéter. Levei uma bolada na cabeça na aula de educação física e agora isso?!

- Por favor, Bella, sua mãe e eu precisamos de algumas férias, não complique ainda mais tudo isso. Além do mais, não é uma viagem inteira só de férias.

Empurro os óculos contra o meu rosto e largo os livros no chão da sala. Respiro fundo para encarar seus olhos castanhos. Ele acabou de ser contraditório!

- Eu entendo, pai. - murmuro puxando a manga do suéter cinza. - Mas eu não entendo o porquê de ter que ir para Forks... com a Tia Sue. - engulo o seco. - Você sabe que eu posso tomar conta de mim mesma.

- Mas, legalmente, não pode morar sozinha. Só se fosse emancipada. O que você não é.

Uma garota de dezesseis anos ainda não pode ficar sozinha em Nova Iorque, não sou considerada adulta pela lei, mesmo que eu tenha mais maturidade que quase todos os alunos da minha escola.

Modéstia parte dizendo, sou uma boa aluna e filha. Faço minhas obrigações e deveres, estudo e quase não trago queixas para os meus pais. Eu sei das minhas responsabilidades e das coisas que tenho que fazer.

- E se eu ficar com a Hayley? Os pais dela não iriam se importar.

- Dê uma chance, tá legal?! Talvez, você ame. Assim como eu amava aquele lugar na minha adolescência. Assim como você amou na sua infância. - eu sempre odiei lá, ele que nunca percebeu.

- A Sue é louca! - exclamo, jogando-me no sofá.

- E por quê acha isso?

- Qual é, pai! Ela tem 25 anos, recém formada da universidade e é praticamente mãe de uma criança! Que nem é criança, é um garoto da minha idade!

- Na verdade, ele é um ano mais novo.

- Esse não é o ponto, Charlie. - rebato, afundando-me no sofá.

Ficamos em silêncio, escutando o tic tac do relógio antigo no meio da sala. Cada um em seus pensamentos. Nos meus, eu queria matar os meus pais, não que eu fosse admitir isso.

Meus pais estão juntos há exatos vinte e cinco anos. Sim, vinte e cinco anos. Renée Swan, a cirurgiã chefe do Greenhouse Hospital e o chefe de marketing da empresa Swan, Charlie Swan estavam com uma vontade louca de viajar por toda a Europa e agora que as bodas de casados estavam chegando, por que não saciar essa vontade?

Tudo está pronto para eles desfrutarem das merecidas férias. A hospedagem nos hotéis, passeios programados, rota turística feita, passagens compradas, menos uma coisa. Onde eu passaria todo esse tempo?

Meus pais são as pessoas mais trabalhadoras que eu conheço. Minha mãe, às vezes, parece que nem tem casa, de tanto tempo que fica no hospital e meu pai passa pelo menos doze horas por dia no seu escritório. Eles não têm vida social, nem privada. Suas vidas são focadas no trabalho. Não tem tempo para nada. Esses seis meses de viagem de férias/ trabalho seria um tempo para eles e eu obviamente não estou nos planos.

No entanto, viver com Sue seria um pesadelo. Ela é completamente maluca! Não suportaria nem um mês convivendo com ela.

- Se eu me mudar para lá, terei que terminar o colegial naquela cidade. - digo, cruzando os braços.

- Eu sei. - ele sussurra, passando as mãos pela cabeça, nervosamente.

Meu coração parte ao ver seus olhos tristes. Fecho os olhos rapidamente para impedir a visão. Preciso pensar racionalmente agora. Minha vaga em Oxford depende disso! Depende das minhas notas, dos clubes extraclasses e trabalhos voluntários.

Cartas para BellaOnde histórias criam vida. Descubra agora