Paixão & Mentira.

Capítulo 6: A sós

Saindo do restaurante, Christopher e Olívia entraram novamente no Aston Martin. O silêncio no carro era pesado, carregado com as palavras não ditas e as emoções conflitantes de ambos. Christopher ligou o motor, e o ronco suave do carro foi a única interrupção na quietude.

Olívia observava a cidade passando pela janela, seu coração batendo rápido. Estava tentando encontrar um equilíbrio entre a oferta que Christopher fez e seu próprio senso de moralidade. Ele, por outro lado, estava concentrado na estrada, seus pensamentos em uma espiral de frustração e cansaço.

Finalmente, ela quebrou o silêncio. - Vamos para um lugar tranquilo, onde possamos falar sem interrupções.

Christopher assentiu, desviando o carro para uma estrada menos movimentada. - Conheço um lugar. Disse ele, a voz baixa, mas firme.

Dirigiram por mais alguns minutos até chegarem a uma área afastada da cidade, um parque pouco conhecido. Ele estacionou o carro e desligou o motor. A noite estava calma, com as estrelas brilhando no céu claro e a vista de toda a cidade também iluminada o local. O lugar exalava uma tranquilidade quase mágica.

Eles saíram do carro e caminharam em silêncio até um banco isolado, rodeado por árvores e arbustos floridos. Sentaram-se, e Christopher finalmente olhou para Olívia que fez um gesto de movimento com as mãos segurando as marmitas, sua expressão suavizada pela luz suave da lua o fizeram rir nasalado. 

- Desculpe-me se fui rude antes. Ele começou, a voz carregada de sinceridade. - Estou sob muita pressão, e a última coisa que queria era envolver alguém nisso.

Olívia suspirou, sentindo a tensão aliviar-se um pouco e entregando sua marmita com os talheres. - Eu entendo, Chris. Não deve ser fácil para você. Mas fingir um relacionamento... é uma grande coisa para pedir. Eu realmente quero te ajudar, mas estou com medo. Entende?

Ele assentiu, seus olhos fixos nos dela. - Eu sei. Mas preciso de você. E não é só pela imagem. Você me faz sentir... diferente. Mais humano. Acredito de verdade que este namoro falso será bom para mim. Quero melhorar, eu preciso...

Ela ficou em silêncio por um momento, processando suas palavras. - Se eu concordar, precisamos estabelecer algumas regras. E quero garantir que isso não me prejudique de nenhuma forma.

Christopher sorriu, um sorriso genuíno que iluminou seu rosto cansado. - Claro. Faremos isso do seu jeito.

Enquanto conversavam, a tensão entre eles começou a dissipar-se, substituída por uma conexão mais profunda e genuína. O parque silencioso, com suas flores e árvores, criou o cenário perfeito para o início de algo mais significativo entre eles. Para ele estava sendo uma experiência completamente diferente ter um momento real com alguma pessoa que não fosse interesseira. Além disso, estar sentado ali com ela comendo uma marmita enquanto discutiam sobre as regras deste acordo tornavam o mento mais único ainda. 

Após finalizar sua comida, ele solta um respiro fundo de alívio. Talvez seu mau humor excessivo fosse fome. - Isso estava muito gostoso, me sinto um pouco menos rabugento. E comer desta forma não foi lá uma experiência tão ruim quanto eu imaginava. Ele diz soltando um riso acompanhado pelo de Olívia. 

- Pode me chamar de Liv. - Ela disse encarando a paisagem

Confuso com a troca de assunto repentina, ele questiona. - Hã?

- Bom, agora que somos um casal, acho que é importante você me chamar por um apelido. Chamar sua namorada de Olívia toda vez é meio estranho. - Ela disse, virando-se para ele.

Christopher riu suavemente. - Liv, então. Gostei.

Eles continuaram conversando, rindo e se conhecendo melhor. O tempo passou rapidamente, e antes que percebessem, já era quase meia-noite. O céu começou a nublar, e em poucos minutos, gotas de chuva começaram a cair.

- Está começando a chover. Olívia disse, olhando para cima. - Devíamos ir.

Christopher assentiu e se levantou. - Vamos para o meu apartamento. Você pode ficar lá esta noite.

Ela hesitou por um momento, mas a chuva começava a engrossar. - Tudo bem, concordou, seguindo-o de volta ao carro.

Quando chegaram ao apartamento de Christopher, ele a guiou até a cobertura. A governanta, Lourdes, os recebeu com um sorriso caloroso.

- Boa noite, Theo. Disse ela, olhando para Olívia com curiosidade.

- Boa noite, Lourdes. Esta é Olívia, minha namorada. Ela vai ficar aqui esta noite. Explicou Christopher, ainda um pouco molhado pela chuva.

- Ah, mas que prazer em conhecê-la, Olívia. Lourdes disse, com um tom maternal. - Vocês vão dormir no mesmo quarto? Devo preparar o quarto do Theo para dois?

Olívia ficou em silêncio, refletindo sobre o apelido um pouco diferente de Christopher. Theo.

- Não será necessário por agora, Lou. Obrigada. Pode mostrar um dos quartos para Liv, por gentileza, deixa que ela escolha o que se sentir mais confortável.

Lourdes pegou um tablet e mostrou imagens dos quartos. - Parece que estou fazendo uma reserva em um hotel. Olívia disse com humor. - Pode ser esse, com essas luzes amarelas.

Ela foi guiada por um corredor extenso com a parede de vidro, tendo uma vista panorâmica da cidade e da chuva. - Aqui está seu quarto, querida. Disse Lourdes, abrindo a porta e deixando Olívia entrar primeiro, que ficou impressionada com a dimensão do quarto, que era bem maior que seu apartamento completo e com móveis novos. As luzes amarelas dos abajures deixavam o ambiente mais agradável e romântico. Sua paz e tranquilidade foram interrompidas quando a governanta se aproximou.

- Espero que você consiga ajudar o Theozinho. Eu orei tanto para que ele encontrasse alguém com uma aura boa como a sua. Disse Lourdes.

- Desculpe, Theo? Achei que o único apelido dele fosse Chris. Olívia perguntou, curiosa.

- Eu o chamo de Theo desde que nasceu. Era o apelido que sua mãe tinha dado a ele. Explicou 

Ainda curiosa com o assunto, Olívia se aprofundou. - Ah, sim. Sabe me dizer com o que exatamente preciso ajudá-lo? Ele comentou mais cedo, mas de modo superficial, sem muitos detalhes.

Lourdes parecia hesitar em contar. - Ah, minha querida... então pelo visto ele não te contou ainda. Respondeu ela, com um tom de tristeza e preocupação.

Com um olhar curioso, Olívia insistiu. - Me contar o quê?

De repente, Christopher entrou no quarto, desabotoando o colarinho. - Quanto menos soubermos de nossas vidas pessoais e passado, melhor será o nosso relacionamento. Disse ele em um tom sério, porém menos rude do que já tinha sido antes com ela.

Olívia se assustou com a presença repentina dele. - Você consegue entrar e sair dos lugares sem ser notado? Comentou, ainda um pouco desconfortável.

- Levando em consideração a vida que tenho, tive que aprender a ser sorrateiro às vezes. Bom, já está tarde e acredito que todos precisamos descansar," ele dizia, atravessando para o outro lado do quarto e guiando-a até o banheiro. - Recomendo que você use a banheira e tome um banho quente para relaxar. Amanhã será um dia longo e provavelmente estressante. No armário, você pode encontrar roupas femininas para dormir. Deixe sua roupa na porta do banheiro do lado de fora, que a Lou irá botar para lavar e secar. Ele dizia, apoiado na porta do banheiro e encarando Olívia com os olhos castanhos cansados. Um momento de intimidade e silêncio permaneceu entre eles, causando um certo constrangimento. - Durma bem, Liv. Amanhã discutiremos mais detalhes. Disse ele, antes de sair e fechar a porta.

Olívia suspirou, sentindo a exaustão finalmente a alcançar. Encarou-se no espelho, com um olhar vago refletindo sobre tudo o que aconteceu. Ela sabia que sua vida estava prestes a mudar drasticamente, mas por algum motivo, sentia-se estranhamente em paz com isso.