Capítulo 5

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Fomos almoçar depois dos longos cinco minutos a mais que a S/N liberou para a Sophie. Escolhemos um restaurante ali perto mesmo e tivemos um ótimo momento de conversa.

Foi uma excelente oportunidade para conhecer um pouco mais sobre a Sophie e S/N. Sophie me contou sobre os problemas que teve na escola, disse que sofreu muito bullying por não ter traços coreanos. Os pais dela são canadenses, porém vieram para a Coréia do Sul há quase 20 anos devido a uma oportunidade de emprego que surgiu para o pai dela.

Sophie: Eu nasci aqui na Coréia, porém, nunca me aceitavam, quer dizer, não me aceitam como coreana porque eu possuo traços ocidentais, já que a minha descendência é canadense. Então, meus colegas de sala colocavam apelidos em mim que eu não gostava e isso me deixava muito triste.
Xx: Ela vivia chorando porque não queria ir para a escola. - A mãe dela disse tristonha enquanto passava a mão na cabeça da menor. - Mas, não tínhamos o que fazer, não podíamos simplesmente retirar ela da escola. Fomos algumas vezes falar com a direção sobre o que acontecia, mas sabe como são crianças... podem chamar a atenção delas e até castigá-las, mas elas voltam a fazer as mesmas coisas.
S/N: A Coréia do Sul pode ser um excelente país em vários aspectos, mas ainda tem muito no que evoluir. Eu não sou coreana, nasci no Brasil, mas fiz toda a minha graduação e especialização aqui, contudo, tive muitos problemas para arrumar o meu primeiro emprego depois que concluí o meu curso. Também já ouvi muita coisa horrível, não diretamente, mas ouvia as pessoas cochichando e me olhando estranho, sabe?! Falando da minha nacionalidade, da minha cor. Tive que transformar toda a dor que senti por ser discriminada em força para conseguir o que eu almejava. Estudo muito até hoje, sempre que posso estou me atualizando, me especializando e buscando melhorar na minha área. Também não deixo de me impor, não aceito que me julguem seja lá pelo o que for e quem for. - Ela me olhou e eu lembrei de hoje mais cedo na lanchonete, da forma que ela agiu quando eu disse que o tom da pele dela era bronzeado.
Sophie: Por isso eu coloquei na carta que a S/N me entende. Nós já fomos vítimas do preconceito só por quem somos.
NJ: Eu fico muito triste em ouvir tudo isso e peço desculpas. É realmente difícil pra mim ouvir que essas coisas acontecem no meu país de origem e vai contra tudo o que BTS prega e acredita.
S/N: Você não tem que se desculpar. Não é sua culpa. E eu acho que vocês fazem um excelente trabalho, já vi alguns discursos que vocês fizeram, mas vocês não têm como obrigar as pessoas a seguirem o que não acreditam ou concordam.
Sophie: É verdade!
S/N: Apenas continuem fazendo o lindo trabalho que vocês fazem, com o tempo as pessoas vão amadurecendo e mudando.
NJ: Espero que para melhor. - Dei uma risadinha ao final, estava um pouco constrangido, mesmo não tendo culpa do que elas passaram.
S/N: Sim, também espero que seja para melhor. - Sorriu.

Após mais alguns minutos de uma excelente conversa, seguimos para o nosso próximo destino, que ficava quase no centro de Seul, então, deu pra tirar aquele maravilhoso cochilo depois do almoço.

Por sorte, mesmo que de última hora, o nosso empresário conseguiu vaga em um daqueles salões de beleza que fazem dia de noiva e oferecem diversos serviços especiais, não apenas para noivas, mas também para aniversariantes ou qualquer pessoa que busque usufruir de um dia especial.

Esse trabalhava inclusive com perucas, o que facilitou o nosso trabalho de ter que procurar alguém que ofertasse esse serviço.

Ao chegarmos no local fomos recebidos pela Emma, a dona do estabelecimento. Ela foi muito gentil e receptiva com todos nós, nos explicou que as perucas que são produzidas em seu salão são feitas através de doações de cabelos de suas clientes e parte delas são doadas para pessoas com câncer todos os meses.

Emma: Eu espero que alguma te agrade, Sophie, pois ela será sua. - Disse toda sorridente.
Sophie: Eu vou poder levar comigo? - Perguntou de olhos arregalados.
Emma: Sim! - Acariciou o dorso da mão da garota que ela segurava com delicadeza. - Você vai escolher a cor, o tamanho, modelo de corte... deixaremos tudo do jeitinho que você quiser.
Sophie: Eu nem sei o que dizer. - Falou emocionada, já com os olhos marejados. - Muito obrigada, Emma. - Ela apertou a mão da mais velha com as suas duas mãozinhas, completamente agradecida.
S/N: Você merece, meu amor! – Deu um beijo na mais nova.
NJ: Merece muito mais que isso. – Acariciei as suas costas e me dirigi a dona do estabelecimento em seguida. – Também quero te agradecer por abrir esse para nós, Emma.
Emma: É um prazer poder ajudar. – Sorrimos.
NJ: Bom... agora eu vou deixar todos vocês nas mãos da equipe da Emma, inclusive vocês dois. – Chamei os pais da Sophie. – Venham aqui. – Assim eles fizeram. – Pode fazer tudo o que eles quiserem, Emma, massagem, limpeza de pele, cabelo, maquiagem... enfim, o que eles quiserem fazer.
S/N: Não precisa me incluir no meio, Namjoon. Estou aqui pela, Sophie.
NJ: Eu sei que você está aqui pela Sophie, mas vai ganhar um dia de princesa também e não adianta reclamar.
S/N: Mas... eu não...
NJ: Não adianta, S/N! Você vai entrar no pacote sim. – Aumentei um pouco a voz para interrompê-la.
Sophie: Aceita, S/N! Você trabalha demais, merece uma boa massagem.
NJ: Aí... está vendo! – Apontei para Sophie enquanto encarava a S/N e a mesma revirou os olhou ao tempo que sorria.
S/N: Está bem! – Se deu por vencida.
Emma: E quanto a você, Namjoon-ssi? Não vai ficar?
NJ: Eu tenho umas coisas para resolver. Fica para uma próxima oportunidade.
Sophie: Você vai embora? – Segurou minha mão.
NJ: Vou sim. – Me agachei ao seu lado. – Mas, eu volto! Tenho mais surpresas pra você e vou aproveitar que vocês estarão em boas mãos para ajustar uns últimos detalhes do seu grande dia. – Ela esboçou um largo sorriso. – Voltarei o quanto antes.
Sophie: Está bem! – Beijei a sua delicada mão e me levantei.
NJ: Quero ver todos vocês ainda mais incríveis do que já são quando eu voltar, hein!
Emma: Pode deixar comigo. – Sorriu. – Vamos entrar!

Enquanto eles entravam, fui em direção ao carro, até que ouvi S/N me chamar:

S/N: Espera, Namjoon! – Me virei e ela deu uma carreirinha em minha direção.
NJ: Se você veio para dizer que não vai querer nada disso vai perder o seu tempo, porque eu já falei que... – Foi a vez dela me interromper, só que o que me fez calar foi um beijo dado por ela em minha bochecha.
S/N: Obrigada! – Eu senti meu rosto ferver de vergonha, com certeza eu estava muito vermelho. - Obrigada primeiramente por me proporcionar esse momento de beleza, mas eu quero te agradecer mesmo pelo o que você está fazendo pela Sophie. Eu nunca a vi sorrir tanto no mesmo dia. Sim... ela sempre foi uma menina encantadora, sorridente, sempre alegrou a todos que ficam a sua volta, porém, hoje é diferente. Ela está nas nuvens! Está vivendo um sonho da forma mais intensa possível, porque além de estar cumprindo a listinha de desejos dela, ela tem você proporcionando tudo isso e com certeza isso é muito surreal para ela. É inacreditável para mim, que estou apenas como coadjuvante nisso tudo, imagina para a Sophie. – Lógico que eu ouvia cada palavra dita pela S/N, no entanto, o beijo que ela me deu não me deixava raciocinar direito. – Ela não para de falar na ambulância, está eufórica, emocionada... ela está muito feliz, Namjoon, e tudo graças a você. Por isso eu vim até aqui para te agradecer. Muito... muito obrigada. Que Deus, o universo, ou seja lá no que você acredita, lhe proporcione tudo em dobro. – Eu olhei para baixo, mas logo ergui a cabeça com um sorriso mínimo, ainda estava muito envergonhado e por isso não conseguia olhar diretamente em seus olhos.

O fato de eu também não conseguir dizer nada fez S/N dar uma risadinha.

S/N: Agora quero pedir desculpas por te deixar constrangido. – Disse rindo. – Sei que vocês, coreanos, não estão acostumados a receber um beijo no rosto assim do nada, mas não me contive, me desculpe, foi mais forte do que eu. – Apenas sacudi a cabeça de qualquer jeito, nem eu sabia o que queria dizer com esse gesto. – Acho melhor eu entrar antes que seu rosto exploda de tão vermelho. Até mais tarde! – Virou-se sem esperar que eu respondesse e entrou no salão de beleza.

Adentrei no carro com o pensamento distante, não conseguia parar de sorrir e ainda sentia a minha pele quente. Permaneci imerso em um transe até ouvir o nosso motorista dizer no meu nome.

Dong: Namjoon-ssi, está me ouvindo?
NJ: Oi? - Passei as mãos no rosto. - Me desculpe, o que você disse?
Dong: Para onde vamos?
NJ: Ah... para a Big Hit. - O mesmo voltou-se para frente e deu partida.

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