Já na lanchonete, eu peguei apenas um café para acompanhar a S/N que, além do café, pegou um sanduíche para comer, pois ela ainda não havia tomado café da manhã.
S/N: Namjoon, eu te chamei aqui por dois motivos. – A forma séria que ela falou me fez deixar o café de lado e prestar atenção somente nela.
NJ: Estou ouvindo.
S/N: Por três na verdade. Primeiro, para dar mais privacidade a Sophie e a doutora Park. Segundo, porque eu não gosto de comer sozinha, então, pensei que você pudesse me fazer companhia. – Sorriu um pouco sem jeito e deu um gole em seu café. Eu havia achando a S/N bem espontânea, e ver essa sua versão tímida me fez sorrir.
NJ: É um prazer lhe fazer companhia.
S/N: E eu lhe agradeço. – Sorriu. Seu sorriso era hipnótico e só a deixava ainda mais bela. – Minha boca está suja? – Passou o guardanapo no local.
NJ: O que? – Pisquei algumas vezes, saindo do meu transe. – Não! Não!
S/N: Ahh... é que você não parava de olhar pra minha boca, pensei que estivesse suja."Idiota! Vai babar assim pela garota descaradamente?", meu cérebro esbravejou.
NJ: Desculpa! É que seu sorriso... é muito bonito. Destaca o tom bronzeado da sua pele.
S/N: Ok! – Soltou a xícara repentinamente e colocou as duas mãos espalmadas na frente do corpo. Além de que sua voz continha uma certa irritação.Eu simplesmente gelei, fiquei paralisado olhando pra ela, pensando novamente no que eu tinha feito de errado.
S/N: O tom da minha pele não é bronzeado! – Disse firme. – Eu sou uma mulher preta. Por favor, não use termos criados por brancos para minimizar a forma de se referir a pessoas negras como se a cor da nossa pele fosse algo errado ou feio.
NJ: Eu não falei com essa intenção, S/N. – Arregalei os olhos enquanto sacudia as mãos na minha frente para enfatizar a minha negação, fiquei assustado e me sentindo até culpado por passar essa impressão para ela. – Me desculpe! Mas, é que muitos aqui na Coréia falam assim.
S/N: Pois é! Só que o preconceito começa justamente aí, quando as pessoas querem mudar aquilo que realmente somos. Eu já ouvi muita gracinha por ser negra, não vou aceitar que ninguém tente diminuir o que eu tenho orgulho de ser. – Ela estava bem irritada.
NJ: Sim, eu entendo perfeitamente, e super concordo com você, não devemos tolerar qualquer tipo de preconceito, mas eu juro que não falei com maldade. Me desculpe mais uma vez, eu realmente não quis ofender. – Falei com toda a minha sinceridade.S/N ficou um tempo olhando fixamente em meus olhos, depois deu um longo suspiro e relaxou os seus ombros, que estavam rígidos, em seguida, se encostou na cadeira.
S/N: Voltando ao assunto! – Sua voz ainda soava levemente irritada. – A terceira coisa que quero falar com você é sobre a Sophie.
NJ: Certo! Pode falar. – A mesma respirou fundo.
S/N: Sophie vem lutando contra a leucemia faz um pouco mais de dois anos.
NJ: Lembro que ela colocou na carta que começou o tratamento há dois anos. – S/N balançou a cabeça positivamente.
S/N: Isso! – Respirou fundo novamente. – E já faz alguns meses que ela não responde mais ao tratamento. – A mesma se calou e ficou me olhando, esperando alguma reação minha.
NJ: Tá! E quando vão começar um tratamento diferente?
S/N: Você não entendeu, não é? – Ela apoiou os cotovelos na mesa e entrelaçou os dedos das mãos. – A Sophie está em cuidados paliativos, Namjoon. – S/N falava olhando no fundo dos meus olhos. – Tudo o que a medicina podia fazer por ela, já foi feito, aquela garota já foi submetida a diversos tratamentos super agressivos e não apresenta mais melhora alguma. – Essas informações se embaralhavam em minha cabeça, eu não podia acreditar no que ouvia e nem queria. - Já faz uns quatro meses que ela está internada aqui, sem poder voltar para casa, porque ela tem sentido muita falta de ar aos mínimos esforços, você viu que ela ficou cansada só por chorar ao te ver, tem dias que ela sente muitas dores, vomita sangue, enfim... aqui ela tem todo o suporte necessário para deixa-la o mais confortável possível. Ela não tem muito tempo de vida, Namjoon.
NJ: Não diga uma coisa dessa! – Falei furiosamente e senti uma lágrima escorrer em meu rosto, eu nem tinha percebido que estava prestes a chorar. – Sophie tem apenas 12 anos! Você não pode simplesmente chegar pra mim e dizer que... que... – Não consegui concluir a minha frase.
S/N: Que ela vai morrer? – Completou suavemente, mas em meus ouvidos parecia uma bomba explodindo.
NJ: Por favor, não fale essa palavra.
S/N: Você precisa encarar os fatos. Essa é a realidade dela. A família dela e a própria Sophie já aceitaram. A morte faz parte da nossa vida, uma hora ou outra iremos nos deparar com ela.
NJ: Eu não posso aceitar! – Aumentei a minha voz e olhei para os lados, vendo as pessoas me fuzilarem com o olhar por causa do barulho, então, me inclinei mais para a frente, também apoiando meus cotovelos na mesa e falei mais baixo. – Eu não quero e não vou aceitar isso, S/N! Olha o que você está me pedindo. – Senti outra lágrima escorrer em meu rosto.
S/N: Eu sei que é difícil!
NJ: E se fosse um parente seu... se fosse a sua filha, você ficaria aí parada? – Apontei para ela com as duas mãos. Eu estava com raiva, mesmo sabendo que a S/N não tinha culpa alguma nisso, terminei descontando um pouco da minha raiva nela.
S/N: Se fosse a minha filha... eu iria fazer o possível para que ela fosse curada.
NJ: Está vendo! – Eu ia continuar a esbravejar, porém ela prosseguiu com o seu discurso.
S/N: E os pais da Sophie já fizeram tudo o que podiam por ela. – S/N falava pacientemente. – Eu amo a Sophie, Namjoon. Ela não é apenas uma paciente. Nós realmente criamos um vínculo muito forte durante esses anos. Você acha que não dói em mim saber que não tem mais nada que possamos fazer para ajudá-la? – Vi os seus olhos se encherem de lágrimas. - Todos nós aqui lutamos pela Sophie como se ela fosse uma filha nossa, todos nós queríamos que ela vencesse o câncer, mas a medicina tem as suas limitações. Como eu disse, se fosse uma filha minha eu faria exatamente tudo o que foi feito pela Sophie, mas eu iria querer saber a verdade, iria querer saber as reais condições dela, eu preferiria saber a verdade do que viver uma mentira. – Suspirou e segurou em minhas mãos. – Eu sei o quanto dói receber uma notícia dessa e eu não posso te obrigar a aceitar as reais condições da Sophie, mas eu preciso te pedir para que não dê falsas esperanças para ela e nem para os pais dela, eles já sofreram demais durante todos esses anos e aceitar a morte como algo natural não é fácil, mas às vezes é necessário, e pra eles foi preciso encarar essa situação, eu tenho certeza que ainda é difícil aceitar que não há mais recursos disponíveis para ajudar aquela garotinha, mas existe uma equipe enorme trabalhando para ajudar aquela família no que for possível, então, por favor, não torne tudo mais complicado do que já é.
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Make a Wish
FanfictionSophie, uma garotinha de apenas 12 anos de idade, vem lutando contra a leucemia há mais de 2 anos. E foi no início dessa batalha contra o câncer que ela conheceu o BTS, grupo que, indiretamente, lhe deu forças para seguir em frente. Decidida a tenta...