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O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano. Mas o que seria o oceano se não infinitas gotas? — Isaac Newton

Atualmente, 1 de janeiro de 5325 (dia na terra)

Crystal

Diferente dos reinos antigos da terra, no Sunshine Kingdom, a regência dos reinos são diferentes.

Nem sempre o filho mais velho vai governar, pode ser o filho mais novo, ou o do meio. A Árvore Sunshine, o nosso oráculo, que diz quem será. Ela mantém os poderes de todos os reinos, ou seja, sem ela todos nós ficamos sem poderes e o reino começa a enfraquecer. Não que eu já tenha presenciado isso — e nem quero — mas é o que dizem os livros e, mesmo imortal, tenho apenas dezesseis anos e até o momento não presenciei nada de muito inacreditável. Odeio isso com todas as minhas forças, o que não recomendo, é mais seguro nem pensar no assunto.

Mesmo que todos digam que seja impossível eu ser rainha de Icefall— já que além de ser a mais nova entre quatro irmãos, eu sou a única mulher—, tenho esperança de que um dia, mesmo que não como rainha, conseguirei mudar a forma de pensar de muita gente.

Todos veem o que somos capazes de fazer como poder, como algo que não viveríamos sem. Mas eu não penso assim.

O que temos não é nada comparado ao que realmente é o poder, a magia, a imortalidade. O poder vai muito além disso, ele entra em nossos ouvidos como um sussurro, consome nossos cérebros até nos fazer achar que o temos.

Porém nós não possuímos poder, ele que nos possui.

Ele nos controla como fantoches, nos faz esquecer quem realmente somos e quem poderíamos ser um dia. São as vozes das nossas cabeças, que nos fazem tomar decisões ruins e destruir não só todos ao nosso redor, mas nós mesmos e, antes que percebamos, não estamos mais em controle de nosso corpo e somos apenas telespectadores assistindo, o que um dia foi nossa alma, ser destruída.

Em consequência do poder, me sinto aprisionada.

Aprisionada em um reino que, mesmo que esteja se expandindo em questões territoriais, parece encolher cada vez mais com o tempo, e que nos fará cair em um buraco negro apenas por pensar em fugir.

— Vossa alteza! —  Ember Hellweg aparece no meu campo de visão, tirando-me de onde quer que eu estava.

Ember e eu nos conhecemos há uns três anos, mora perto do castelo com sua irmã mais velha, Wren, a qual eu vi dando em cima do embaixador de Storm-Gale. Eu não a considero uma amiga, não a odeio, mas consegue ser bem irritante quando quer. Ember mora em uma casa perto do castelo e é bem próxima de um dos meus irmãos, Oakley, o qual eu não tenho notícia há dias, desde que foi para Elaxee resolver uns problemas territoriais com a minha mãe, a rainha.

— Oi Ember— avisto Garnet, meu outro irmão, conversando com Lixue Jasper. Alguém que eu não faço a mínima ideia de quem seja, só sei o seu nome pois vi alguém falar esse nome, ela olhar para trás e acenar na direção da voz.

Aparenta ser da idade de Crystin, meu irmão mais velho de trinta e cinco anos, ou talvez menos.

— Com licença — peço, ao perceber que Ember estava falando comigo e não escutei nada que ela falou. Ando rapidamente na direção de Garnet, antes que eu perca a coragem de falar o que preciso.

Sinto alguém pisar no meu pé, o que me faz tomar um susto e olhar ao redor. Nada.

Balanço a cabeça e volto a andar na direção onde Garnet estava, mas noto que ele não está mais lá. Ponho as mãos no quadris e bufo, sem paciência para tentar encontra-lo no meio dessa multidão.
Vou até uma mesa próxima e pego uma taça com um líquido avermelhado, que imagino ser morango.

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