II

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Nunca se afaste de seus sonhos. Porque se eles forem, você continuara vivendo, mas terá deixado de existir. — Mark Twain

Atualmente, 1 de janeiro de 5325 (dia na terra)

Crystal

— Se não estiver lá, o que faremos? — Frostine murmura, sua voz tão baixa que mal consigo escuta-la. Nós saímos do castelo e fomos até a floresta, um lugar extremamente grande, no qual é possível escutar barulhos de animais se movendo e o som de folhas colidindo umas com as outras. O clima está quente, os flocos de neve que caem em meus ombros são muito pequenos para serem agradáveis.

Começo a arregaçar as mangas da minha capa, sentindo o suor pingar em minha testa, não sei se é de fato o calor ou se é apenas nervosismo.

— Se ela não estiver lá, falaremos com Bia.— respondo Frostine e em seguida estico a perna para passar por cima de um tronco de árvore caído.

Mesmo que minha prima more em Storm-Gale, sua casa fica perto da fronteira, ou seja, não está muito longe de nós agora e pode estar nos observando nesse exato momento, já que os seus poderes a permitem fazer coisas fora da minha compreensão. Poderes que, se forem parar em mãos erradas, temo que acabarão com a vida de muitos inocentes.

O rio está completamente congelado e as quatro pedras cobertas de neve. Cuidadosamente, ando em cima dele. Frostine sai do meu bolso e voa envolta de uma da pedras, franzindo a testa para uma delas.

— Essa pedra tem menos neve. — observa, fazendo-me aproximar.

Frostine está certa, a segunda pedra tem bem menos neve que as outras, como se a neve tivesse recentemente sido removida dela. Estico os braços para afastar a neve com as duas mãos, contudo, sinto um formigamento no corpo, me fazendo afastá-las abruptamente. Vejo que a pedra começou a brilhar,  não só ela como todas as quatro, como se fossem conectadas por um fio invisível. O que...?

— Como isso é possível?— pergunto — já viemos aqui várias vezes e isso nunca aconteceu.

Frostine não responde, em vez disso, se aproxima da pedra, mas algo a empurra para trás.

— Tem algo dentro da pedra.— diz — Algo que a pedra não quer que a gente tire.

Fazemos contato visual, sabendo exatamente do que se trata.

Respiro fundo e entrelaço os dedos das minhas mãos.

—Crystal...— Frostine tenta me alertar, mas sabe que não vai adiantar de nada então nem continua a frase.
Sinto meus batimentos cardíacos acelerarem, a dor em minha cabeça aumentar e meu corpo inteiro começar a esfriar. Minhas mãos tremem e a tentativa de usar meus poderes falha. Frostine voa em minha direção, senta-se em meu ombro e encosta a cabeça na minha.

Sempre tento achar uma brecha para tentar usar meus poderes, mesmo que nunca dê certo, não custa nada tentar, não consigo fazer nada além de pequenos flocos de neve.

— Como vamos tira-la dali? — Frostine questiona — Obviamente, não temos como fazer fogo para derreter.

Tento pensar em alguma ideia mas falho, não tenho força o suficiente para quebrar o gelo, até porque não sei a profundidade do rio congelado e possa ser que demore horas até quebrar tudo, já que ele pode estar completamente congelado.

Ergo as duas mãos e toco o rio, tentando fazer com que meus poderes me ajudem de alguma forma, mas não tenho sucesso. Não somos treinados para usarmos nossos poderes, não ensinam nem como controlá-los para quando for preciso, porque nunca será preciso.

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