II.

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Quando eu acordei, Dina não estava mais lá. O berço de JJ também estava vazio.

Ver o quarto vazio me fez perceber o quão triste era sua atmosfera, e observar as paredes brancas com prateleiras vazias causou uma grande angústia em meu peito.

Eu me levantei e senti meus joelhos fraquejarem, como se não suportassem mais o peso do meu corpo. Eu ainda estava fraca, mas andei pela casa a procura de Dina. Apenas encontrei alguém no primeiro andar, na cozinha.

A mãe de Jesse, Robin, estava preparando café da manhã com JJ dormindo em seus braços. Ela logo notou minha presença, e acenou para mim. Parecia ocupada demais com o fogão, mas minha curiosidade sobre o paradeiro de Dina era maior.

– Com licença... – Eu sussurrei, andando até ela hesitantemente. Ela sorriu gentilmente.

– Que bom que está aqui, querida. Você pode pegar esse garotão por um momento? Estou com medo de queimá-lo, não tenho mais tanto jeito com criança... – Ela questionou, e eu o segurei hesitantemente.

JJ estava dormindo, e tê-lo em meus braços após tanto tempo era indescritível, me trazia paz. Era como se eu não sentisse aquilo há séculos. Eu acariciei sua pele macia e o vi suspirando, em um sono profundo. Sorri com essa visão.

– Por que você não me acordou para ficar de olho nele? – Questionei, olhando para a mulher em minha frente.

– Oh, a Dina pediu para que eu te deixasse descansar. Você fez uma longa viagem, não é?

A simples menção do nome dela foi capaz de me desestabilizar novamente.

– Você sabe pra onde ela foi? – Eu questionei hesitantemente, e ela sorriu gentilmente, como se quisesse me tranquilizar.

– Sei, sim.

                            ·  ·  ·  ·  ·  ·  ·  ·

Jackson não havia mudado nada.

Enquanto eu andava pela cidade, fiquei grata pelas pessoas não me estranharem – ou, pelo menos, não demonstrarem isso. Todos já sabiam sobre tudo que havia ocorrido porque, quando cheguei em Jackson, passei muitos dias na enfermaria. Ninguém – alem de Tommy –, teve a coragem de me perguntar, com detalhes, o que havia acontecido.

A propósito, Tommy teve uma reação melhor do que o esperado. Acho que ele teve tempo para pensar sobre tudo e pôde entender meus motivos ou, talvez, ele apenas estivesse com pena ao ver as condições nas quais eu estava.

Não importava, no fim.

Eu encontrei Dina em um pequeno parquinho onde, uma vez, tivemos uma pequena briga de bola de neves com algumas crianças. Ela estava sentada em um balanço, e, quando me viu, não esboçou reação. Eu me aproximei lentamente, de repente me sentindo envergonhada. Por que eu estava lá, afinal de contas? Eu a procurei por instinto.

– Posso sentar aqui? – Perguntei com a voz falha, quase como um sussurro. Ela assentiu, me dando um pequeno sorriso, mas logo desviando o olhar novamente.

Eu me sentei e fiquei calada, observando a paisagem. Era manhã, mas já haviam muitas nuvens no céu.

Nós ficamos alguns minutos em silêncio, até que Dina o quebrou quando me viu bocejando:

– Você dormiu bem?

– Sim, e você?

– Ah, na medida do possível. Sabe como é, uma mãe nunca dorme perfeitamente, né?

Eu fiquei calada, me lembrando de como, em nossa fazenda, eu costumava revezar com ela as noites que passaríamos com o JJ. Nós dividiamos todo o trabalho.

Tenho certeza que os pais de Jesse a ajudavam, mas também sabia que Dina não os deixariam ajudá-la como eu.

– Desculpa ter te deixado sozinha...

– Tudo bem.

– Não está tudo bem, eu não aguento mais escutar isso.

– Ellie, você não precisa...

– Dina. – Eu a interrompi antes que ela continuasse e girei meu balanço para ficar virada em sua direção. Ela fez o mesmo, e agora mantinha contato visual comigo. – Não podemos fugir dessa conversa, você sabe disso.

– Eu não sei se estou pronta pra escutar o que aconteceu, Ellie... Você pode esperar ao menos mais alguns dias, por favor?

Dina estava machucada, eu pude perceber aquilo pelo seu tom de voz. Mesmo que meu peito gritasse para que eu continuasse a falar, eu respeitei seu pedido e me calei. Ela agradeceu em um sussurro e se virou para continuar olhando a rua, onde surgiam mais pessoas lentamente.

– Se você quiser eu posso te deixar sozinha... – Eu sussurrei tristemente e senti a mão dela segurar a minha de repente.

Ela não se virou para me olhar, mas disse, num tom que apenas eu poderia escutar, seu único pedido:

– Não vai.

Então, eu fiquei.

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⏰ Última atualização: Jan 05, 2021 ⏰

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stay | ellie x dina.Onde histórias criam vida. Descubra agora