Abro os olhos e sinto um vazio imenso. Aonde eu estou? Não me lembro... minha cabeça dói quando toco nela e me levanto do chão rápido demais, o que me causa uma leve tontura.
— Olá, bem vinda ao labirinto. — Uma moça baixinha com olhos grandes me encara.
— Labirinto?
— Isso mesmo. Eu sei que pode parecer um pouco confuso agora Louise, mas, logo, logo, você irá entender. Nós precisamos da sua ajuda!
— Nós quem? Você está ficando louca? Me leve de volta pra casa! E... peraí, como você sabe o meu nome? — A mulher sorri.
— Eu te entendo querida. Mas preciso que você confie em mim, se eu te contar um pouco sobre minha história, você irá se sentir mais à vontade? — Apenas arqueio a sobrancelha e permaneço em silêncio. - Muito bem, vamos andando, já estamos atrasadas!
Me pergunto se acidentalmente eu vim parar em uma espécie de Alice no País das Maravilhas, estamos indo aonde? Tomar chá com o chapeleiro maluco? E eu sei, eu não deveria estar seguindo-a, mas tudo o que vejo ao meu redor são corredores verdes. Então, ficar sozinha entre eles, definitivamente não é a melhor opção. E é claro que ficar acompanhada de uma estranha também não, mas fazer o que? Ela conseguiu minha atenção e além disso, tem uma adaga pendurada na cintura...
— Eu me chamo Lídia Valentine, sou uma das guardiãs do portal. Aqui informações pessoais não importam muito, apenas sobrenomes, uma vez que a sua profissão já revela grande parte da sua identidade, então, agora você sabe quase tudo sobre mim. Assim como eu sei de você. — Ela olha brevemente para trás, tentando captar a minha reação à tudo isso. Franzo as sobrancelhas ainda desacreditada.
— Certo, Lídia... para onde estamos indo?
— Ah querida! Você é tão ansiosa, espere um pouco e verá. — Depois dessa o silêncio volta a invadir o espaço entre nós, é um silêncio desconfortável, mas a mulher não parece se importar.
Andamos por caminhos estreitos e pequenos, sem dúvidas não os melhores pra alguém com claustrofobia, felizmente, este não é o meu caso, e por um momento, me sinto muito grata por isso. Mesmo que todo o resto esteja dando errado, tenho algo bom ao qual me agarrar.
Depois de passarmos por mais corredores do labirinto, finalmente chegamos a um lugar onde posso respirar direito. Logo a nossa frente há uma porta e meu primeiro instinto é agarrrar a maçaneta. Péssima ideia. Repito, péssima ideia.
— CARAMBA! - Grito e logo depois gemo com a dor. Minha mão está ardendo e vermelha. O que era aquilo e por que queimava tanto??
— Você definitivamente deveria aprender a esperar. — Lídia diz calmamente, como se se queimar na maçaneta de uma porta escondida no fim de um enorme labirinto, com pessoas estranhas, acontecesse todos os dias. Ela aperta em uma pérola na pulseira de ouro que envolve seu pulso (algo que eu só notei agora), e então abre a porta, da mesma maneira que eu havia feito antes, porém Lídia não se queima.
— O que é is...? - Interrompo minha pergunta assim que me deparo com o novo cenário: uma grande floresta cheia de plantas dos mais variados tipos, um lago pode ser visto bem ao fundo, e escuto o canto de alguns passarinhos. — Que lugar é esse?
— Esse? — Ela sorri. — Bem vinda a Eiland.
— Eiland... — Repito em um sussuro, esse nome me soa familiar. Quase como uma lembrança intocável, no entanto, muitissímo presente. Um zumbido invade meus ouvidos e posso sentir meu cérebro se partindo ao meio. — AAAAAAAAAA, droga! Que merda é essa? — Tapo minha cabeça com as mãos e escorrego até ficar de joelhos no chão, como se aquilo fosse fazer o barulho ficar mais suportável. Não faz.
— Não tente se lembrar de nada além do seu nome. É perigoso. — A voz de Lídia soa distante, mas ainda posso escutá-la. Aos poucos o zumbido vai sumindo e no lugar dele alívio preenche cada espaço do meu corpo. Me permito olhar para cima e respirar profundamente.
— Eu gritaria com você se isso não parecesse tão doloroso agora. — Ela suspira revirando os olhos e então me ajuda a levantar.
— Vamos, falta pouco.
Paramos assim que chegamos a uma casa, que por acaso, está bem camuflada na floresta. Há uma cerca viva envolvendo suas paredes, e se não estivéssemos perto o suficiente, eu nunca a teria notado. Por algum motivo, acho que esse é exatamente o objetivo: camuflagem. Não que quem lá seja que more aí não reconheça cortador de grama, ou qualquer oura coisa que ajude a limpar isso.
— Certo, quando entrar tente não fazer muito alarde, tá bom?
— Francamente, me poupe das suas lições de educação quando a senhorita sequer me avisou que eu iria queimar minha mão apenas por tocar em um maçaneta, ou que a minha cabeça poderia explodir caso eu tentasse me lembrar de algo, ou que eu acordaria em um labirinto no meio do nada e iria parar em um tal de Eiland!
— Ah querida... — Lídia suspira, parece meio triste, e então, disposta a ceder, entra na casa.
A primeira visão que eu tenho é de um cara acertando um punhado de facas em alguns alvos, uma garota comendo em uma espécie de tigela, e um outro homem saindo de uma porta com uma toalha em mãos. Este seca seu cabelo negro e olha diretamente para mim.
— Nossa salvação ou perdição. — São as primeiras palavras da menina para mim. — Sou Lauren. — Ela caminha até onde estou e me estende a mão. Não a pego. Lauren sorri. — Garota esperta, não confie em ninguém. — A última coisa que enxergo é o chão, e ele parece perigosamente perto.
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Eiland
Fiction généraleLouise acorda em um labirinto no meio do nada, sem se lembrar de quem foi ou é, nada além de seu nome. Mais tarde ela descobre que está presa em um jogo de realidade virtual. Ela e mais quatro jovens enfrentando a mesma situação, precisam termina...