PROVAS 2

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S/N

Na primeira semana foi bem fácil aturar Louis, eu tentava sair o mais cedo possível da casa dele e as vezes inventava desculpas para não ir, mas ele vinha até minha casa. Conheceu minha família e eles não param de me encher com isso. Mesmo comigo falando mil vezes que ele apenas pediu minha ajuda e eu estou fazendo por gentileza.

Na segunda semana o Louis parecia mais calmo, parecia estar mais concentrado. Foi aí que eu comecei a achar que ele realmente queria boas notas e não só para não correr o risco de sair do time.

Nos últimos dias antes das provas se iniciarem, ele me agradeceu de forma si e era e me presenteou, e apesar de ter gostado, foi bem confuso para mim..

•••

— Fico feliz que estamos sendo um pouco mais amigáveis um com o outro. — Falo de forma sincera.

— Tirando o fato de que você ainda tem medo de ficar perto de mim, está tranquilo.

— E-eu? Com medo de você? De onde você tirou isso? — Me faço de maluca.

— Até parece que eu não percebo, as desculpas que você inventa não são muito boas. — Abro a boca para protestar, mas a indignação não permite, e ele toma meu local de fala. — Ontem você disse que tinha que fazer a unha.

— Ué, e eu fui.

— Então, por que sua unha não tá feita? — Ele aponta para minha mão, e eu olho. Vendo que nem podia mentir quando meus dedos estavam acabados, as unhas cheias de cutilas e o esmalte descascando.

— Ah, mas..

— Não sou um monstro, S/n. Eu sou chato, mas não tanto. Não precisa ficar com medo, seja lá do que for.

Suspiro. Ele mal sabia porque eu sempre queria ir embora cedo.

•••

— Oi, querida! — Ouço a voz da mãe de Louis. A mulher era simplesmente a mulher mais simpática do mundo, e me tratava super bem, nem parecia mãe daquele babaca.

— Olá, Senhora Partridge! — Sorrio para ela.

— Tudo certo aí? Querem alguma coisa? — Ela pergunta educadamente e Louis nega com a cabeça.

— Você quer, S/n?

— Não, eu estou bem, obrigada.

— Certo. Qualquer coisa, avisem. E filho, você pensou sobre o que te falei? — Ela pergunta a Louis, sorrindo delicadamente. Louis fica nervoso.

— Mãe! — Ele fala entredentes, a repreendendo. Eu fico curiosa sobre o que estavam falando, mas não me meto até que sua mãe diz;

— O que?! Só estou perguntando. — Ela levanta os braços em rendimento. — Mas você sabe que estou certa. O que você acha, S/n, que alguém deve fazer quando quer muito alguma coisa e tem medo de arriscar e acabar se decepcionando, por isso perde a chance de tentar e vive sofrendo por isso?

— Eu.. bem, eu acho que a pessoa deve pensar em todas as possibilidades antes de tentar, e também se preparar para um resultado que não seja esperado, mas ao mesmo tempo, acho que não se pode deixar de arriscar, melhor se arrepender do que viver pensando "e se.." o tempo todo. — Opino e fico nervosa quando noto Louis me olhando de maneira diferente. Quando ele bota que percebi, afasta o olhar pigarreando.

— Exatamente! Penso exatamente igual. Mas o Louis não quer me escutar, eu já o aconselhei de diversas maneiras, mas nada funciona para ele. E depois ele vem chorar no ouvido de quem? No meu, claro. Não que eu esteja reclamando, não tenho problema em acalmar o meu bebê nessas situações, mas eu não gosto de o ver sofrendo, sabe? — Ela da seu belo discurso de mãe e Louis parece querer se enfiar em um buraco. Eu assinto, achando a coisa mais fofa. — Você deve saber como homens são, sempre fechados, não gostam de chorar e nem nada do tipo, mas se você poder, querida, já que vocês estão próximos, ajuda ele a tentar resolver essa situação, por favor. Tenho certeza que ele confia em você para se abrir. — Ela me pede. Eu fico meio sem jeito, mas digo que sim.

— Tudo bem, mãe, já entendemos. Pode deixar a gente estudar, por favor? — Louis impede ela de falar mais, e só então percebo suas bochechas vermelhas de vergonha. Uma fofura.

— Tá bom, eu vou, mas não esquece o que eu falei, mocinho. — Ela beija os cabelos dele e vem até mim. — Tchau, querida, venha mais vezes aqui! — Diz me abraçando e eu sorrio.

— Pode deixar. — Minto e ela se despede, saindo em seguida e nos deixando naquele clima meio constrangedor, para Louis era estranho porque ele acabou de ser explanado pela própria mãe, e para mim por ter recebido tantas informações e não saber o que fazer com elas.

•••

—Professor, terminei! — chamei a atenção da sala toda e entreguei a minha prova, antes de sair da sala tensa e silenciosa.

Era um dia de chuva intensa e só percebi que Louis foi o primeiro a acabar a prova quando o avistei perto da sala de música. Eu passo por ele e decido falar alguma coisa.

— Pelo visto você estava dominando o conteúdo dessa prova. — Chamo sua atenção. Ele sorri ao me ver.

— E tudo graças a você.

— Bem, confesso que suas "aulas" me ajudaram também. Foi tipo um estudo em dupla, os dois se deram bem. — Sorrio, feliz pela nossa conquista, e quando penso que Louis fará o mesmo, ele desmancha o sorriso e fica meio pensativo.

— Na verdade, não.

— O que?

— Eu não me dei bem. Eu achei que o time fosse minha prioridade dentro dessa escola, e o motivo para eu querer melhorar minhas notas, mas só me aproximando de você que eu percebi que o ímã que me atraia até você não era pelo ódio que a gente sentia, e sim pela paixão que eu sempre senti por ti, pela forma como meu coração batia de amor e não de raiva quando eu te via, por eu sempre relembrar nossos momentos juntos antes de dormir e sorrir involuntariamente por isso e por esperar ansiosa por algum momento com você no meu dia, mesmo que fosse com uma troca de xingamentos ou caretas. Lembra do conselho que minha mãe pediu que você me desse? Não quero conselho seu, a única coisa que eu quero sua, é o seu coração, eu posso ter isso?

Entro em estado de choque por um momento, a reação possível paralisar e ouvir suas palavras me atingirem como flechas, meu coração acelerando a cada frase. Lembro de tudo como um filme, Com a ajuda do tempo eu aprendi a gostar dele apesar de nossas diferenças, quis querer estar em seus braços todos os dias e noites, dizer eu te amo, abraça-lo nas noites de chuva, assistir filmes nostálgicos e ter a chance de conhecê-lo por completo, o seu verdadeiro eu. Meu grande orgulho não gostava de admitir as coisas tão rápido, mas com ele eu me sentia livre, e eu não podia perder a chance de viver esse grande amor.

— Louis.. — Comecei baixinho. — Acho que a adrenalina da nossa relação sempre foi o motivo de eu o querer tanto. Sabe por que eu sempre saia cedo da sua casa e inventava desculpas para ir embora? Porque eu tinha medo de me apaixonar cada vez mais por você a ponto de não conseguir mudar isso, e eu falhei nessa missão, porque eu tentei me manter realista, sem criar expectativas, sem fugir da realidade, busquei um pessoa nova, que me tratasse sempre de forma diferente de você, mas pelo visto eu não posso viver sem suas implicâncias, seus apelidos irritantes, seu jeito convencido e suas caretas feias. Gosto de você, gosto do jeito que nos tratamos, e de quem podemos ser quando estamos juntos. E não quero outro alguém, quero você.

Ele escuta cada palavra, sua falta de expectativa se tornando alegria por ter sentimentos retribuídos e não esperamos muito para nos beijarmos, dando início a nossa história de amor.

𝙸𝚖𝚊𝚐𝚒𝚗𝚎𝚜 ☆ 𝙻.𝙿Onde histórias criam vida. Descubra agora