Onde S/n ajuda o garoto popular a tirar notas boas
S/N
Suspiro, agoniada com o silêncio descomunal da biblioteca em plena manhã de segunda-feira.
Balanço o pé freneticamente na tentativa de suprir um pouco do sentimento de ansiedade que o menino a minha frente trazia.
Louis - o babaca a minha frente - e eu sempre estivemos em uma espécie de guerra fria. Não nos damos bem, quando trombamos no corredor o coração palpita de tanto ódio, mas mesmo assim fingimos não conhecer um ao outro, e quando temos alguma obrigação a fazer juntos, só agimos com profissionalismo, mesmo que em alguns momentos, paramos para nos xingar um pouco.
— Vai passar a tarde inteira aqui, garota? — Ele direciona suas palavras a mim com desdém. Eu o ignoro por dois motivos: Não queria ser expulsa da biblioteca, seu tom me deu tanta raiva que prefiro ignorar.
Finjo máxima concentração na leitura quando noto que os olhos do garoto não paravam de me encarar, me causando desconforto.
Alguns segundos se passam e escuto seu suspiro cansado, finalmente vendo pela visão periférica quando ele afasta o olhar de mim e passa a olhar seu livro.
Quando noto sua distração, levanto a cabeça discretamente para verificar se ele realmente não estava mais me olhando, mas antes que pudesse afastar o olhar, ele levanta a cabeça e me encara de volta, como se tivesse me pegado no flagra.
Ficamos em uma pequena guerra de olhares, bastava o conhecer para saber que estava competindo quem aguentaria mais tempo sem piscar. Eu cruzo os braços, com os olhos bem atentos.
— Por acaso você comprou a biblioteca para me expulsar assim? Você deveria saber que eu conheço todos os seus segredinhos obscuros, inclusive o que você faz quando mata aula aqui na biblioteca, e se você fizer qualquer coisa que me prejudique, eu não vou ficar calada. — Falo entredentes, mantendo os olhos bem abertos, vejo o exato momento que seus olhos começam a lacrimejar em agonia.
Pisca, pisca, pisca. Torci mentalmente, criando mais adrelina no meu peito, fazendo meu coração bater mais rápido, meus olhos tremerem um pouco, e meus dedos apertarem a mesa, mas ainda sim consigo notar quando Louis não resiste e pisca de forma rápida e involuntária.
— PISCOU! — Aponto sem perceber meu escândalo até que meu grito ecoa pela sala silenciosa, fazendo todas, inclusive eu mesma pular de susto. Olho assombrada para os lados em um imenso pedido de desculpas, e felizmente todos voltam para suas respectivas leituras sem me mandar sair do lugar.
Vejo o rosto derrotado de Louis quando vira a cara. Ele me olha algumas vezes com certa dúvida, mas desvia negando com a cabeça em seguida.
— O que você quer, babaca? Tá me olhando com cara de cachorro pidão. — Não deixo passar sua expressão que me deixou confusa.
— Eu..
— Desembucha, garoto! Eu não tenho o dia todo.
— Eu ia te pedir uma coisa, mas deixa para lá. — Ele diz de uma vez e me deixa mais confusa ainda.
— Você? Me pedir algo? — Arqueio a sobrancelha. — Que plano maligno é esse? Vai me ameaçar para que eu mude de escola? De país?
Louis revira os olhos.