5- Dormindo com lobos

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Não soube onde me enterrar com a pergunta da garotinha mas fofa que já vi, por isso inventei uma desculpa qualquer para as pessoas que se encontravam na cozinha e sair de lá o mais rápido que pude, voltando para camionete antiga que aluguei em Inverness, sem olhar pra trás, sem olhar para ele, eu não sou culpada, tá bom!? Só não sei como agir sendo quase pega em flagra me agarrando na cozinha com um quase desconhecido, nunca fiz isso, nunca nem me agarrei com ninguém assim, entrei meio que em tupor, e só agora que estou a alguns quilômetros de distancia que conseguir pensar com clareza.

- Merda! Merda!

Bato no volante fazendo com que a buzina soe alta me dando um susto, não é a primeira vez que faço isso, não devia dirigir nervosa, só agora percebo o que ele vai achar, que me arrependo de ter o beijado, vai pensar que fugir dele, não está completando errado, mas concerteza não é do modo que ele deve tá pensando.

No caminho decido deixar essa assunto quieto por enquanto, tenho um trabalho a fazer, isso  não significa que desistir do ogro, não mesmo, mas tenho que focar na pesquisa, tenho tanto há fazer,  começar certamente é a parte mais difícil.

                              ***

Uma semana depois

Não vi  Logan durante essa semana, usei meu tempo para arrumar tudo que precisava, aluguei uma pequena cabana na saída de Inverness, é mais perto para ir até a floresta do Alistair, também espalhei câmeras por toda área preservada, durando esse tempo cataloguei algumas rotas e pude medir mais ou menos o tamanho e a quantidade de lobos da região, são realmente grandes e andam em bandos as chamadas alcatéias, está indo tudo bem, mas não conseguir capturar muito pelas câmeras, então estou reposicionando todas para conseguir alguma coisa, agora falta pouco, a última fica quase no limite das terras e é bem afastada.

- Ah... Aí está você.

Pego a pequena câmera que está piscando uma luz vermelha indicando que ainda grava, ela se encontrava no meio de um arbusto grande com vários galhos que espetam, quando tiro de lá penso em colocar um pouco mais perto da trilha, assim será mais fácil capturar as imagens que quero, vejo uma grande árvore de carvalho, ela era perfeita, olhando em sua copa imponente e cheia, vejo que é bem antiga, a câmera ficaria perfeita no tronco, ia pegar a trilha e também áreas mais afastadas, como não vi ela antes? As suas raízes de tão velhas estão saindo para fora, fazendo com que um grande monte se formasse, elevando a árvore a uns bons centímetros, mas como sou persistente descido ir mesmo assim, para não levar peso deixo minha mochila na trilha, levando somente a câmera e começo a escalar o monte subindo onde vai ficando cada vez mais ingrime, quando sinto que vou chegar ao tronco, um buraco se abre em baixo de mim, quantas vezes desejei esse buraco? Que hora inoportuna! Antes mesmo que completar meus pensamentos já colidi com um chão fofo, pelo menos não me machuquei, olho em volta e percebo que é bem escuro.

- Droga não trouxe minha mochila!

O que eu faço agora? as paredes pelo que consigo ver são fechadas formando uma espécie de Iglu ou oca, que não tem porta, a única luz que entra é do buraco por onde entrei.

- o importante é manter a calma.

Já estive em situações perigosas, andar pela selva e florestas dessas acaba preparando a gente para todo tipo de situação e ficar presa em cavernas também foi uma situação a qual fui treinada, o que tenho que fazer é ficar calma, e esperar ajuda, uma hora alguém vai notar, mas quem? Eu não moro com ninguém, não trabalho com ninguém, nem tenho parentes... Esses pensamentos não estão ajudando a manter a calma.
O que posso fazer? Me encolher em um canto, esperando milhagre divino?

Essa não sou eu!

Então unindo toda a minha coragem, observo a minha oca de raízes expressas, folhas e pedras, em alguns pontos parece que foi feita propositalmente, mas sei que não, é uma formação natural, que deve ter levado algumas décadas para se formar, se tivesse pelo menos meu facão...

Vejo um canto onde as raízes parecem ser mais espaçadas, e com as mãos, puxo desesperada usando toda força que tenho, algumas são especialmente resistêntes, e outras contém espinhos grossos que cravam nas minhas mãos, furando e rasgando a pele, no entanto, a essa altura do dia, onde o sol começou a dar lugar ao sereno indicando o fim, o fim para mim, eu sei que estou suada e fazendo barulho, eu não estou preparada para passar uma noite ao relento, com uma floresta cheia de lobos selvagens, para observar pessoalmente e pernoitar eu teria que ter pelo menos um mês de preparação, montar um acampamento, uma guarita, preparar toda a segurança, e isso não tenho aqui, e pior eu estou PRESA! E vou ser uma presa para lobos de não der um jeito.

Quando a Luz some do buraco em que entrei, fica impossível continuar com a escavação, por conta da escuridão absoluta, então desisto por enquanto, ponho minha cabeça para pensar, decido que o melhor a se fazer e mascarar meu cheiro e ficar em completo silêncio durante a noite toda, me aproveito das folhas e terra, cavo um buraco raso parecido com uma cova, e me jogo lá, me cobrindo do pescoço aos pés, não sei se vai funcionar, mas se não fosse ateu eu ia começar a rezar.

Minutos e mais minutos se passaram.
Meus olhos estão começando a pensar em sono e cansaço, e quando escuto um uivo que me desperta, o som vem de perto, e pela primeira vez em muito tempo sinto pavor,  não quero morrer sendo comida por um lobo, no meio da floresta, eu sem ninguém, sem nunca ter se quer ter feito pelo menos metade do que queria fazer, e o pior... Virgem!
Não, não posso terminar assim!

Silêncio...

Não ouço mais nada.

Logan- Os escoceses- IIOnde histórias criam vida. Descubra agora