segunda parte

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Chegam ao hospital em pouco tempo e o resto da estação já estava lá. A bombeira entra com Melinda ainda adormecida em seu colo, e seus olhos procuram por um alguém muito específico.

- Bella! - Carina exclama, ao ver sua noiva entrando no hospital. - Como você está?

- Estou bem meu amor... - diz enquanto Carina planta um beijo em sua têmpora. - Ei, estou cheia de fuligem!

- Não é como se eu nunca tenha feito isso Maya - Carina diz com uma risada - Quem é essa?

- Melinda, uma das vítimas do incidente. Ela agarrou em mim feito pulga e não quis mais soltar. - a loira responde, rindo e aconchegando a menina melhor em seus braços.

Carina admira a cena, e sua mente voa longe. A obstetra nunca sonhou em ter filhos, mas ver Maya ali segurando aquela garotinha de uma forma tão maternal acendeu algo nela.

- Carina? - Maya chama um pouco mais alto, resgatando a noiva de seus pensamentos.

- Desculpe. Não dormi bem essa noite e estou bem distraída. O plantão foi duro.

- Tudo bem amor. Você pode chamar o Dr. Karev para dar uma olhadinha em Melinda por mim? Vou deixá-la com uma enfermeira e ir procurar a mulher por quem ela chamava quando a encontrei, e depois vou fazer meus exames.

- Bipe o Dr. Karev por gentileza - Carina pede a um dos internos que passava por ali. - Você precisa voltar pra lá? Meu plantão está quase acabando, podemos ir juntas pra casa se você puder me esperar.

- Não preciso voltar, a cena era de outra estação, nos só fomos para auxiliar. Será perfeito voltar com você. - Maya sorri graciosamente.

- Então está combinado. Tenho mais duas consultas e se nenhum imprevisto surgir eu saio daqui uma hora e meia. - Carina diz e depois da um selinho na bombeira. - Ti amo molto bella.

- Também te amo Beautiful. - Maya replica, pois mesmo sem saber falar italiano já conhecia aquelas palavras muito bem.

Deixa Melinda num leito indicado pela enfermeira, se certificando que a garotinha não acordasse. Encontra Becca rapidamente, já que haviam poucas pessoas aguardando para serem consultadas.
Conversa um pouco com a mulher, uma senhora de pouco mais de 60 anos, e descobre que seu nome na verdade é Rebecca, e que ela também era moradora do abrigo. Ajudava a cuidar das crianças e adolescentes pois haviam poucos cuidadores ali.

- Melinda é a criança mais doce que já conheci. Ela tem 5 anos, mas já é mais inteligente que eu. - diz, sem tirar um sorriso dos lábios. - Ela está no abrigo desde que nasceu, sua mãe era moradora de lá e morreu durante o parto.

- Quando eu a encontrei, ela me perguntou se eu era mãe dela e se havia ido buscá-la. Disse que você falou que a mamãe dela a buscaria um dia. - Maya diz, curiosa.

- Ela sempre me pergunta sobre a mãe, e eu não tenho coragem de dizer que ela morreu. Eu sempre digo que um dia ela irá busca-la, e peço para que todos no abrigo façam o mesmo. Sei que talvez não seja o certo, mas não conseguiria encarar aqueles olhinhos e dizer uma coisa assim.

- Entendo, você fez o que era melhor pra ela. - Maya aperta o ombro da mulher de uma maneira carinhosa. - Nós somos parecidas, acho que por isso ela fez essa associação.

- Ai, essa menina! Aposto que grudou em você feito pulga! - Becca diz e Maya sorri, afirmando com a cabeça. - Isso é a cara dela!

As duas mulheres conversam mais um pouco, e Becca conta algumas histórias de Melinda, deixando Maya cada vez mais encantada com a pequena. Se separam com um abraço e com a promessa da bombeira de que vai encontrar as duas antes deixar o do hospital.
Maya faz seus exames e depois de se certificar que está tudo nos conformes sai à procura de Carina. Chega a sala de sua noiva e vê a porta entreaberta.
Espia pela fresta e vê a mulher se movimentando de um lado para o outro, arrumando sua coisas para sair.

- Ei Beautiful! - Maya diz, e Carina se assusta.

- Meu Deus Bella, assim você me mata. - Carina diz colocando a mão sob o peito - Eu tava toda distraída aqui arrumando minhas coisas para irmos. O que deram os exames?

- Nada como sempre beautiful, já disse que você não precisa se preocupar. - a loira rebate, beijando os lábios da noiva com vontade.

- Isso tudo é saudade? - Carina diz, sorrindo.

- Você nem imagina. - a bombeira da um beijinho no nariz da médica. - Vamos? Ainda quero passar na emergência para ver Melinda....

- Vamos. Aquela garotinha mexeu mesmo com você, hm?

- Sim, ela é um docinho. Foi uma das primeiras crianças que ficou sob meus cuidados e não se esgoelou por algo que eu fiz ou disse - e Carina gargalha ao ouvir isso. - Sempre fui muito sem jeito com crianças, mas Melinda foi incrível.

Quando se aproximam da emergência escutam um choro doído e estridente. Maya logo reconhece a voz de Melinda, e vê a menina sendo consolada por Becca, que carregava um fisionomia triste no rosto.

- A MAMÃE ME DEIXOU??! - ela diz, numa voz sofrida. Becca responde algo baixo, que nenhuma das duas mulheres conseguem ouvir devido à distância.

Maya conduz Carina até onde as duas estavam, e assim Melinda vê a loira ela pula em seus braços.

- MAMÃE! - a menina agarra a bombeira com força, e Carina olha confusa para a cena.

- Mel, eu já disse que Maya não é sua mãe. É apenas uma bombeira muito legal que te ajudou.

- Mas... mas... ela é igual a mim! - a menina olha para Maya e faz um bico enorme, ameaçado chorar de novo. - Você é minha mamãe, não é?

Maya fica sem saber o que fazer. Ela sempre tem uma resposta na ponta da língua pra absolutamente tudo, mas ali, vendo aquela menininha tão frágil e desamparada ela não soube como agir.
Olha para Carina pedindo socorro, e a obstetra toma frente da situação.

- Ei, vem cá. - Carina pega a menina do colo de Maya, mesmo sobre os protestos da garotinha. - O que acha de passar a noite comigo e com Maya? Se a tia Becca deixar, claro.

A pequena migra seus olhos para Rebecca, e olha para a mulher esperançosa.

- Bom, o doutor falou que está tudo bem e que você não vai precisar ficar aqui, e como a noite será uma loucura pois seremos realocadas de abrigo, acho que não faz mal. Vou conversar com Amanda para confirmar se tudo bem você ir com elas.

Amanda era uma das coordenadora do abrigo, mais especificamente da parte infantil, e supervisionava as cerca de 20 crianças que viviam ali.

- EBA! - Melinda diz, fazendo uma dancinha infantil que fazem todas gargalharem.

- Vou perguntar a Teddy se ela pode me emprestar algumas coisinhas de Alisson, já que elas regulam idade... - Carina diz, se animando com a ideia de ter uma criança em casa.

E as mulheres rapidamente organizam tudo. Amanda dá o aval para que Carina e Maya levem Melinda pra casa, uma vez que seria apenas um lar temporário para a menina passar a noite enquanto é realocada de abrigo.
Mel da um beijo estalado na bochecha de Rebecca antes de saírem, e sai toda sorridente segurando as mãos de Maya e Carina.

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