Eu cresci
E perdi todos os meus medos
Medo de não beijar
De não conseguir um amor
Medo de não ter dinheiro
De não ter emprego
Medo de morrer sem te conhecer
De não sentir seu corpo nu
Medo das surpresas
Medo do inesperado
Medo do juízo
Dos crimes de pecado
Do fogo eterno
Dos meus adversários
Medo da vergonha
De não saber me expressar
Medo do que vão pensar
Do que vão especular
Hoje não sou mais refém
Dos medos infantis
Não me importo com o escuro
Nem com insetos
Nunca me importei com o trovão
Só me admiro do clarão dos relâmpagos
E do espanto que sinto quando eles aparecem
Mas como nunca fui alvo deles
Ainda não sinto medo suficiente
Meu único medo agora
É perder a viagem de volta pra casa
E perder a única chance que tenho
De ser feliz pela eternidade
Ao lado de quem espero
Contando os segundos
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Memórias de outra dimensão
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