𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 5

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Estou em uma encruzilhada. Meu desejo de cravar essa espada no peito de Peter é imensa, mas com ele morto posso nunca saber o significado desse anel. Eu olho hesitante para Peter que se mantém tranquilo. Nunca vi tamanha coragem. Todos que aqui vivem tem medo de mim e do Valentim. Boatos e fatos reais voam rápido por aqui.

Eu dispenso Valentim com um aceno de mão e nós dois abaixamos nossas armas.

- Sério, Alyssa?

Ele me olha irritado. Ele se vira e seus ataques de raiva começam. Ele passa suas mãos pelos cabelos e seu corpo todo fica rígido. Eu reviro meus olhos. Agora não é o momento pra fazer birra! Eu o ignoro e volto pro Peter. Engraçado. Seus olhos estão percorrendo todo o meu rosto, como se para procurar o motivo de tudo isso. Eu pego minha adaga e me aproximo dele. Eu ponho o metal frio em sua bochecha enquanto ele me encara.

- Não pense que eu tenha motivos pra manter você vivo. Depois de você me contar tudo, nós vamos resolver alguns negócios!

Eu faço um corte em sua bochecha, sangue sai dela, manchando seu rosto pálido. Uma ideia passa pela minha cabeça. Não bastava eu os amaldiçoar mas eu tenho em minha posse minha passagem para o Palácio. Eu posso usar isso em minha vantagem. Meus olhos viram gelo e eu sorrio.

- Valentim, eu gostaria de dar um presente para o nosso convidado em troca de sua gentileza. Nos leve para o Palácio, Peter.

- O que vocês querem lá?

Eu olho pro Valentim e nós caímos na risada. Finalmente, hesitação toma conta da voz de Peter e seus olhos viajam de mim pra Valentim. Seu medo é a minha diversão. Não vejo a hora de ouvi-ló gritar por piedade quando eu o fazer pagar pelo o que fez. Eu tomo uma atitude tímida e fofa e chego perto dele. Nossas respirações se misturam e eu olho profundamente seus lindos orbes verdes. Minha mão se aproxima de seu rosto e meus dedos passam pela sua bochecha, delicadamente.

- Você vai nos levar pra lá, não vai?

Ele acena em obediência. Eu sorrio, orgulhosa de mim mesma. Valentim pega Peter que ainda está em transe.

- Você realmente precisava usar isso?

- Sim, ele estava hesitante. Foi preciso.

Suas sobrancelhas cerram e ele me encara. Eu levanto uma sobrancelha com sua atitude. Ele está hesitando também? Ele está furioso porque eu não terminei o que eu comecei. E foi isso que ele me ensinou, sempre terminar o que começou. Mas eu tenho um plano melhor. Um plano que pode aterrorizar o Peter antes de sua morte chegar.

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*quebra de tempo*

Durante o caminho, apesar de Peter ainda estar em transe e continuar no caminho do Palácio, ele ainda me irrita. A cada segundo ele pergunta algo. E eu respondo. Não tenho nada para esconder. Minhas respostas parecem convencê-lo. Por um certo tempo ele para de perguntar e só caminha. Valentim levanta sua cabeça toda vez que ele abre a boca. Eu rio e balanço minha cabeça.

Nós temos que descer todo o precipício de onde estávamos para chegar no castelo. Eu observo nossos arredores. Aposto que ainda há guardas por aí, eles vão ficar em alerta quando descobrirem que seu querido Peter não voltou.

O céu está nublado, as árvores são grandes e verdes, junto com o gramado. Tudo parece tão pacífico aqui mas a nossa existência à mancha. Caminho enquanto limpo minhas facas que serão necessárias no portão do Castelo.

- O que vocês são? Vocês não me parecem humanos.

Mudaria alguma coisa ele saber disso? Seria perigoso para nós? Sede por vingança toma conta de mim de novo. Valentim o pega violentamente e o coloca contra uma árvore. Suas costas batem com um estrondo enquanto ele segura seu colarinho. Seu rosto se contorce em dor.

- Você vai calar a boca?!

- Valentim, ei, solta ele! Nós necessitamos dele!

Ele levanta uma mão para me bater mas eu a seguro a tempo. Meu rosto fica rígido e meu coração bate rápido. Valentim não pode estragar tudo agora.

- Você vai deixar o Peter ir, ele vai nos levar pro castelo e você fica quieto no seu canto, Valentim!  Se você decidir gritar e socar, você sabe que isso não funciona comigo!

Ele se solta do meu aperto e se afasta. Ele lidera o caminho pro castelo e eu pego o Peter. Ele parece um pouco atordoado com a pancada que levou ao bater as costas. Seus olhos se fecham de vez em quando. Nasce um sentimento estranho no meu peito. Pena? Dó? Não, não pode ser isso. Sinto o olhar de Peter algumas vezes mas não falo nada. Valentim trota em nossa frente. Entendo que eu desperdicei mais uma chance, mas agora Peter está em nossa mão. Ele vai me contar sobre o anel e isso tudo vai acabar.

- Você é uma Elfa.

Valentim e eu congelamos no lugar. Eu fico tensa e Valentim lentamente se vira. Parece que eu não precisava contar pra ele.

- Alyssa Renault e Valentim Axel, os temíveis.

Ele gargalha. Eu não sei o que fazer.

- Como aconteceu com vocês? Como elfos podem ter tanta escuridão sendo seres da luz?

- Acho que você sabe a resposta pra essa pergunta.

Eu o empurro e nós seguimos nosso caminho em silêncio.

𝐃𝐨𝐜𝐞 𝐕𝐢𝐧𝐠𝐚𝐧𝐜̧𝐚 ೃOnde histórias criam vida. Descubra agora