𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 22

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Decidi tirar um dia para ficar em paz. Treinar o Axel. Eram meus planos pro dia. Porém, Axel descobriu que não é ótimo em luta de espadas. Elfos tem várias habilidades, e cada uma é diferente, de acordo com o elfo. Como eu fui treinada "forçada" por se dizer, eu evolui em todas as habilidades. Valentim me fez ser perfeita nelas, sofri quando era pequena, não pretendo fazer o mesmo com meu filho.

- Aqui, você pode tentar o arco e flecha. - eu comento, o entregando o arco e apontando pro alvo.

Ele tem um pouco de dificuldade em segurá-lo, os braços estão muito perto um do outro, a posição está errada. Eu me aproximo dele, o arrumando. Tenho um pouco de dificuldade por causa de genética, Peter é muito alto, o que faz Axel ser alto também. Eu estico mais seus braços, sua mão direita, segurando o cordão perto do seu rosto, assim ele pode ter visão mais certeira do alvo.

- Você tem que deixar seu braço reto na direção de onde você quer atingir seu alvo, no caso, no centro. Aqui, agora, pegue a flecha. - eu o arrumo, depois o dou a flecha. Eu o ajudo a colocar no arco.

- Você tem que focar, feche os olhos, respire, expire, e saiba que você não aprender da noite pro dia. - me afasto dele, o dando espaço para mirar no alvo.

Os olhos dele se cerram, concentrado. Na batalha corpo a corpo ele não conseguiu dominar, mas de novo, só basta motivação e prática. Algo me diz que arqueria é o forte de Axel. Apesar de eu sempre ter usado espadas e adagas, eu amava a sensação de atirar uma flecha e acertar o meu alvo. É a minha habilidade favorita. O dia está nublado, não pode quase se ver o sol, e o vento não é tanto. Seu corpo fica rígido quando a flecha voa, não acertando o meio mas perto. Os ombros de Axel caem e eu coloco minhas mãos neles.

- Prática, meu filho. Você foi bem! Você é melhor que seu pai no arco e flecha. - nós rimos de Peter. Axel se vira pra mim, me observando. Eu pego o arco dele.

- O pai não treina mais? - eu fico inquieta. Séculos atrás nós treinavámos juntos, no campo gigante do Castelo, mas desde o dia que ele foi transformado ele nunca mais treinou, nunca encostou em uma espada, assim como eu.

- Não, seu pai.. ficou muito atordoado com a transformação, ele parou de treinar e se trancou junto com seu piano. - eu olho pra baixo. Os olhos de Axel ficam tristes. Ver aquela imagem era decepcionante mas ele sempre dizia que estava bem, pra dar aparência, mas não era verdade.

Eu preparo o arco com a flecha, em posição. Quando me sentia triste, eu sempre treinava, isso me fazia bem. Eu solto a flecha, ela cria suas asas e acerta o meio do alvo. Axel se vira pra mim, sorrindo de admiração, eu devolvo seu sorriso.

- Alyssa, você sabe arco e flecha? - aquela voz rouca que faz meus pelos arrepiarem.

Eu rio com a provocação de Peter. É verdade que é a primeira vez que ele me vê atirando flechas. Em minutos, Peter está do nosso lado. Posso até ser uma Elfa, mas os poderes de Peter ainda me impressionam.

- Axel queria treinar com você, querido. Por que vocês não trocam uma partida? - eu pressiono, assentindo pro Peter.

- Não, não, mãe. Você viu, eu não sou bom com espadas. - ele levanta as mãos, significando uma bandeira branca. Minhas sobrancelhas se levantam, meus olhos se arregalam.

- Bem, a eternidade está a sua mercê, Axel. - Peter se aproxima, colocando uma mão no ombro de Axel.

Ele faz uma careta e eu sorrio. Esses dois são a cara um do outro. De súbito, sinto uma pontada no meu peito, mas decido ignorar. Como Peter disse, as cores do meu rosto voltaram, assim como também não sinto tanta fraqueza, porém sinto as dores mais intensamente e isso me preocupa. Não sei se devo contar pro Peter ou Axel. As palavras de Nicolae ainda rodam em minha cabeça. Não é só eu que estou sofrendo, Peter e Axel também. É egoísta da minha parte pensar só em mim, no entanto, como você faz quando seus parentes vão se preocupar demais? Aqui, vivíamos em um todo, mas com a volta de Valentim/Viktor, claramente nos dividiu, não sei em quem confiar, a não ser meu filho e Peter.

Peter e Axel estão conversando agora, acho um bom momento pra escapar dentro da mansão, esperando, é claro, que nenhum homem mutilado apareça na minha frente. Deixo o arco com eles e me retiro, indo em direção a mansão. Sinto uma sombra atrás de mim, depois no meu caminho.

- Você está bem? O treino te fez bem? - Peter segura meu braço, sorrindo carinhosamente. Seu toque gelado me esquenta completamente.

- Sim, me fez bem mas.... - hesito em falar com ele sobre isso, não sei se ele acreditaria em mim, provavelmente diria que sou louca. Não posso dizer que estou suspeita de seu irmão, mas é exatamente isso que eu tenho que dizer. Que droga!

- Parece que estou colocando mais veneno dentro de mim, Peter. Digo, você não acha estranho seu irmão aparecer com uma poção, sem ninguém falar nada? - eu gesticulo com meu corpo. Realmente espero que ele não me chame de louca agora.

- Sim, é estranho mas você sabe como Nicolae é observador. E como assim, a poção não te faz bem? - ele se aproxima, sua mão em minha bochecha. Sem coragem de olhar em seus olhos, abaixo minha cabeça.

- De aparência eu estou bem, mas você não sabe o que está acontecendo dentro de mim. É como se o inferno estivesse queimando minhas entranhas enquanto dança e vangloria. As dores são insuportáveis. - eu coloco minha cabeça em seu peito e pela primeira vez, não choro. Só quero sentir seu corpo perto de mim. Ele me abraça fortemente, me acariciando, como palavras gentis.

- Por favor, me diz que isso está te machucando também. Eu sinto muito por fazer você sofrer. Você e Axel são meu todo, por isso, eu devo ser forte. - levanto minha cabeça de seu peito e Peter me olha, notando minha teimosia.

A decisão foi tomada. Eu cansei de ficar colocando meu peso em cima deles. Está na hora de voltar a ser a Alyssa de antes.

𝐃𝐨𝐜𝐞 𝐕𝐢𝐧𝐠𝐚𝐧𝐜̧𝐚 ೃOnde histórias criam vida. Descubra agora