𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 9

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𝐀𝐕𝐈𝐒𝐎𝐒: 𝐦𝐞𝐧𝐜̧𝐚̃𝐨 𝐝𝐞 𝐬𝐮𝐢𝐜𝐢𝐝𝐢𝐨; 𝐚𝐭𝐚𝐪𝐮𝐞𝐬;

Semanas se passaram desde o ocorrido. Peter está sempre ao jardim treinando para sua recepção mortal com Valentim. Apesar de saber como ele atua e mata seus inimigos, vejo que Peter também é um ótimo guerreiro.

Eu por outro lado, não ando fazendo nada de útil! Minha história que antes parecia distorcida, agora está clara mas ao mesmo tempo um nevoeiro a rodeia. Peter, muitas vezes vem ao meu quarto me forçando a sair dele e fazer algo mas eu não posso nem olhá-lo no rosto, não depois do que eu fiz a ele. Todos os dias eu mergulho em sofrimento e fico em minha cama chorando. Parece que minhas lágrimas nunca acabam. Quanto mais eu choro, mais eu fico com dor.

Ser traída atinge você no coração, parece alguém arrancando ele. Matar alguém em sua frente e fazê-lo assistir parece que alguém está quebrando seus membros um por um e no final, o ser toma sua alma, você só tem os sentimentos do mal encarnado: mágoa, amargura, raiva.

Apesar do nosso abraço caloroso no outro dia, Peter aumentou nossa distância mas ultimamente ele anda muito preocupado, e grosso também. Sinto que ele fica chateado por mim ficar assim, no entanto não posso dizer em certezas. Quando sua frustração e minha teimosia o atingem, ele grita comigo, dizendo verdades. Eu não saio do meu quarto, eu até fico sem comer, eu só o observo do meu quarto que fica virado pro jardim.

Não vi mais o Valentim e isso me deixa ruim. Ainda é difícil de engolir que ele, quem estava do meu lado por todo esse tempo tenha me traído. A lembrança de suas palavras dizendo que matou meu irmão me batem. Fico enjoada em pensar nisso. Eu sou um ser que carrega um arrependimento gigante, culpa come minhas entranhas.

Minha respiração é trêmula e minha garganta dói com o nervosismo.

Eu o assisto da sacada do meu quarto. Minha janela permanece fechada para não chamar sua atenção. Ele está sem camisa e suor pinga de seus cabelos para seu peito musculoso. Ele tem o que parece ser um comandante dos guardas ao seu lado, provavelmente o ajudando, mas Peter está treinando sozinho e habilmente. Minha imagem no reflexo do vidro não parece bem. Estou com círculos abaixo dos olhos, estou pálida e meus olhos são tristes. Meu corpo treme freneticamente e o pensamento de um desmaio me aterroriza.

Alguns formigamentos tomam conta do meu corpo e ele pula. Sinto que as paredes estão fechando e que estou lentamente caindo. Consigo escutar meu coração bater forte em meu peito, suas batidas são frenéticas e assustadoras. Meus olhos produzem clones dos meus membros, quando vejo minhas mãos, vejo quatro delas e estou tremendo loucamente. Sinto que vou afundar na escuridão. Apesar de não conseguir respirar muito bem, eu choro, com medo. Estou sozinha nesse quarto e ninguém vai vir me ajudar. Meu corpo cai pra frente e sou capaz de abrir a janela antes de bater a cabeça no chão e desmaiar.

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Uma melodia triste e calma toca meu coração. Não estou sentindo o gelado e duro chão abaixo de mim, mas sim, conforto e cobertas quentes. Tenho dificuldade em levantar minha cabeça, pois ela está pesada com o tombo. Meu primeiro pensamento é que estou em meu quarto, olho ao meu redor e estou enganada. O quarto é maior que o meu e estou deitada em uma cama gigante. Surpresa, sinto a colônia de Peter nas cobertas e meu estômago fica cheia de borboletas. Um sorriso atrevido gruda em meu rosto mas eu tento segurá-lo.

Procuro da onde está vindo o som de piano e vejo o Peter sentado na banqueta, tocando suas teclas. Me lembro da noite que ele disse que adoraria compor uma sonata pra mim, parece tão distante.

Eu não sei o que fazer. Tenho medo que ele aja frio comigo, e isso eu não aguento mais. Perguntas de como vim parar aqui me inundam. Como?

- Peter?

𝐃𝐨𝐜𝐞 𝐕𝐢𝐧𝐠𝐚𝐧𝐜̧𝐚 ೃOnde histórias criam vida. Descubra agora