Kushina

1 0 0
                                    


De repente ouvi um barulho alto perto de mim e acordei no mesmo instante, meu coração estava acelerado por conta do susto, podia sentir os meus batimentos cada vez mais fortes, meu coração colidindo contra meu peito. Minha respiração começou a voltar ao normal quando levantei a cabeça da mesa de madeira da biblioteca e encarei Shikamaru.

Ele me encarava de volta com autoridade, não entendia o porquê dele ter feito aquilo, ele havia jogado um livro na mesa com força para que eu acordasse. Estava com raiva, mas minha mente estava sonolenta demais para reagir. Shikamaru não escondia sua satisfação ao ver minha expressão irritada quando a bibliotecária chamou a atenção dele dando-lhe um peteleco na cabeça. Bem feito. Me segurei para não rir mas felizmente falhei, e agora ele se mostrava irritado.

— Você não pode dormir aqui, imbecil. — Disse falando baixo depois do aviso da senhora mal-humorada.

— Me deixa em paz, Shikamaru — disse cansado, quase bocejando. — Eu não dormi essa noite, não vou aguentar passar o dia sem um cochilo.

— Não aqui na biblioteca né Uzumaki! — exclamou baixo.

De algum modo era engraçado ver ele tentando me dar esporro sem levantar a voz.

— Mas então... — Shikamaru insinuou curioso. — Por que você ficou acordado essa noite? — ele perguntou neutro.

— Estava sem sono e precisava organizar algumas coisas para a peça — suspirei. — Então liguei para o Sasuke e nós dois ficamos acordados conversando.

— E vocês passaram a noite toda juntos? — Shikamaru levantou uma sobrancelha e sugestionou já sabendo da resposta.

— Pois é. Pelo menos ele me fez companhia, melhor do que ter passado a noite assistindo sozinho naquela casa. — abaixei à cabeça novamente e comecei a brincar com os marca-textos de Shikamaru dispostos na mesa.

Shikamaru arqueou uma sobrancelha antes de perguntar solidário.

— Seu pai ainda faz esses horários extras?

— Faz — afirmei. — Ele trabalha tanto, e nunca tem tempo pra ficar com a gente. — Suspirei desanimado. — Sei que Kushina também sente falta dele em casa.

— Mas pelo menos ela tem você por perto, e vice-versa.

Fiquei pensativo com sua fala, não sabia se era certo afirmar que eu tinha Kushina ao meu lado...

— Eu não tenho certeza sobre isso...

— E por que não? — Shikamaru perguntou enquanto folheava as páginas de seu trabalho.

Fiquei em silêncio. Pensando se deveria dar uma de irmão mais novo e desabafar com ele, "se contasse para Shikamaru, ele me entenderia?" Minha dívida foi sanada por meus próprios pensamentos. Não, ele não entenderia. Resolvi não falar nada, seria melhor assim.

— Nada — levantei à cabeça esfregando meus olhos para permanecer acordado. — Esquece o assunto.

— Naruto... — Shikamaru se virou e me olhou diretamente. — Não é como se ela fosse fazer o mesmo... — Shikamaru parou de falar, entendendo que eu não queria falar sobre. — Você sabe que pode contar com ela.

— Eu sei — ponderei por um momento. Balancei à cabeça na tentativa de afastar esses pensamentos, não era hora pra isso.

Shikamaru me olhou pelo canto de seus olhos e suspirou.

— Mas então... e seu parceiro?

— Meu parceiro?

— Sua dupla.

— Ah... Sasuke. — Levantei meus braços para me espreguiçar, ganhando um pouco de ânimo pela mudança de assunto. — Ele é legal, tirando o mal-humor e o perfeccionismo, mas consigo trabalhar com ele.

— Vocês me pareceram bem próximos na apresentação. — Insinuou Shikamaru, levantando o canto dos lábios em um meio sorriso.

— A gente até que se deu bem nos primeiros dias, fizemos uma boa apresentação e tomamos um café juntos, mas depois ele ficou estranho, acho que o deixei irritado.

— Mas você não acabou de dizer que passaram a noite conversando? — perguntou confuso.

— Sim, mas antes disso nós tínhamos nos desentendido... — Suspirei. — Nós estamos bem agora, mas ainda fica um clima meio estranho.

— Hum...

— "Hum" o que?

— Nada, só é estranho ver você se aproximando assim de alguém, você não é do tipo que sai pra tomar café com um colega.

— Não é grande coisa, eu apenas pensei que deveria me dar bem com ele, já que vamos passar um bom tempo trabalhando juntos nessa peça. — me justifiquei exaltado.

Shikamaru riu.

— Se você diz...

Depois que Shikamaru terminou seus estudos nos separamos, ele foi encontrar com a namorada e eu tive que ir trabalhar. O dia foi exaustivo, tive que tomar algumas doses de café para tentar manter minha disposição, funcionou por um tempo, mas quando peguei o ônibus para casa estava morto, ficava me apoiando nas barras amarelas, quase caí algumas vezes, mas fiquei bem.

Cheguei em casa e encontrei Kushina se esticando para limpar o teto de casa, quase caindo da escada de limpeza azul.

— Ei... o que está fazendo?

— Oi filho! Você chegou. — A ruiva disse animada enquanto descia a escada cuidadosamente. — Eu estava limpando a casa.

— Estou vendo... — disse olhando para o teto. — Por que não está no trabalho?

— A empresa está uma bagunça, um cano de água estourou no andar que eu trabalho. Isso atrasou muita coisa no meu departamento, por isso me mandaram pra casa, mas assim que eles se organizarem e arrumarem tudo eu estarei cheia de trabalho novamente.

— Bom, pelo menos ganhou um dia de folga. — disse otimista.

— Não é folga se eu estou limpando a casa.

— Eu não tenho nenhuma lição da faculdade por agora, posso limpar com você. — sorri pequeno.

— Isso vai ser ótimo. — Kushina sorriu também. — Não quer fazer nada antes de começar? Tomar um banho ou comer alguma coisa?

Pensei em como seria incrível deitar em minha cama e me afundar nas cobertas... mas Kushina deveria estar tão cansada quanto eu, e não poderia escapar de minhas obrigações por conta do cansaço.

— Não, estou bem.

— Ótimo! Então me ajuda a limpar o teto.

— Por que o teto? Nós nem usamos ele, e ninguém fica olhando para cima de qualquer jeito.

— Ele também precisa ser limpo, Naruto... — Eu ri, e Kushina também riu discretamente.

— Aqui, segura a escada pra mim — disse a ruiva subindo na pequena escada e se esticando até o teto com um pano. — Quando eu me cansar nós trocamos.

— Certo.

Eu e Kushina passamos o dia limpando a casa, com exceção dos quartos que eram limpados individualmente. A casa estava um brilho, estava com um cheiro gostoso e bem mais confortável de se ficar. Após passar horas com dores nos braços e nas colunas por conta daquele teto alto, nós decidimos descansar. Fizemos bolo e depois ainda tive que lavar a pilha de louça que Kushina havia deixado. Depois que tudo estava limpo e no devido lugar, resolvemos descansar. Kushina sugeriu que assistíssemos a um filme, mas eu já estava esgotado, não aguentaria ficar acordado, então decidi ir para meu quarto e dormir.

Tomei um banho e me permiti dormir da forma mais confortável possível, sem nada a não ser uma cueca. Me deitei na cama de bruços e lá eu fiquei, não demorou muito para que minha visão escurecesse e eu apagasse.

Acordei com meu despertador tocando ferozmente. Minha cabeça latejando e minhas memórias terríveis do sonho estranho foram o suficiente para me fazer levantar já estressado.

E mais um dia começaria...

SintoniaOnde histórias criam vida. Descubra agora