Capítulo 2- Aceitação

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  Armin:

  Não dá tempo.

  Mesmo que isso seja triste.

  Mesmo que isso seja desesperador.

  Não dá mais tempo.

  Mas mesmo assim ele corre em direção a casa que já está em chamas.

  Mesmo sabendo que não tem salvação.

  O Eren ainda vai tentar.

  Ele sempre tenta até o fim...

  Mikasa e eu gritamos, tentamos parar o Eren, mas ele continua tentando se jogar no fogo. Meu esforço tentando pará-lo é inútil, sinto que não faz diferença nenhuma, preciso chamar alguém que possa segura-lo... O Sr.Hannes! Claro!
  -Mikasa- grito- eu vou chamar ajuda! Segure ele até eu voltar!
  Ela não parece escutar, mas tudo bem. Corro o mais rápido que posso para o sul, Sr.Hannes costuma ficar no portão ao norte de Shiganshina, onde tem a muralha Maria, mas como o lado mais atingido fica pro sul, os soldados devem estar lá ajudando as pessoas. Conforme corro percebo que o ar está mais poluído. Aqui tem mais casas em chamas. Vejo alguns soldados do reino vizinho matando os cidadãos, mas acho que eles estão tão ocupados escolhendo quais mulheres vão viver como escravas, que nem percebem que eu estou passando...me sinto mal por essas mulheres que vão ser levadas, provavelmente conheço várias, mas eu tenho que focar em ajudar o Eren! Não há mais nada que eu possa fazer agora.
   Pensando bem, talvez seja uma boa aquela ideia suicida do Eren de se tornar um soldado, talvez se eu também me alistar no exercito, consiga ficar forte, apenas forte o suficiente para me proteger sozinho, sem ter que depender deles.
  Avisto o Sr.Hannes a alguns metros de distância. Ele também me vê e corre na minha direção.
  -Armin! O que você está fazendo aqui? Corra para os barcos!
  -Não! Espera! O Eren...
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Mikasa:
  -Mas que droga Eren! Para com isso! Já era! Isso é suicídio!
  -Eu preciso salva-la!- agarro a cintura dele o mais forte que consigo.
  Da onde que ele tirou essa força? Como diabos ele está conseguindo se soltar de mim? AONDE ESTA O ARMIN? Droga! Eren escapa novamente e corre até a casa. Ele puxa uma viga de madeira que está caída, mas ela mal se mexe.
  Me dói muito ver o Eren dessa forma. Tão desesperado e determinado a algo sem esperança. Nem consigo mais me mexer, sinto uma aura ruim atingido, uma tristeza que não presencio desde do dia em que meus pais morreram. Quando eu o conheci. Me acalmo e agarro o garoto novamente, lutando para que ele entenda que é inútil.
  -Eren! Já chega...-sinto minha voz fraquejar.
  -EU NÃO VOU DESIS- Ele finalmente consegue puxar a viga, que deu espaço o suficiente para ver o rosto da Sra.Jager.
  Foram poucos segundos, mas deu para ver com clareza seus olhos arregalados, ainda úmidos das lágrimas que estavam para escorrer, acompanhados do seu rosto ensanguentado, boca meia aberta, e corpo em chamas.
  Nós dois páralizamos sem reação.
  -Eren! Mikasa!- ouço a voz do Sr.Hannes, ela parece distante apesar dele já estar atrás de nós.
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Eren:
  Não posso acreditar! Não quero! Não consigo! Nem sei mais o que ou porque estou fazendo, apenas começo a me aproximar da casa quando alguém me puxa e me põem em seu colo.
  Quando meus olhos voltam a conseguir focar em algo, vejo que o senhor Hannes está me levando no colo enquanto Mikasa corre ao seu lado. Me sinto desesperado. Um enjoou sobe enquanto meu coração aperta e meu corpo treme. Começo a perceber que sequer estou respirando e o tempo está parando. Lágrimas escorrem pelo meu rosto, só então começo a lutar.
  -Eu preciso voltar!
  -Não- essa resposta do Hannes foi mais dura do que esperava
  -O que você está fazendo? Ela ainda está lá! Ela precisa-
  -Eren! Ela já está morta!- Diz o Sr.Hannes
  -CALA A BOCA!!!- sou jogado no chão após gritar. Vejo lágrimas no rosto do soldado na minha frente.
  -Eu sei- ele diz firmemente- eu sei que é difícil aceitar a morte dela, mas sua mãe não gostaria que você morresse em vão! Ela não gostaria de te ver desse jeito!
  -Não fale assim. Não fale no passado. Não me faça acreditar sr.hannes!
  -Me desculpe garoto!
  Ele me levanta segura minha mão e continua correndo. Ainda me sinto fraco e impotente, com uma simples vontade de sumir. Simplesmente, sair dessa realidade e voltar aos dias felizes. Voltar a fazer todas as coisas cansativas do dia a dia.
  Eu quero abrir meus olhos e me deparar com o teto do meu quarto. Sair de lá e ver a mamãe cozinhando, enquanto a Mikasa costura e o papai sai de casa para atender alguém após se despedir. Mas quando abro os olhos, vejo o chão, levanto minha cabeça, e vejo a cidade em chamas, lágrimas e sangue. Espera...
  -Cade o Armin?
  -Hum! Só agora sentiu falta do loirinho?- reclama a Mikasa - ele foi procurar o avô dele, disse que ia nos encontrar no porto.
  -Em falar nisso-Hannes - nós já chegamos!
  Ele para de correr e se ajoelha diante de mim e da Mikasa.
  -Eu vou dar um jeito de por vocês no barco, não falem nada!
  -Mas e o Armin e o avô dele?- pergunto
  -Eles já devem ter embarcado. Mas se eu os encontrar aqui no porto os coloco no barco.
  -Tudo bem!- responde mikasa confiante
  -Tudo bem...- não gosto da ideia de deixar a minha cidade, de deixar o corpo da minha mãe, o que eu vou enterrar?Mas mal consigo andar, fui praticamente arrastado até aqui e minha cabeça ainda está confusa, então não há muito o que fazer.
  Nos aproximamos do barco depois de passar por uma grande multidão. Na rampa de acesso para o barco há alguns guardas controlando a entrada, quando vêem o homem que nos acompanha abrem caminho. Não sabia que ele tinha toda essa autoridade, mas isso não importa. Sr.Hannes faz sinal para nós entrarmos e obedecemos. Ele se vira sem se despedir e entra na multidão.
  Entro no barco e me sento em um banco com a Mikasa. Vejo o Armin parado perto de nós com seu avô, ele deve ter percebido que não estamos em um bom momento.
  Não consigo aceitar, mas preciso! Nada que eu faça vai trazê-la de volta. Minha mãe morreu, porém eu preciso continuar. Até pouco tempo atrás eu sentia tristeza, mas pensando melhor, vou transformar tudo isso em ódio. Me levanto e vou até a borda do navio. Armin tromba comigo e tenta me segurar, mas eu continuo.
  -Ela morreu. Minha mãe morreu. E agora...eu tenho que vinga-lá!
  -Eren!
  -Eu vou entrar no exercito, na tropa de elite, e matar esses malditos da Chama!
   É uma promessa.

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Capítulo 2- Aceitação
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