Point of view — Any Gabrielly
Completamente nervosa, esfrego uma mão na outra enquanto o meu salto bate contra o piso laminado, causando um eco na recepção da capela.
Olho mais uma vez para o relógio na parede da frente e constato que estamos aqui há quase vinte minutos, apenas esperando esse tal do juíz. Noah está sentado todo torto na cadeira com as pernas totalmente abertas, seus braços estão cruzados enquanto sua cabeça está repousada na parede e ele está com os olhos fechado. Ele está dormindo? Eu não posso acreditar no que eu vejo! Como ele pode estar tão relaxado com toda essa confusão?Suspiro tentando manter minha calma. Eu não vou mais chorar. Quando descobri toda essa loucura pela manhã, foi inevitável esconder minhas emoções, porém não voltarei a desabar.
Fecho meus olhos desejando que os minutos passem mais depressa para que esse juiz chegue logo, porém parece que meu desejo não será atendido. Abro meus olhos quando o celular de Noah toca, chamando atenção de qualquer pessoa que possa estar no local, porém ele nem se move mesmo o toque sendo alto e com vibração.
— Porque está me olhando? — ele fala ainda de olhos fechados enquanto se ajeita na cadeira — Olhe mesmo, pois quando sairmos daqui eu quero distância, você só me dá dor de cabeça. Olha onde eu vim parar quando eu deveria estar voltando para San Diego e me preparando para o primeiro dia de aula.
E o caipira está de volta, todo aquele silêncio e tranquilidade estava bom demais para ser verdade.
— Você fala como se eu tivesse te arrastado até esta capela e te obrigado a casar comigo, caipira. E fique sabendo que eu estava incomodada com o toque irritante do seu celular e não admirando a beleza que você acha ter.
Ele ainda continua de olhos fechados e umedece os lábios totalmente convencido. Eu definitivamente odeio esse ser, como ele sequer consegue ficar assim tão calmo?
— Todas adoram esse moreno aqui! — sua mão desce por seu peitoral até um pouco acima da virilha. Ele está com a camisa social branca toda amarrotada, que se me dissessem que um boi a mastigou, eu acreditaria.
Não consigo evitar a risada que sai de meus lábios quando vejo todo seu amor próprio. Lembro-me de Benjamin com seus olhos castanhos e cabelos escuros, aquele homem sim me agrada e excita.
“Mas você não conseguiu gozar na última transa de vocês.”
Faço com que meu subconsciente se cale, a última vez que estive com Benjamin foi um caso a parte. Não foi culpa dele e sim minha por não estar no clima e preocupada com a Universidade.
— Sinto em decepcioná-lo mas eu não gosto de caipiras, para mim são perfeitos bichinhos de goiaba. Sem graça e desnecessários.
Agora sim ele abre os olhos e eu boto o sorriso mais filha da puta que consigo.
— Não foi isso que você disse hoje de madrugada, enquanto gemia em cima do meu pau.
Quase caio da cadeira quando ele termina sua fala e me sinto envergonhada por ele ter falado alto atraindo a atenção da recepcionista que o olha de cima a baixo.
— Você não pode afirmar isso, caipira. Você, assim como eu, não se lembra de nada e está sendo ridículo em admitir algo que eu tenho certeza que não aconteceu.
Levanto-me depressa para não dar chance a ele de me responder, ultimamente tenho feito muito isso. Vou até o bebedouro pegando um copo de água gelada, me encosto na parede e forço minha mente a trazer algo da noite passada, entretanto tenho apenas o branco como resposta. Eu me recuso acreditar que eu abri minhas pernas para Noah. Eu não posso ser hipócrita e falar que ele é feio pois não é, ele pode até ser considerado bonitinho, mas seria o último homem da terra que eu me relacionaria.
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180 DAYS | Noany
أدب الهواةNos dias de hoje, adolescentes saem e bebem quase todas as noites, fazem loucuras sem se preocupar com as consequências. Eu achei que comigo seria igual, mas não foi. O meu final de semana, passou de divertido para completamente aterrorizante, afina...