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Bia

A toalha estendida sobre a grama, frutas na cesta junto a uma mamadeira, Manuel tocando em seu teclado portátil e me levando a acompanhá-lo com minha voz, enquanto a pequena engatinhava por perto. Nós três, como uma daquelas famílias felizes em propagandas de sucos de caixinha, debaixo das nuvens com formas imaginárias.

Esses momentos no parque me faziam sentir nostalgia dos dias que a gente vinha compor a música para o CD da Moondust. E quando a melodia de "Primer Amor" se iniciou, foi inevitável as trocas de olhares tão intensas que esta canção sempre nos proporciona. Esquecemos de tudo ao nosso redor... literalmente.

— Estava com saudade de cantar com você. Faz tempo que não fazemos uma colaboração. - Comentei ao final da nossa cantoria.

— Tem razão. - Ele concordou, passando a mão lentamente entre os fios de seus cabelos. Ação que me fazia derreter por dentro. - Vamos programar o nosso próximo vídeo, mas acho que antes deveríamos alimentar a nossa filha, ou ela vai acabar querendo comer só grama.

Os raios de sol favoreciam a sua bela pele branca e o seu sorriso marcante, além de deixar aqueles olhos cor de mel ainda mais claros e brilhan...

— Espera! - Me expressei, interrompendo minha admiração pela beleza do homem à frente. - Você disse... - Desviei o olhar rapidamente sem completar a frase, temendo ver o que eu realmente suspeitava.

A bebê puxava entre os dedos da sua mãozinha algumas folhinhas finas da grama, arrancando-as do chão e levando a boca. Bastou nos distraímos um minuto para a menina já engatilhar para longe do pano.

A minha cara de espanto ao visualizar essa cena fez o Gutierrez gargalhar, que havia se esticando para trazê-la de volta a perto de nós dois.

— Não acredito! - Exclamei ao limpar sua mão e seu rostinho. - Por que não me avisou logo Manuel?

— Na verdade, avisei assim que vi. - Ele respondeu, enquanto eu permanecia preocupadamente analisando a pequena. - Relaxa! Quem nunca comeu grama ou uma terrinha na vida? - Questionou em seguida, recebendo o meu olhar de discordância. - Entendi. Essa parte ela puxou a mim.

— Ela colore nossa folha em branco com novas surpresas todos os dias.

— Por falar nisso, lembrei agora... - O espanhol sorriu pensativo, ao mesmo tempo que lhe encarei esperando que continuasse. - Estavamos exatamente aqui quando você me perguntou o que rolava entre eu e a Mara.

— Em minha defesa... - Proferi, procurando algum argumento que não veio à minha mente.

— Ciumenta. - E ele completou ao perceber que eu tinha me calado, terminando com uma de suas expressões cínicas.

— O que você queria que eu pensasse? - Rebati imediatamente - Todos sabiam que ela estava afim de você. Menos você mesmo.

— Porque eu pensava que todos sabiam que eu só estava afim de você.

O que eu poderia falar depois? Não gostava quando ele me deixava sem palavras, mas esse era o seu mais novo dom, causando em mim um sorriso de apaixonada que eu tentava segurar em vão.

Apenas, me inclinei para beijá-lo. Então, escutamos uma pessoinha choramingar. Retornamos a vista para a bebê que se encontrava sentada e cutucando a perna do Manuel.

— Parece que alguém também está com ciúmes. - O Gutierrez afirmou, suspendendo-a para por ela em seu colo. - Isso prova que é filha da sua mãe.

É óbvio que ele recebeu um tapa no braço e a louça da noite para lavar.

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