Part 6

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Durante o tempo em que o barco deslizava rio abaixo, as meninas que remavam nunca suspeitaram que Valerie estivesse as conduzindo na direção do sinal de vela de Peter. A luz desaparecera, mas ela havia ficado de olho no lugar em que havia brilhado e sabia exatamente para onde deveriam rumar na escuridão.

Roxanne se inclinou nervosamente na lateral do barco, espiando seu reflexo estilhaçado na água revolta. Ela sentiu que o rio se parecia com tinta sangrenta, mas tentou se convencer de que se parecia mais com suco de amoras.

Prudence aproveitou a oportunidade. Com as mãos segurando os dois lados, ela balançou o barco, deixando Roxanne, cambaleante e gritando, voltar para seu assento.

Prudence riu de forma maldosa; um ar brincalhão e selvagem iluminava seus olhos. Roxanne a encarou e espirrou um pouco de água.

Da margem, as garotas conseguiram ver três fogueiras de acampamentos diferentes enterradas entre as árvores e começaram a remar, de forma competente, até elas. Essas meninas tinham capacidade de fazer coisas que as outras garotas não conseguiam. Puxavam os remos, e o bote deslizava sobre o rio como um pássaro solitário.

Consideraram brevemente a possibilidade de serem pegas, mas conseguiram tirar isso da cabeça facilmente. Eram jovens e livres – e parecia valer a pena correr o risco.

Vendo a luz de Peter brilhar de novo, Valerie virou o barco para a esquerda. Conforme ele adernou, Lucie perdeu o remo. Esticando-se para recuperá-lo, ela mudou o peso muito rapidamente, fazendo com que o rio corresse por cima da borda para dentro do barco.

As meninas gritaram quando a água jorrou com força no interior do barco. Imediatamente souberam que provavelmente haviam estragado seu disfarce.

— Pulem e virem o barco! Escondam-se embaixo! — Valerie tentou gritar e sussurrar ao mesmo tempo.

As garotas tomaram bastante ar e mergulharam na água, virando o barco de cabeça para baixo enquanto se escondiam. Buscando uma à outra sob a água, conseguiram chegar embaixo. Elas se ergueram, com as saias arrastando atrás como mortalhas, para encontrar o bolsão de ar por baixo do barco.

Ninguém ficou feliz. Os cabelos estavam completamente molhados e seus vestidos encharcados, depois de tudo o que fizeram para ficarem belas para os rapazes.

Agora estavam aqui, no mundo sujo e azul de um barco decrépito, chutando as pernas furiosamente e ainda completamente invisíveis para os outros, até mesmo para elas. De repente, tudo lhes pareceu loucamente engraçado, e juntas se contorceram de risos, tentando contê-los. Então cederam, deixando as risadas escaparem pela noite em alguns gritos, mas tentando, ao mesmo tempo, ficar quietas. Elas pareciam estar dentro de uma concha.

Valerie estava começando a desfrutar seu papel de líder.

— Precisamos dar um jeito nisso — disse, afirmando o óbvio.

Em silêncio, fez com que se aquietassem. Elas se esforçaram para ouvir se havia algum movimento na margem.

Roxanne séria, acenou a cabeça, para si mesma, como se Valerie tivesse dito algo perspicaz. Prudence revirou os olhos, exasperada com a tirania recém-descoberta de Valerie.

Após um momento em que nada se pôde ouvir além da água açoitando o bote, Valerie decidiu que elas ainda estavam seguras.

— Tudo bem, vamos lá. Um, dois, três... ergam! — Valerie falou com uma voz que era mais imperativa que o necessário.

O barco caiu fazendo um grande ploft, com o lado certo para cima. As meninas vadearam pela água rasa até a margem, trazendo o barco e se sentindo idiotas com o peso das saias encharcadas de água, tornando cada passo ainda mais vagaroso e humilhante.

A Garota da capa VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora