Discussão

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Charlie pov

Sete dias em casa, estava descansado, entediado, e começando a ficar levemente preocupado com minha saúde mental.

No oitavo dia que eu estava em casa já comecei a preparar as malas, faltavam dois dias pra eu voltar pra Vancouver, meu pai passou na porta do quarto, e logo voltou.

-Já vai fugir?

-O que? – Perguntei sorrindo

-Vai fugir como fez no ano passado?

-Qual é pai? – Fiquei serio

-Eu preciso saber se vou ter que acionar o exército pra ir atrás de você. Sua mãe é a Meghan não vão aguentar seu sumiço de novo.

-Mas você sabe bem o motivo de eu ter fugido no ano passado.

-Foi só uma discussão.

-Claro, por que você jogar na minha cara que a saúde emocional da minha mãe e da Meghan é culpa do meu desatento, da profissão que eu escolhi que estou sempre fora de casa o que fez a minha mãe desenvolver síndrome do pânico e a Meghan querer se matar. Você sabe que o motivo de eu ter saído de casa e viajado pra outro país, foi me afastar pra minha mãe e pra Meghan não adoecerem mais ainda, e pra você não querer me jogar dentro de uma faculdade e me obrigar a fazer algo que eu nunca quis.

-VOCÊ ESCOLHERIA O CURSO-ele começou a gritar

-E VOCÊ ACHO REALMENTE QUE EU QUERO ESTAR EM UMA FACULDADE? – Comecei a gritar também

-VOCÊ PRECISA DE UMA PROFISSÃO

-EU TENHO UMA PROFISSÃO

-BRINCAR DE INTERPRETAR NA TELEVISÃO É UM HOBBY QUE VOCÊ ESTÁ LEVANDO A SÉRIO!

-Eu escolhi a minha profissão assim como você escolheu a sua.-Falei baixo- Essa é a minha decisão, e você não vai me obrigar a fazer outra coisa. Agora me dá licença, eu preciso arrumar as coisas pra voltar pra Vancouver.

-Vai e não volta!

Ele saiu do quarto e quando abriu a porta pude ver minha mãe na porta com os olhos marejados, fui até ela e a abracei.

-Essa é a sua casa, volta quando quiser.

-Mãe, eu não sei como vai ser quando terminar as gravações, mas eu não volto.

-Charlie.

-Mãe, eu tenho que adiantar a passagem.

Saí de casa com a cabeça cheia, chateado, sei que não havia necessidade e que tudo poderia ter sido feito pelo celular em casa mesmo, mas eu estava cheio, precisava sair de casa um pouco. Fui até a companhia aérea e comprei a passagem pra noite do mesmo dia, pedi pra que cancelasse a outra. Então liguei pro Owen.

~ligaçao~

-Gillespie!! – Ele falava animado

-Joyner. – Já eu não estava tão animado assim

-Char, aconteceu algo?

-Estou indo pra Vancouver hoje.

-Te encontro lá amanhã então.

-É aí a gente conversa.

-Mas vai ficar tudo bem?

-Vai sim-sorri com a preocupação do meu amigo-Vai ficar tudo bem. Valeu Owen

-Até amanhã cara.

Desliguei o telefone, fui em casa buscar minha mala, Meghan estava no meu quarto e quando me viu correu pra me abraçar.

-Você vai mesmo me deixar?

-Meg não faz isso. Você sabe que eu te amo e que você é a minha princesa mas não dá mais. Eu preciso trabalhar e depois ainda não sei como vai ser. – Peguei a mala

-Eu vou com você!

-Não vai!

-Vou sim.

-Não Meghan você não vai.

-Sim Charlie eu vou!

-Meghan Christine Gillespie deixa de ser teimosa e cabeça dura. Eu vou te ligar todos os dias, falar com você a todo momento. Mas agora você não vai comigo.

-Promete?

-Prometo! – Dei um beijo em sua cabeça e a abracei forte-Te amo Meg.

Saí de casa rumo ao aeroporto, coração estava pesado, eu não conseguia parar de chorar, minha cabeça um turbilhão de coisas se passavam.

Ano passado eu viajei pra fazer uma seção de fotos e fiquei um pouco mais na cidade, nesse período minha mãe teve depressão e acabou desenvolvendo síndrome do pânico, por que descobriu uma fraude da empresa do meu pai de milhões de dólares, e como eu estava longe o psicólogo disse que tudo foi somado pro quadro depressivo, e a Meghan tentou se matar duas vezes, fim do ensino médio, pressão na escola, pressão em casa, meu pai que não aceita o fato de nós termos escolhido a arte, o que em parte também é culpa do meu pai mas ele pôs toda a culpa na minha mãe, e quando eu voltei com todos esses problemas meu pai colocou toda a culpa em mim e eu acabei viajando de novo, fiquei um tempo na Flórida na casa da minha avó. E isso também me trouxe de volta as crises de ansiedade.

Alguns meses depois meu pai me pediu desculpa e eu voltei pra casa, mas parece que ele não cansa de jogar isso na minha cara. Ele era sim um pai que aconselhava, que corrigia e que as vezes podia até ser um bom pai, mas ele sempre volta a jogar tudo em cima de mim de novo. 

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