Taehyung estava a ponto de perder o controle. Para princípio de conversa, havia tido aquela reunião infernal com o pessoal da nova empresa de 'marketing' e eles queriam colocar o Papai Noel dançando. Isso mesmo: Papai Noel dançarino. E isso, em um comercial televisivo de vendas. Não sabia ao certo o que se passava na cabeça das pessoas. Natal era uma época mágica e reconfortante, época de sonhos e desejos puros, ao menos foi o que ele cresceu ouvindo e vivenciando. Daí vinha um louco querendo sabe o quê? Papai Noel dançando de sunga e óleo corporal, 'hunf'. Sério? Neva durante o natal, ou pelo menos deveria. Então por que o bom velhinho precisaria usar sunga, ter peitoral sarado e óleo bronzeador?
Ele havia assistido a vários vídeos feitos pelos candidatos e fora tão torturante quanto arrancar um dente sem anestesia. E olha que já havia acontecido no ensino médio quando caíra e batera a boca Vou na mesa, após ser empurrado por uma colegial maluca que não aceitava "não" como resposta.
Agora ali estava Taehyung, cansado, com fome, irritado, e pior, a caminho de casa, preso em uma nevasca, faltando poucos dias para véspera de Natal. E só para acrescentar, o aquecimento do carro estava falhando.
Nada estava dando certo.
Sentiu vontade de chorar.
Seu carro havia morrido na estrada e devido à tempestade não havia sinal no celular, nem bateria aliás. Pra ser sincero, Taehyung ao menos sabia onde estava. Não passava um carro naquele lugar desde sempre.
Perdido em seus devaneios e pensamentos tristes, se assustou ao ouvir uma batida na janela.
Os olhos escuros mais lindos que já tinha visto olhavam para si. E tudo em um rosto pálido e belo.
Ele estava tendo alucinações? Seria possível que anjos vagassem na neve? Capotou o carro na estrada e congelou?
Do outro lado, Jeongguk não acreditou quando viu o pequeno carro esporte na beira da estrada. Quem seria tolo suficiente de sair em uma nevasca? Os ventos eram fortes demais e cortantes. Ele mesmo não se sentia muito esperto, mas como dono da 'pub' local, precisava sair, e esse era o seu motivo. Mas que motivo teria alguém, dirigindo uma lata de sardinha, para sair naquele tempo? E pior, sem equipamento próprio? Os pneus do carro parado nem tinham travas de segurança, não que fossem ajudar no seu ponto de vista.
Praguejando e descendo do seu carro, Jeongguk caminhou até a janela e bateu ali. Um rapaz moreno, que lhe pareceu lindo e assustado, olhou para ele através do vidro.
O dono da 'pub' se assustou ao deparar-se com aqueles olhos e com aquela boca. Com o homem tolo. Um belo homem tolo.
Jeongguk estava fodido.
Taehyung abriu um pouco a janela e disse:
- Em que posso ajudar você?
Arqueando as sobrancelhas, Jeongguk retrucou:
- Você que está parado no meio de uma nevasca moço, não eu. Então quem precisa de ajuda é você. Venha comigo.
Olhando para a neve que aumentava, e em seguida para ele, que não parecia ser um serial killer - não que Taehyung conhecesse algum - desceu do carro desejando estar com algo mais quente logo trancando as portas e correndo atrás do estranho, e que estranho. Este que o esperava com a porta da caminhonete aberta. Entraram em silêncio e o rapaz aumentou o aquecedor, o que Taehyung agradeceu pois sentiu o ar quente o envolver como um carinho.
Esfregando as mãos disse:
- Obrigado senhor. Eu sou Kim Taehyung.
- Prazer Taehyung, eu sou Jeon Jeongguk. O que você fazia parado no meio do nada? - Perguntou.
- Indo para Sunset. Está perto? Eu não queria me atrasar. - Perguntou dando de ombros.
Jeongguk olhou o rapaz e riu. Riu muito.
- Dirigindo pela 215? Moço eu não sei qual o seu senso de direção, mas Sunset fica na
315 e a oeste daqui. E bem longe diga-se de passagem. Muito longe, longe... sabe o burro do Shrek? Ele ficaria 3 vezes mais entediado com a distância do que no desenho.
Taehyung olhou para ele pasmo e soltou um palavrão que fez o dono da pub rir ainda mais. Abusado.
Constrangido Taehyung estava prestes a bater com a cabeça do motorista, na janela, ou algo pior, quando ele estacionou em frente a uma espécie de pub. Onde se lia: Lar da Rabanada. Taehyung olhou novamente para ver se tinha lido certo e enfim olhou para o rapaz ao seu lado:
- Lar da Rabanada. Sério? Como se coloca o nome "Lar da Rabanada" em um bar? Como?
Jeongguk deu de ombros enquanto abria a porta para que o estranho entrasse na sua frente e observou quando Taehyung parou admirado observando o local. Seu peito se encheu de orgulho. Aquele lugar era sua vida, sua casa. Seu extremo orgulho.
Luzes enfeitavam todo o lugar. Da cozinha vinha o cheiro de massa frita, canela e especiarias.
Apesar da neve lá fora, havia muitas pessoas ali. Todas bebendo, conversando e é claro comendo as rabanadas de Jennie.
- Ei Jeongguk, onde você achou o rapaz? Ele vai congelar nesse frio. - Daniel, um senhor de idade, gritou - Olhe essas roupas!
Jeongguk deu de ombros antes de dizer:
- Ele julgava que estava indo para Sunset. Pela 115.
Houve um súbito silêncio e de repente explosões de gargalhadas.
Taehyung corou e disse zangado:
- Eu apenas me perdi um pouco. Quem não se perde na vida?
- Se perder um pouco é quando entramos na rua errada. Você, criança, desviou cerca de 600 km na estrada errada. - Jennie que vinha da cozinha disse à ele.
Taehyung que já estava exausto, olhou aquelas pessoas rindo dele e não aguentou mais. Caiu no choro. Jeongguk logo agiu...
[°°°]
Nesse momento Lisa o interrompeu perguntando:
- Como o sinhô se peldeu? Não sabia lê vovô? Que bobinho.
Taehyung riu e continuou a contar a história, mas pensou ter escutado o riso de Jeongguk vindo do quintal, assim como dos filhos. Sorriu de volta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu inesquecível Natal - Taekook
FanfictionUma nevasca... Um carro perdido na neve... Um herói sem armadura. Taehyung está em meio a uma nevasca, indo na direção oposta ao seu destino. Ou pelo menos ao que ele achava ser seu destino. Já Jeongguk não conseguia acreditar no que seus olhos viam...