Dangerous Woman [Mulan] - Dylan Wang

f o u r

Um mês e meio depois.

— Vou querer um Frango Xadrez, senhor Conselheiro Imperial. — disse um homem gordinho ao meu lado, em deboche. Logo todos os nossos colegas caíram na risada. Olho a todos calmamente, tentando segurar a risada ao ver as expressões de Chi-fu, o "honorável Conselheiro Imperial" como o mesmo diz.

E foi ele quem entregou o decreto ao meu bába e foi extremamente rude. Maldito magricela!

— Vou querer um Yakissoba, por favor, Conselheiro Imperial. — disse Zhou com um sorriso divertido. Nos encaramos de soslaio e caímos na risada. É difícil manter a compostura perto dele. — Ele parece ainda mais irritado dessa vez. — comenta baixinho. Observo o conselheiro magricela e o percebo extremamente irritado, fazendo bico e batendo o pé de forma birrenta.

— Ele achou mesmo que levaríamos o fato dele exigir comidas chiques e caras enquanto todos nós comemos arroz cozido com ovos numa boa? — pergunto de forma retórica, virando o rosto para encarar Zhou. Ele nega com a cabeça rindo. Dou um leve empurrão de ombros nele, ouvindo-o estalar a língua indignado. Cruzo levemente os braços, sorrindo.

Todos os homens que estavam em fila em espera do comandante passam a rir ainda mais com suas piadas internas e saírem da posição que tanto clama o atrevido.

Chi-fu perde a paciência, caminhando ligeiro para o outro lado do campo. Anotando tudo ao redor em seu pergaminho. Já foi tarde.

— Você acha que o comandante vai nos ensinar algo novo hoje? — pergunta Zhou, chamando-me a atenção. Tombo a cabeça um pouco para o lado, pensativa.

— Olha, eu sinceramente, espero que não. Essas semanas ele já nos passou muita coisa. Desde subir uma montanha com baldes de água nas mãos até Kan-shu'. — respondo-o. Massageio levemente minha nuca, encarando-o novamente. — Ele podia nos dar um descanso, não é? Meu corpo clama por uma pomada de folhas de hortelã. Há dor por toda parte. — digo cansada. Ele concorda em um aceno. — Está vendo esse movimento? — levanto meu braço direito, sentindo-o doer um pouco. — Dói demais. Parece que uma tropa de macacos filhotes deram socos incansavelmente em todo meu corpo! — exclamo dramática, fazendo-o rir. Dessa vez ele riu um pouco mais alto, chamando atenção. Passo os olhos ao redor e vejo alguns homens nos observando. Entre eles o comandante atrevido. Arregalo meus olhos, dando um leve tapa no braço de Zhou. — O Leensuportável chegou. — aviso-o baixinho, escutando o mesmo pigarrear e cessar os risos.

— Soldados! — brada Shang, cessando todo o burburinho que existia. — Se bem me lembro, os mandei ficar em ordem todas as manhãs. — disse andando na frente de todos nós. Seus olhos percorrem a todos aqui presentes, parecendo sérios. Sua boca está em uma linha reta e suas sobrancelhas estão franzidas. Ou seja, ele está totalmente irritado. — Andem, em ordem! — exclama em tom alto. Todos nós o obedecemos, tirando um baixinho barbudo. — Liang, por que não está em posição? — pergunta impaciente. Liang pôs-se a grunhir irritado, ficando em posição. Shang parece satisfeito, caminhando até uma pequena mesa com algumas flechas e um grande arco sobre a mesma.

— É o cúmulo do ridículo seguir ordens de um garoto de dezenove anos. — resmunga Liang, com um tom desgostoso. Encaro-o assustada, perguntando-me se ele tem noção de que disse aquilo em um tom audível. Volto o olhar sobre o comandante, notando o mesmo já estar em nossa frente novamente.

— Se estou como seu superior, Liang, é porquê mereci. — retruca em tom calmo. Esperava gritos. Continuo o olhando, totalmente surpresa. — Treino desde os meus dez anos. E por conta disso, sei todos os tipos de artes marciais de nosso país. — disse enquanto coloca uma flecha em posição no arco, mirando-o no chão. — E ainda assim, estou aqui para treinar vocês, mesmo tendo capacidade para estar batalhando no melhor esquadrão de nosso exército. Mas nem por isso vocês me veem sendo arrogante com algum de vocês, não é? Até porque eu só quero o bem de todos nós e de nossas famílias. — abre um leve sorriso. Todos ficam em silêncio, e espero eu, que estejam refletindo. Sinto que fui grosseira em ter o desrespeitado... Logo o vejo mirar o arco em direção de Liang, fazendo todos soltarem sussurros em espanto. Arregalo os olhos apreensiva, decidindo desviar o olhar para o lado oposto. E enfim escuto o som da flecha acertar algo. Coloco as mãos sobre a boca, abafando meu grito. Não esperava que ele fosse esse monstro. Aquele discurso todo foi uma mentira, que garoto asqueroso! — Está tudo bem, Ping?