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— Detetive Willows, acabamos de receber isto. – O policial entregou á detetive um envelope amarelado desasseado, sem conter um selo ou mesmo remetente; a única informação cuja carta continha era o destinatário: Detetive Cat Willows, DHPP Oxford.

— Coloque na minha mesa, por favor, sr. Lewis. – O envelope foi posto sobre a grande e rústica mesa de madeira da pequena sala sem janelas. Cat observou por alguns instantes a correspondência – se é que poderia ser considerada uma – com a ajuda de uma régua, retirou a cola da dobra da carta, abrindo-a. Dentro, um pequeno pedaço de papel empoeirado e já quase se decompondo, contendo apenas duas letras e quatro numerais: HS 0255.

Deixou o pequeno pedaço de papel sobre a mesa e levou sua caneta contra os lábios, mordiscando a tampa do objeto; uma mania que adquirira desde que passou a sofrer alguns ataques de ansiedade decorrentes do stress do seu trabalho. Cat era detetive há quase vinte anos e recentemente enfrentara ondas de violência. Assassinatos, tráfico, estelionato, sequestros, aliciamento, etc. Em menos de dois meses, investigara e formalizara mais de quinze mandados de prisão para tais criminosos. Mas, o que significava esta pequena carta em anonimato? HS, talvez o nome de uma rua ou bairro? Um local, como um comércio, uma praça, uma loja? 0255, seria o número de uma residência ou telefone?

"Residências não começam com o número zero "– pensou. "Talvez algum lunático membro de alguma facção querendo intimidar o departamento policial de Oxford em forma de protesto pelas recentes prisões? Ou simplesmente alguém querendo atrair a atenção da mídia para jornais e rádios? "

— Não me importo com essas porcarias, tenho mais o que fazer. – Balbuciou quase que em fúria e amassou o pedaço de papel junto com o envelope e atirou rapidamente dentro do pequeno cesto de lixo da sua sala.

Fitou o relógio de parede e notou que faltavam apenas quinze minutos para o fim do seu turno. Levantou-se da cadeira, enquanto fiscalizava algumas fichas que, sobre a mesa, se encontravam. Retirou algumas mechas de cabelo que insistiam em cair sobre seu rosto e apanhou seu cachecol de cor azul marinho, a mesma do paletó que trajava naquele dia caía perfeitamente com o tom azul mais claro da camisa. Levou consigo uma pasta que continha uma investigação em andamento. Saiu da pequena sala, deixando para trás a sua mesa, máquina de escrever, relógio e cadeira de couro aveludada. Fechou por trás de si a porta do local, desfilou por entre as pequenas mesas dos seus colegas de trabalho; ao passar pela portaria do local despediu-se gentilmente do policial responsável pelo setor, Sr. Lewis, quem a cumprimentou e desejou bom descanso. Checou o relógio de pulso, qual marcava exatamente seis horas da tarde e cinquenta e cinco minutos.

Após cerca de quarenta minutos de estrada, dirigindo seu charmoso chevrolet 210, encontrava-se em sua residência. Deixou a pasta com o processo investigativo sobre uma charmosa mesa de centro arredondada de cor mogno, com a cobertura de vidro, caminhou até sua pequena cozinha com móveis produzidos pelo seu falecido pai, que era um carpinteiro talentoso e bem sucedido da região; Abriu uma das portas do armário suspenso e retirou dali uma garrafa de Gin, servindo-se de uma generosa dose. Despiu-se do cachecol e do paletó. Sobre o balcão da pequena cozinha, encontrava-se uma cigarreira contendo alguns cigarros e um cinzeiro. Sentou-se em uma das banquetas altas, como as dos bares na época e deliciou-se de seu tão merecido descanso. 

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