II

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— Detetive Kingsley! Detetive Kingsley! – Um dos policiais batia incessantemente na porta da sala de Roy, o detetive responsável pelo segundo turno do departamento de homicídios de Oxford. Kingsley era detetive há quase trinta e cinco anos e iniciara a carreira ainda jovem, na década de vinte. Era um homem de meia idade e sua principal característica era o cabelo levemente grisalho e cuidadosamente penteado. Costumava a não usar barba – o que na sua concepção era sinal de descuido e desleixo – trazia consigo sempre um fedora e uma caixa de charutos cubanos. Kingsley aparentava ser um homem rude, mas, no fundo era solitário e tranquilo. Ajeitou sua gravata, afrouxando o nó e ordenou que o policial que tanto insistia adentrasse a sua sala.

— Detetive, desculpe o incomodo, mas um corpo acabou de ser encontrado pelos policiais que faziam a ronda noturna nas ruas de St. Clement. Até onde se sabe, o corpo é de uma mulher.

— Chame reforços. Vou me deslocar até o local. – Apressou Kingsley, pegando rapidamente sua caixa de charutos, bloco de anotações, caneta e seu chapéu, vestindo-o.

Chegou ao local cerca de vinte ou vinte e cinco minutos, fitou o relógio de pulso e este apontava por volta das três e quinze da manhã. Desceu da viatura, e em passos largos e apressados, aproximou-se da cena do crime. Houve um breve tumulto entre os policiais e alguns beberrões curiosos na rua, pois, sem sobriedade, queriam olhar a cena do crime.

Kingsley aproximou-se do cadáver e concluiu a violência do assassinato: Uma mulher, totalmente desfigurada, se encontrava semi nua, posta na escadaria da igreja do bairro. Haviam lhe removido a mandíbula e língua; seus pertences pessoais estavam intactos ao seu lado. Kingsley apanhou rapidamente a bolsa da vítima e encontrou, então, seus documentos pessoais: Srta. Hope Summers, trinta anos. Os demais policiais recolhiam amostras e outras supostas pistas, outros indagavam-se quem poderia ter praticado tal atrocidade.

— Algum de vocês viu movimentações suspeitas nas ruas?

— Não, senhor. Estávamos fazendo a ronda comum, como todos os dias e encontramos o cadáver. A princípio pensamos que poderia ser algum boêmio bêbado que buscasse abrigo nas escadarias da igreja e acabou adormecendo, chamamos e, como não houve nenhuma resposta, nos aproximamos e deparamos com isto. – Concluiu um dos policiais.

— Nenhum carro? Ninguém nas ruas? – embravecido, perguntou aos policiais novamente.

— Não, senhor. – responderam-no.

— Não é possível! Como alguém é capaz de colocar um cadáver nesse estado em frente à uma igreja sem ser visto nas redondezas? Vocês são incompetentes!

A perícia ainda tirava inúmeras fotografias para registrar e investigar o fato. O detetive voltou para a sua viatura enquanto observava a movimentação dos policiais e curiosos no local. Fez algumas anotações em seu pequeno e simples bloco, guardando-o no bolso do sobretudo e, em seguida sacou um dos seus charutos e acendeu-o. Abaixou levemente a aba do chapéu como forma de despedida aos demais policiais. Entrou no veículo e partiu-se, enquanto pensava em possibilidades para tal crime. Trouxe consigo a bolsa da vítima, para que pudesse, pela manhã, aliar-se á Cat e, com sua sagacidade, concluir alguma coisa. 

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⏰ Última atualização: Jan 15, 2021 ⏰

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