Taekook
"Ele me deixava sem ar. Com seus olhos que me consumiam por completo, queimando tudo por dentro, como malditos buracos negros, inexplicáveis de um jeito que eu tinha certeza de nunca ter visto antes, nem nunca veria em outra pessoa, brilhant...
Música do capítulo: Break Point - Bullet For My Valentine
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"Spitting out my (poison) Acidic taste on the tip of my tongue"
Abri meus olhos em um repente assustado, e assim que completei a ação a primeira coisa que enxerguei o teto desfocado. Sentei e a sensação de que tudo estava fora do lugar só piorou.
Minha cabeça rodava como um maldito carrossel.
— Inferno. — Praguejei sentindo minha garganta raspar. A essa altura eu já deveria estar mais do que acostumado a me sentir dessa forma.
Ressacas não eram nada novo no meu mundo. E com isso também vinha aquela sensação bem familiar de que meu interior estava todo se revirando.
Tropecei para fora da cama assim que as coisas voltaram a ficar imóveis, fazendo um caminho direto para o banheiro, que por graças era apenas meu. Sem dúvida a maior vantagem de morar com Eunwoo era não ter que dividir o banheiro com mais ninguém.
Sem o olhar desdenhoso de Sunhie me seguindo.
Com esse pensamento aleatório, não hesitei nem por um segundo antes de me ajoelhar em frente ao vaso sanitário, abaixei a cabeça e assim que abri a boca o jato de vômito escuro e amargo saiu.
Durou pouco, mas meu auto—desprezo estava apenas começando.
Levantei ainda me sentindo fraco, o meu reflexo no espelho enorme na parede oposta me encarava de volta impassível, enquanto escovava meus dentes. Afastei meus cabelos do pescoço e puxei a gola da minha camiseta, mirei com atenção as marcas vermelhas, as toquei apenas para sentir a pontada de dor me arrepiar por inteiro.
Para alguém tão reservado, Yugyeom havia feito um ótimo trabalho. Tinha sido uma boa foda.
Meus dedos contornaram os arranhões nas minhas coxas, subindo pela barra da minha boxer... Até parar acima do osso direito do meu quadril. Toquei a tatuagem se destacando negra e perfeita em contraste com a minha pele, marcada eternamente ali.
Pisquei como se estivesse acordando novamente.
Abri o registro do chuveiro antes de me livrar de vez da minha camiseta e da minha boxer. Entrei em baixo da água fria fazendo meus mamilos enrijesserem, pareciam pontas de alfinetes perfurando minha pele centenas de vezes em um mesmo instante.
Flashes da noite passada pipocavam por trás das minhas pálpebras, me senti enjoado novamente ao lembrar de ter engolido o maldito tablete de LSD...
— Merda! — Soquei com toda força a parede de azulejos, a dor se espalhou aguda e instantânea me fazendo cair sentado no chão.
Encolhi meus joelhos em direção ao meu peito, tudo parecia doer, mas isso não tinha nada ver com a minha mão.
Não sei quanto tempo passei apenas inerte, sentado no piso com água fria caindo na minha cabeça. Os pensamentos se misturavam, mudos, altos, rápidos, uma bagunça.
Patético.
Levantei fechando o chuveiro e observando minha mão, o soco não havia sido forte o suficiente para partir a pele, mas os hematomas roxos já começavam a se formar sobre os nós dos meus dedos.
Violeta era uma cor bonita.
Me enrolei na toalha, a passando sem delicadeza por todo meu corpo antes de enfiar a primeira calça e suéter, de gola alta, que encontrei no meu guarda roupa.
Meu celular vibrou indicando ter recebido uma nova mensagem.
De: Min — Espero realmente que você esteja vivo ainda.
Revirei meus olhos destrancado a porta.
Para: Min — Você não pode nem imaginar.
Deixei o quarto, minha boca estava seca e minha cabeça latejava a cada novo passo que eu dava, era uma sensação literalmente fantástica.
Quanto de chance de sucesso será que eu teria se implorasse para Eunwoo me arranjar algum tipo de analgésico?
Eu havia chegado as exatas 04:30 hrs da madrugada, e apesar de eu ter caído no chão da sala mais de uma vez e demorado eras para conseguir subir as escadas, eu não tinha tido nenhum sinal de que Eunwoo havia visto que eu havia saído da casa... Até agora, pelo menos.
Por coincidência, ouvi a voz grave, assim que pisei no segundo andar. Segui o pequeno corredor ao lado da cozinha, parando na porta entreaberta do que haviam me dito ser o escritório de Eunwoo, porém eu nunca havia chegado a ver o tal cômodo por dentro. Pela fresta na porta eu podia ver Eunwoo sentado atrás de uma mesa, ele estava com a mão cobrindo o rosto e um telefone na orelha.
— Precisamos encontrar esse garoto... — Ele parecia cansado. — Ele estava na cena do crime e é o acusado pelo réu, não pode simplesmente ter evaporado! — Dei um pulo involuntário quando ele de repente bateu o punho na mesa. — Não vai haver confissão nenhuma, por que ele não é malditamente culpado, droga!
Arregalei meus olhos, ainda era fascinante ver Eunwoo perdendo a compostura que parecia ter vindo de fábrica com ele.
— Seja em qualquer lugar que ele tenha se enfiado, nós vamos encontrar o Lee!
Me afastei, seja lá qual fosse o caso, parecia que ainda iria dar muita dor de cabeça a Eunwoo... E por algum motivo isso me dava uma alegria doentia.
Tirei uma lata de Coca—Cola da geladeira e me sentei no balcão, o dia do lado de fora estava estranhamente brilhante, como se até Seul estivesse querendo debochar da minha ressaca.
— Até que enfim você acordou. — O outro habitante da casa apareceu ainda de óculos e com alguns papéis nas mãos. — Se arrume, vamos sair.
— Como? — Cuspi em chinês automaticamente, por pouco não me engasguei com o refrigerante. — Sua família não iria vir aqui hoje?
Eunwoo apenas suspirou parecendo duplamente esgotado. E a lembrança dos Kim fez um estalo soar dentro da minha cabeça.
— Hyeon comentou com um casal de amigos sobre a sua chegada, eles querem conhecer você, Jungkook...
— Espera, você, Jeon Eunwoo quer realmente me mostrar para os seus amigos? — Coloquei uma mão no peito.
— Não tenho tempo para o seu cinismo agora. Os Choi são pessoas simpáticas e gentis, e eu agradeceria se você se comporta—se da mesma forma com eles.
— Me parece uma tarefa muito além das minhas habilidades de filho desajustado. — Apontei balançando minhas pernas no balcão.
— Jungkook... — Ele tirou os óculos e apertou a ponte do nariz. Esperei ele dizer mais alguma coisa, ou me ordenar a fazer o que ele queria. — Ligarei para Hyeon desmarcar. — Ele disse por fim, já indo em direção ao escritório.
— Eu vou. — Pulei do balcão, passando reto pelo velhote sem esperar resposta e indo em direção a escada.
Eu não passaria a oportunidade de encontrar Kim Taehyung por nada nesse mundo.