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Para: Louis

Meu amor, se tu soubesses à quanto tempo que eu estava à espera disto, de facto não sei o que responder porque sou incapaz de descrever a felicidade que me está a preencher neste momento, Lou, eu amo-te tanto.

Desculpa se te estou a fazer sofrer, sinto-me horrível por isso, eu juro que não fiz nada disto com tanto intenção de magoar ninguém, muito menos a ti, mil desculpas mas eu também não sabia que tinhas desenvolvido este sentimento por mim. Desculpa mais uma vez.

Louis? Obrigada por me amares.

Isto aqui é tão assustador, é tudo tão escuro, tão fechado, as pessoas tão solitárias, tão pálidas, tão assustadas e magoadas. Isto não é o meu mundo, isto não sou eu, não sou.

Tenho um companheiro de quarto que também está a sofrer de uma depressão profunda, mas parece que vai embora para a semana porque tem vindo a recuperar bastante de uma forma rápida, fico feliz por ele, nota-se que é um bom menino, sempre pronto a ajudar os outros  é muito simples, o nome dele é Niall Horan. Ainda não sei o que o levou à depressão mas também por vezes quando falamos eu evito aprofundar o assunto porque tenho medo de o magoar ou deixá-lo triste, vê-se que ele é bastante sensível, enfim, cada coisa a seu tempo, não é?

Minha mãe veio visitar-me a semana passada e disse-me também que te tinha encontrado no super mercado e que tinhas chorado... Chorei junto contigo, sabias? Eu sinto, eu sinto-te.

Várias coisas se foram acumulando na minha cabeça e eu não consegui controlar os meus sentimentos nem as minhas emoções, perdi o controlo de mim mesmo, não sei de facto o que me levou a isto. Talvez foi a falta de amor, a falta de te sentir, a tua ausência, vai-se lá saber não é?

Está sendo tudo tão difícil e complexo, já fui a algumas consultas e foram-me entregues algumas caixas de comprimidos para eu tomar todos os dias, um de cada caixa e não posso falhar nem um.

Eu vou contar-te uma coisa mas preciso que antes me prometas que não me vais achar nem chamar de louco e que não me vais deixar nem te afastar de mim de novo.

Prometes?

Jura do dedinho?

Sabes quando uma pessoa está machucada e tudo deixa de fazer sentido? Quando a vida tá uma bagunça? Quando o coração fica partido aos mil pedaçinhos, bem pequeninos como um vidro quebrado brutalmente? Quando tu próprio já não te reconhecesse e deixas que o desespero seja o dominante de tudo em ti? É, Lou, eu tenho vindo a sentir-me assim. Eu comecei a automutilar-me, eu não aguentei tanta dor dentro de mim, eu juro que tentei engolir as coisas ruins que a vida me meteu na frente mas eu não consegui, desculpa.

Cortes. Automutilação. Por os nomes já parece doer, não é?

Provavelmente deves estar a perguntar como isto não me doeu e como eu tive coragem... Bem, de facto não me doeu porque enquanto eu estava a fazê-lo eu por instantes esquecia a dor interior e só me conseguia concentrar no meu braço feito um lago de sangue. Desculpa se te desiludi mais uma vez.

Aquilo começou a ser cada vez mais frequente , era como se precisasse disso para viver, não sei, é confuso, Lou, eu estou chorando tanto.

Quando eu olhava o teu sorriso, quando eu encarava os teus olhos eu esquecia as coisas ruins. É ruim saber que talvez eu não te mereça de volta. Se eu pudesse voltar atrás no tempo e fazer tudo diferente, eu nunca teria deixado que isto acontecesse, porque dói. Dói não te ter aqui, dói chorar e saber que não estás mais aqui para me acalmar e para me dizer que vai ficar tudo bem e que tudo vai dar certo. Eu tenho tanto medo, Lou, eu estou tão assustado. Merda, eu preciso tanto de ti.

E se nada ficar bem? E se eu não conseguir ultrapassar isto? E se eu desistir? Como vai ser?

Louis, independentemente de tudo, por favor nunca te esqueças que eu te amo bem acima de tudo, por favor nunca pares de sorrir, não percas o brilho dos teus olhos só porque tudo está do avesso, por favor, tudo em ti é tudo o que tenho nesta vida.

Nunca te esqueças de uma coisa: se alguma coisa der errado e eu partir, eu vou estar bem lá encima para te guiar, para te olhar e ver sorrir, para segurar na tua quando adormeceres e para te pegar ao colo quando tu perderes as forças para continuar, pequeno Tommo.

Amo-te bem mais que qualquer outra coisa neste mundo, espera por mim, espera-me porque em breve estaremos em nossa casa a educar os nossos filhinhos.

Meu amor.

(Enviada)

Letters  (l.s)Onde histórias criam vida. Descubra agora