Escuridão azeviche

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As trevas que se aproximavam traziam consigo uma escuridão que se contorcia, negras como azeviche -- Esse foi o momento em que minha vida caiu em desordem.

Nonoka: "Miki! Amanhã é nosso dia de folga, então quero que passe o dia comigo!"

Nonoka Nishijima, minha melhor amiga desde o colegial, me puxava forçosamente consigo pela cidade tingida de vermelho pelo sol poente.

Nonoka: "Hoje farei você compensar por todo o tempo que não pudemos conversar até agora!"

Miki: "Já entendi, Nonoka. Pode me soltar. Vou com você de um jeito ou de outro..."

Sorri de esguelha para Nonoka e esfreguei o local no meu braço que ficará vermelho com sua pegada apertada.

Nonoka: "Ok! Definitivamente não a deixarei ir para casa hoje!"

Nonoka sorriu animadamente para mim.

(Faz um tempo que não converso com Nonoka assim...)

Pensei comigo, e sorri de volta para Nonoka, que estava sorrindo do mesmo jeito de sempre.

Como estive tão ocupada, a primavera do meu quarto ano de faculdade passou sem que eu nem me desse conta.

Estava ocupada com meu estágio e os estudos para meu bacharelado em Pedagogia, então comecei a morar sozinha em meu apartamento próximo à minha universidade.

Morar sozinha pela primeira vez me fazia sentir solitária às vezes, mas também era divertido.

Finalmente voltei para casa pela primeira vez em bastante tempo durante para a Golden Week.

Descobri o anel da minha falecida avó no dia em que vim para casa.

Minha avó morreu ano passado. Ela era gentil, sempre sorridente, e ainda era linda aos 80 anos de idade... Eu a amava.

Estava mais ocupada do que nunca estudando para a universidade, então decidi dar um tempo e ir para o quarto de minha avó para espairecer.

Ainda dava para sentir seu cheiro suave no quarto. Deitei no tatami em seu quarto.

(É como se ela ainda estivesse aqui - que reconfortante...)

Pensei isso e fechei os olhos, quando --

Algo pequeno caiu no chão.

Levantei e procurei pelo quarto triste e vi algo brilhando no canto.

(O que é aquilo?)

Me aproximei para pegá-lo. Era um lindo anel com uma pedra - tão vermelha que parecia ser capaz de puxar você para dentro de si.

O vermelho profundo era tão lindo que me cativou ao ponto de não conseguir desviar os olhos.

Achei estranho, mas ainda assim o coloquei no meu dedo anelar esquerdo.

(Uau, o tamanho é perfeito! O que é isso? Era da minha avó?)

(Vou perguntar para mamãe se posso fazer dele um colar para usar como lembrança.)

Saí do quarto segurando-o de forma cara com isso em mente. Porém, daquela noite em diante comecei a ter sonhos estranhos.

Podia ouvir gemidos e grunhidos que soavam como algum tremor na terra.

Em meio à escuridão azeviche... estava alguém coberto em uma escuridão ainda mais profunda... e que tinha olhos vermelhos intensos como a cor da pedra do anel...

Toda noite, eu acordava assustada com esse pesadelo. O medo, ansiedade, e alívio ao acordar faziam com que eu não conseguisse voltar a dormir.

E daí qualquer que fosse a sensação que me atacara ao mesmo tempo me deixou doente. Só recentemente comecei a me sentir melhor.

Caçadores do CrepúsculoOnde histórias criam vida. Descubra agora