I wanna be yours • Drarry

1- Prólogo

1 de Setembro de 1996, Harry Potter

Era o primeiro dia do sexto ano de Harry em Hogwarts. Eles tinham chegado no fim da tarde e depois da cerimônia dos primeiristas e do jantar, voltavam a seus dormitórios como Dumbledore ordenou.

Harry somente conseguia pensar nos olhares que um certo sonserino o havia lançado durante a refeição. Não que ele tivesse entendido as intenções por trás daqueles olhos gélidos. Talvez fosse raiva, rancor ou desprezo, apenas como de costume. Ou talvez estivesse tramando algo contra ele, mas não importava, ele iria descobrir. Ele não entendia por que, mas desde que colocou os pés no Expresso de Hogwarts naquele mesmo dia, sentia que esse ano seria diferente de várias formas em sua vida.

Andava pelos corredores acompanhado de Ron e Hermione, que estavam mais próximos do que nunca. Seus olhos brilhavam ao olhar um para o outro, como nunca haviam brilhado antes. Harry sabia o que aquilo significava, pois viu o relacionamento afetivo dos seus dois melhores amigos evoluir gradativamente durante seis anos. Viu Hermione abraçar Ron na morte de Bicuço, segurar sua mão quando estava com medo e chorar por não ter a atenção e o carinho que queria do ruivo. Viu Ron confortá-la e protegê-la nos piores momentos, ter um ataque de ciúmes quando a viu com Vitor Krum dançando lindamente no baile e chamar seu nome quando alucinava na enfermaria depois de ser envenenado.

Ele viu uma história inteira de amor, e ainda assim, não sabia o que era ser amado. Ele queria isso para si. Queria ver o mundo mais colorido, sentir as borboletas no estômago, o arrepio na pele e o frio na barriga. Queria ter um amor como o que sabia que seus pais tiveram. Será que algum dia viveria algo parecido? Seria merecedor de algo tão intenso e especial como esse sentimento? Ele iria viver o bastante para nutrir esse sentimento por alguém? Alguém poderia amá-lo daquela forma? Ele tinha tantas perguntas e nenhuma resposta. Sabia que aquilo tudo era uma grande bobagem perto do que realmente estava acontecendo na sua vida, mas no fundo sabia que seu coração gritava por amor.

- Pode ir na frente Harry, já estou indo. - Ron disse pegando Hermione pela mão e sumindo com ela atrás de uma parede.

Chegou perto dos dormitórios, agora sozinho apenas na sua própria companhia, e entrou. Seamus, Dean e Neville jaziam deitados conversando, então seguiu para seu banho e sua higiene pessoal.

Já deitado na cama, sua mente trabalhava sem parar. Ele ficou sozinho por tantos anos de sua vida, e ainda assim esse era seu maior medo. Depois que conheceu o sentimento de amizade, afeto e companhia, tinha medo de que algum dia percebessem o quão irritante ele era e fizessem o mesmo que seus tios e seu primo. Tinha medo de ficar sozinho mesmo que as vezes a solidão fosse sua melhor amiga.

Suas mãos suavam, seu coração batia forte e ele se sentia inquieto. Depois de algum tempo assim ele finalmente entendeu que dormir não era uma alternativa quando seu próprio corpo o sabotava.

Levantou, pegou seus óculos e sua Capa da Invisibilidade, decidido que daria uma volta na escola para pensar e então voltaria ao dormitório na esperança de que já estivesse com sono.

Calmamente saiu do dormitório e andou em direção a Torre de Astronomia, onde ele sabia que conseguiria pensar melhor. Queria paz, ou pelo menos algo parecido. Queria sentir seu peito mais leve, seu coração menos apertado e sua cabeça mais limpa.

Subiu as escadas, andou calmamente até a sacada da torre e tirou a capa. Quando finalmente sentiu o vento no seu rosto, deixou que uma lágrima escorresse de seus olhos. Estava cansado e sabia que não poderia estar, não poderia ser egoísta a esse ponto. Sabia que tinha muito pela frente, que muitas vidas dependiam dele e que deveria enfrentar aquilo que mais o atormentava. Ele era o escolhido. Não queria ser, mas era. Queria se livrar daquele fardo. Desejava a todo momento fechar os olhos e nunca mais precisar abri-los, mesmo que isso significasse a escuridão perpétua. Talvez até a escuridão trouxesse mais paz a ele do que viver do jeito que vivia.