-desistir-

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Desistir,
essa palavra sai de minha boca de forma tão harmoniosa,
que as vezes realmente penso que ela é de certa forma graciosa,
queria poder dizer que não quero ir,
eu realmente quero descobrir o que existe depois disso, será que vamos desaparecer?
queria que depois tudo isso fosse embora, e ficasse apenas eu, livre das prisões da minha mente
liberdade, certo?
algo que todos anseiam ter,
mas nenhum tem, chega a ser irônico tal coisa
mas o que é liberdade?
como todos tem tanta certeza de seu significado se nunca conseguirem tê-la?
Essas palavras rondam minha mente de modo contínuo, não consigo pensar em nada além do fato de que desistir agora não seria ruim, a tal esperança que todos disseram pra mim que nunca morreria ou nunca deixaria de estar comigo, se foi, junto a todo o resto de mim, junto com o balão imaginário, que já se estourou a tanto tempo, que até eu  estou começando a esquecê-lo, eu não sei mais, minha mente me mantém aprisionado nessa imensidão de pensamentos que a cada dia me fazem esquecer quem eu sou, porque estou aqui, acho que isso é por eu ser um covarde, porque eu ainda não acabei com essa dor lancinante, é tão fácil, eu não vou sentir nem um terço da dor que agora vive junto a mim, então porque eu sou tão covarde a ponto de não conseguir apenas pular o muro que me afasta do que eu tanto anseio, eu não aguento mais, tudo está embaçado, não consigo enxergar ninguém nitidamente, não consigo me olhar no espelho sem ver um desconhecido, não consigo andar sem ficar zonzo, eu não quero aceitar que está acabando, que todos os motivos, razões, momentos se foram num doloroso piscar de olhos, eu só quero voar, talvez eu deveria tentar, será que a adrenalina iria me fazer me sentir bem? será que o vento percorrendo meu rosto e bagunçando os meus cabelos me fariam sentir a liberdade? será que eu iria conseguir sair da gaiola que eu mesmo me aprisionei? são tantas perguntas, e eu não sei se quer uma resposta, não tenho uma certeza, apenas uma mente cheia de incertezas, apenas uma mente vaga de conclusões, apenas hipóteses, talvez todos esses pensamentos se transformarism num lindo poema, que iria fazer os outros achar a dor bonita, que até poderiam encontrar a resposta da liberdade nele, talvez descobririam que ela não existe, talvez eles teriam o momento do vento no rosto que bagunça os cabelos e esvazia sua mente, talvez tudo isso que sentem fosse embora junto a mim, e restariam apenas as palavras bonitas em suas mentes, o que já é suficiente para mim, apenas as palavras bonitas.
  Mas com o tempo todo o brilho que existia dentro de mim,
parece estar sendo consumido lentamente
e tudo o que está restando de mim é o exterior, a carcaça, o esqueleto
as vezes nem minha mente consegue raciocinar ,
meu corpo se acostumou a só parar
e eu tenho que improvisar,
não consigo nem falar sem a voz falhar,
não consigo andar sem tropeçar,
não consigo pensar sem me bloquear,
não consigo cantar sem errar,
não consigo escrever sem ter vontade de chorar...
E outra vez, vemos que a única coisa que ainda permanece em mim, são as palavras bonitas.

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⏰ Última atualização: Feb 13, 2021 ⏰

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