Eu deveria confiar, apesar de nunca confiar em mim mesma. Mas, eu acordei mais cedo para o jogo, e quando cheguei nas arquibancadas, os jogadores ainda estavam nos vestiários. Quando Kenma apareceu, ele me procurou entre as pessoas vestidas de vermelhas, e me achou porque eu estava com uma faixa bem grande dizendo "EU TE AMO KENMA", eu vi seus lábios se reprimirem em um riso, mas ele apenas sorriu, voltando a atenção para o jogo.
O tempo passou tão rápido, que em um minuto eu estava perto dele, o vendo tomar água na mesma garrafinha, e eu sabia o que via a seguir.
- Olha se não é minha gatinha favorita! - Kuroo tentou me abraçar, mas eu me esquivei em tempo, dando apenas um toque na sua testa, como gesto de carinho, Kenma olhou para mim parecendo satisfeito, enquanto Kuroo estava surpreso.
- O nosso encontro ainda tá de pé? - Perguntou guardando a garrafa na mochila.
- Sim, eu esperei a semana toda para isso. - Eu sorri para ele, eu vi os olhos de Kenma brilharem pela primeira vez em todas essas que eu vi, seus olhos se apagarem.
- Legal, então vamos. - E caminhando lado a lado, eu não deixei que o silêncio fosse mais um pretexto para que nos perdessemos novamente.
- Eu estive pensando quando vamos ir naquela feira de adoção. - Kenma estava tão surpreso, que riu. Eu me diverti, era raro ouvir sua risada, e para mim, ela era minha melodia favorita.
- Caramba, eu achei que você tinha esquecido disso, não achei que seria tão importante para você. - Ele disse sincero, e dessa vez ele se aproximou o bastante para nossos ombros se encontrarem.
- É importante para mim, porquê você está envolvido. - Disse simples, Kenma ficou vermelho e eu ri dele, que me mostrou a língua.
Subimos para o teleférico, e eu puxei a carteira.
- Não, hoje nos vamos ver a cidade daqui mesmo. - Pegou em meu pulso, o mesmo toque de novo. Eu não abaixei a carteira, apenas deslizei minha mão ao alcance da sua.
- Você esteve esperando isso, e eu também. Essa é uma oportunidade única. - Disse insistindo.
- Mas, eu realmente... - Sempre que ele mentia, ele nunca conseguia completar o resto da frase.
Eu sorri para ele.
- Vamos ver as luzes hoje, e isso está decidido. - Paguei a entrada e entramos na pequena gaiola.
Eu sempre tive medo de andar nelas, para falar a verdade, eu sempre evitava pensar na próxima vez que eu estaria presa em uma, e da primeira vez que ele rejeitou o passeio, eu me senti feliz, e só depois de o ver partir tantas vezes que percebi que fui egoísta daquela vez. Na verdade, todas as vezes.
- Me de sua mão. - Peguei, a juntando com a minha, Kenma me olhou parecendo estar contente.
- Você detesta isso. - Me disse.
- Na verdade, eu nunca detestei. Eu gosto do seu toque, e é por isso que ele é minha memória favorita. - Eu estava sendo sincera, como nunca fiz em minha vida toda.
Ficamos em silêncio, mas eu sabia que era um silêncio necessário. Nossos corações falam por si.
- Você é feliz por ter me conhecido? - Perguntou para mim, e eu não me assustei como todas as últimas vezes, porque dessa, eu tinha certeza.
- Você não sabe o quanto você me deixou completa, no momento que olhou para mim, pela primeira vez. - Essas palavras estevem presas dentro de mim por tanto tempo, as chaves estavam sendo usadas, e eu não me importava.
- Eu sou uma boa pessoa? - Ele perguntou por fim, e apesar de não ter instruções na carta, eu me senti segura, eu poderia responder, se usasse meu coração.
- Você deveria se ver, da forma como eu te vejo. Vislumbria tudo o que eu vejo todos os dias, eu sinto orgulho do que você é. - Eu disse. - E mais ainda, do que você está me tornando. - Kenma não respondeu, porém eu não senti medo algum, eu sentia que no fim, estaria tudo bem.
Vimos as luzes amarelas e vermelhas que ele tanto queria ver, ele sorria como nunca, e eu desejei ter uma câmera, para deixar de lembrança, no dia no qual, ele havia me salvado.
Andamos juntos para casa, como nesses últimos 30 dias, 30 dias nos quais eu o via pela última vez sorrindo, naquele, em qual nossos lábios foram amantes pela última vez.
Ele me beijou sem pressa, e eu senti seus lábios se alegrarem ao toque, e sua língua se divertir tão lentamente com a minha. Quando Kenma me tocava, ele me transformava em flores, e essa noite quando eu partir, eu quero ser a sua primavera.
- Não haverá uma próxima vez. - Ele disse, nossos rostos ainda se tocando.
- Eu estou ansiosa para a próxima. - Disse colocando minha mão em seu rosto, ele não era gelado, ele era, como o primeiro raio de sol do dia, e era por isso que eu precisava que ele ficasse.
Ele também tocou devagar meu rosto, e ele sorriu quando me deu um beijo na testa, e se despediu. Não me disse adeus, porquê dessa vez, ele não precisava.
Meus pais estavam fora, para um jantar, e foi ali que eu soube que, se eu realmente estivesse disposta a tentar, as coisas mudariam seu rumo, e dessa vez, seria meu último sonho.
Peguei à carta em minhas mãos, e sem pressa caminhei até a casa de Kenma, as luzes estavam acesas, a janela aberta, mas ele não estava ali, e eu ouvi a voz, ela não gritava, apenas pedia um último favor. Eu caminhei pelos degraus, enquanto ela me perguntava se eu estava pronta, e eu sabia que, no momento que coloquei meus olhos em Kenma, e senti o amor pela primeira, correndo pelas minhas veias; eu estava pronta.
- Kenma... - Chamei abrindo a porta, ele estava perto da janela, mas me olhou atento.
- Você não deveria estar aqui... - Disse confuso.
- Na verdade, esse é o único lugar que eu deveria estar. - Disse caminhando lentamente até ele.
- Você... tem que ir... - Tentou pedir, mas eu chegava cada vez mais perto de seu corpo, parado, sem ação, perto da janela.
- Sim, eu tenho que ir, e é por isso que você deve ficar. - Eu disse decidida, apenas dois passos, para o fim.
- Do que você está falando? - Perguntou profundamente confuso. Eu olhei para o chão la embaixo, ele tinha experimentado isso 30 vezes, e incontáveis outras em seus sonhos. - Haru...? - Eu o empurrei para longe da janela, deixando a carta cair no chão de seu quarto. - Espere...
- Me promete que vai ler assim que eu me for? Você precisa ler, é muito importante para mim. Ela, ainda é um pedaço de mim, e você pode guarda-la para sempre. - Ele se levantou, pronto para correr até mim.
Fechei meus olhos, eu não suportaria ver as cores dos seus, se apagando novamente. Eu te prometo Kenma, essa é a última vez.
- Saiba que, você sempre me salvou. - Me deixei perder o equilíbrio. O vento bateu em meu rosto, e era engraçado como o som me acolheu. A minha própria voz, estava calma, mas eu já não podia mais escuta-lá.
Eu já não podia sentir mais nada. Era tarde para um adeus.
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Do começo ao fim. (Concluído)
FanfictionOs mesmos sonhos se repetem diariamente, estando presa no momento em que, Kenma, seu grande e único amor, resolve acabar com toda sua dor. Se amar, significa deixar partir, por que isso parece tão doloroso?