Meu coração estava acelerado, o suor escorria de meus cabelos, caindo suavamente e quente por minhas costas, e o ar estava para faltar, enquanto eu puxava todo o ar que eu conseguia por meus lábios.
Mas quando eu cheguei, era tarde demais. Os garotos estavam dando seus últimos adeus para os técnicos do seus receptivos times, enquanto as ajudantes recolhiam as bolas, e limpavam o piso da quadra. Olhei dando uma espiada em volta, e não encontrei com muita dificuldade meu namorado, ele estava bebendo água em uma garrafinha, enquanto seus olhos estavam fechados.
Apesar de não ver seu olhar, eu sabia. Ele estava decepcionado, e tinha completa razão. Caminhei até ele, em passos silenciosos, pensando no que eu poderia dizer, teria algo que eu deveria dizer? Não há argumentos, esse é o terceiro jogo que eu perco, não há mais desculpas, e eu sei disso.
- Achei que você iria me esperar na saída. - Disse me assustando, levei as mãos para meu peito esquerdo, sentindo meu coração bater ainda mais rápido.
- Me desculpe, eu esqueci completamente que deveria acordar mais cedo para acompanhar o jogo, eu sinto muito. - É só isso que você tem a dizer, Haru? Você está com ele bem na sua frente, mude as coisas.
Kenma guardou a garrafinha na sua mochila, e levou as mãos para seus fios loiros recém tingidos amarrando-os em um gesto rápido, e até naquele momento, havia evitado de me olhar.
- Olha só, se não é minha gatinha favorita. - Kuroo apareceu sorrindo de lado, passou seu braço por minha volta, me puxando para ele. Meu rosto esquentou, e apesar de estar acostumada com tal alto, isso me deixava sem graça. - É tão fofa. - Beijou o topo da minha cabeça, nessa mesma hora Kenma se virou para nós, sua expressão era neutra, e isso me irritava, porque eu queria que ele tivesse um mínimo de expressão quando visse essa cena diária, mas ele nunca mudou.
- Ainda está de pé, nosso passeio pelo teleférico? - Perguntou passando a fivela da mochila vermelha por cima de seus ombros, sorrindo.
Eu concordei, mesmo sabendo que minha consciência estava pesada demais para acompanhar Kenma, em um de seus lugares favoritos; o lugar onde tudo começou.
Kuroo me soltou, e eu fui para o lado de Kenma. Caminhamos juntos lado a lado e um silêncio incomodo. Ninguém se importava de começar um assunto, porquê eu sei que, minha culpa estava gritando, e ele podia ouvir.
Quando chegamos para a ponte do teleférico, comecei a procurar o dinheiro na carteira, para que eu pagasse nossas entregas, mas algo me parou. Kenma colocou sua mão em meu pulso, tão suavamente que não pude sentir de começo, mas ele me puxou devagar, e balançou a cabeça, negativamente.
- Não vamos ver a cidade de cima hoje, para falar a verdade eu gostaria que você ficasse comigo aqui. - Pediu gentilmente, mesmo confusa, eu abaixei a carteira e coloquei no bolso novamente, Kenma deslizou sua mão, para a minha, ficamos de mãos dadas. Kenma era tão frio, que mesmo anos namorando, eu não estava acostumado com seu toque. Mas, minhas mãos eram quentes e suavam muito, e eu tinha medo, medo dele se irritar com isso, por isso, nunca ficamos de mãos dadas por mais de três minutos.
- Você tem mesmo certeza que não quer ver a cidade? Seu prédio favorito vai ser reinaugurado hoje, e eu aposto que as luzes vão ser o maior destaque, seria lindo. - Tentei argumentar, mas Kenma não respondeu, o que eu levei a atender que seria um não novamente.
Ele se manteve em silêncio. Kenma sempre foi na dele, isso o que me chamou atenção, o fato de que, parecia que ele guardava um segredo em seu coração, há sete chaves, perdidas e esquecidas em algum lugar distante, longe demais para ser alcançada.
- Você foi feliz, por ter me conhecido? - Perguntou de repente, me fazendo soltar suas mãos, porque eu sentia o suor começando a se formar, ele abaixou seu olhar para a sua mão, manteve fixo por alguns instantes, mas enfim, voltou a encarar a cidade quase apagada.
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Do começo ao fim. (Concluído)
Fiksi PenggemarOs mesmos sonhos se repetem diariamente, estando presa no momento em que, Kenma, seu grande e único amor, resolve acabar com toda sua dor. Se amar, significa deixar partir, por que isso parece tão doloroso?