0.3: De volta à Seul

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Já era fim de tarde quando Taeil e o filho chegaram a capital. Moraram em Daegu por dez anos, mas uma proposta de emprego surgiu para o mais velho e ele aceitou. Porém, Soobin não estava contente com essa mudança.

— Filho, aqui vai ser melhor para você, já viu quantas coisas legais tem pra fazer? – Taeil disse, tentando convencer o menino.

— Mas pai, todos os meus amigos estão longe de mim – Soobin respondeu, ainda chateado.

— Você vai conhecer novos amigos na escola nova, e também pode continuar a falar com eles pelo celular – disse novamente, o abraçando.

— Eu não sei fazer amizade, e não vai ser a mesma coisa – ele murmurou, retribuindo o abraço do pai.

— Com o tempo, irá aprender – deu um beijo na testa do filho — Você é um ótimo rapaz, é legal e bonito, tenho certeza que terá muitos amigos.

— Obrigado pai, eu te amo – Soobin sorriu, sentindo-se melhor — Por que o senhor nunca me contou como foi o seu tempo de escola?

Naquele momento, Taeil sentiu seu coração apertar, e pouco a pouco, memórias do passado voltaram com tudo. Não queria que Soobin soubesse das coisas que fez, não se orgulhava daquilo — não mais —, e fazia o máximo para não lembrar.

— Porque não foi uma época muito boa para mim – ele respondeu de forma bem vaga — Eu era diferente dos demais, não tive amigos verdadeiros, sempre me subestimaram, por isso eu cresci solitário. Mas com você vai ser diferente, tudo bem? Você será melhor do que eu.

— Não fala isso pai, o senhor é o melhor pai do mundo, e eu quero ser igual a você quando crescer – o rapaz disse, sorrindo fraco — Eu prometo dar o meu melhor, irei me esforçar muito para ser um ótimo fotógrafo que nem você.

Dito isso, o abraçou mais forte, para deixar claro o quanto amava seu pai. Tinha orgulho do mesmo, sempre foi amoroso e carinhoso consigo desde criança, nunca lhe deixou faltar nada, e o ensinou coisas boas e respeitosas. Não tinha lembranças da mãe, só sabia que ela o abandonou para seguir o sonho de ser modelo, e com uma criança isso não seria possível.

O rapaz era feliz e grato pela vida que levava, além de que fazia tratamento psicológico para cuidar do seu problema. Não era grave por sorte, e quanto mais antes fosse tratado, mais cedo se recuperaria totalmente.

— Vou tomar banho, e logo desço para jantarmos – avisou ao pai, o soltando e indo para o primeiro andar.

A casa era pequena, afinal só os dois morariam ali. Era composta por uma sala, uma cozinha, dois quartos, dois banheiros e uma lavanderia. Era confortável e aconchegante, contando com o fato de que a noite fazia frio, e Soobin amava o frio pois lembrava a casa da tia em Daegu.

Ao chegar em seu quarto, foi ao seu guarda roupa e escolheu uma roupa legal, depois foi tomar banho. Enquanto Taeil fazia a janta, pensava no que seu filho lhe disse, e prometeu a si mesmo que Soobin nunca saberia sobre seu passado horrível e as coisas ruins que fez a todos.

Minutos depois, Soobin desceu bem arrumado, trazendo consigo a câmera polaroide. Deixou-a em cima da mesa, sentou em uma das cadeiras e puxou assunto com o pai, que terminava de fazer a janta.

— Vou a uma praça que tem aqui perto, a paisagem é perfeita e dará belas fotos – ele disse, lembrando do caminho da sua casa até a praça.

— É uma ótima ideia – Taeil concordou, desligando o fogão — Eu costumava ir naquela praça quando era mais novo, era meu ponto de paz.

— Lá é lindo, aquele lago a luz da lua deve ser perfeito – Soobin continuou, começando a sonhar acordado, mas logo voltou a realidade — Enfim, vou comer primeiro.

Infinite Love - SooGyu (Volume 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora