Capítulo 1 - O retorno de Penélope

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Boa leitura.


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"Colin? Podemos conversar? É... É uma questão bem indelicada eu queria não ter motivo pra isso más acredito que mereça saber... O coração de Marina pertence a outro. Ele se chama Sir George Crane, ele é um primogênito e soldado, eles cresceram em casas próximas. Eu sinto muito Colin mas eu vi as cartas de amor"
"Você é uma pessoa muito boa, sabia? Acha que me importo por ela ter amado outro antes de me conhecer? Seria até hipócrita considerando como flertei com metade das garotas de Londres em algum momento da vida. Conheço minha mente e de Marina nós nos entendemos" ---- trecho do diálogo entre Penélope e Colin na série Bridgerton.

Grosvenor Square

Sábado, 16 de Março.

Penélope Featherington

Nunca pensei que passar anos longe faria essa situação, antes familiar, parecer tão desconcertante. Tem apenas seis horas desde que cheguei e Lady Violet, assim que soube, preparou a tarde do chá e um jantar em meu nome, convidando apenas a mim, seus filhos e netos pela parte de Anthony e Daphne, no entanto, Portia se incluiu.

— Oh, Penélope! Está tão bela que me atrevo a dizer que se debutar este ano, sem dúvidas será o diamante desta temporada — comenta minha mãe, graciando as palavras enquanto gesticula com os dedos das mãos. — Quem sabe também, até seja cortejada por algum Príncipe, não concorda Lady Violet? — pega a xícara de chá e beberica lhe encarando de soslaio.

— Eh... Bom, nunca duvidei dos encantos de Penélope — responde Lady Violet, sorrindo desconfortável, mas ainda elegante.

Do outro lado da sala, Colin tosse, se engasgando com alguma comida. Sequer o olhei e vou continuar assim. Cruzo os braços virando o rosto para outro lado, ignorando sua situação agoniante e constrangedora. Estúpido!

— Ora, sim. Hum... — Minha mãe desdenha, dando de ombros.

— Querem mais chá? — pergunta Lady Violet, juntando as sobrancelhas.

Entendo bem o lado dela, mamãe como sempre sendo desagradável.

— Então, diga‐nos querida Penélope, gosta de morar em Gretna Green? — pergunta Daphne, trazendo a atenção de todos para mim.

Os únicos ausentes nesse momento são Benedict e Gregory, um por estar viajando e outro porque já dormiu, porém a sala esta lotada com sobrinhos e irmãos. Muitos olhares não me incomodam mais, entretanto, Colin trás lembranças que fazem sentir-me mal.

— Sim. Apesar de ter passado maior parte do tempo dentro de casa.

— Creio que irá demora a voltar.

— Com licença. Estou com um mal estar desde quando desci do navio semana passada — levanto-me do sofá, sorrio para elas e retiro-me aliviada por saber que logo estarei sozinha.

Enquanto estive fora muita coisa aconteceu, minhas irmãs casaram, nosso pai faleceu e nossa mãe assumiu os negócios da família, nem fizeram caso da minha ausência. Mordo os lábios agoniada. Se Marina aparecer, porque ela vai, como vou consegui encará-la depois do que tentei fazer?! Ela vai rir de mim mais uma vez. Colin, sendo marido, com certeza já contou tudo. Que vergonha. Encosto a cabeça na parede dentre um quadro e uma luminária do corredor e fecho os olhos ressentida.

— Quer que eu chame um médico? — assustada, viro-me lentamente.

— Colin? — o nome quase nem saiu.

— Sim. — Ele está diferente, mais másculo e ainda bonito, com as mãos nos bolsos, se inclina nos calcanhares montando um sorriso. — Estava esperando o momento que estivéssemos a sós para termos essa conversa.

— Não temos o que dizer, eu não...

— Eu sim. Há muita coisa que quero lhe dizer nesses dez anos. Você...

— Estou me sentindo mal. Por favor, gostaria de ficar sozinha.

— Sim. Então amanhã vou na sua casa. É sério Pen.

Me olhando nos olhos, ele se aproxima, deixando dois passos largos de distância entre nós e isso faz eu fica incomodada e nervosa. Encará-lo não. Não agora. Nesse instante meus olhos correm pela parede atrás dele no corredor, parando na janela, direto nos cabelos de Eloise que está andando no jardim, curiosa me espicho, vai sentar no balanço, oportunidade perfeita para ficar longe do Colin e recuperar a amizade da minha melhor amiga, o que mais quero. Sem dizer mais nada, desço as escadas apressada, até parar na porta dos empregados na cozinha. Finalmente. Corro para Eloise e abraço.

— Eu sei que sou maravilhosa mais não precisa fazer tudo isso — rio apertando-a. — Também senti sua falta Penélope Featherington.

Eloise conta-me que debutou, mas negou todos os pretendentes pois nenhum a causava emoção. Violet, entendendo seu lado, aceitou, isso até completar cinco anos, agora ela quer casá-la de qualquer maneira. Rio da sua atrapalhada história de antes e durante o debute quando Hyacinth nos chama para jantar.

◇◇◇

Todos os adultos sentados e servidos na mesa, as crianças brincando com os criados, lá fora chovendo. Observo a família Bridgerton em silêncio. Alegres, bonitos, inteligentes, elegantes, ricos, cantam bem, tocam piano, parecem perfeitos, não me sinto inferior porque também sou ótima nesses requisitos e escrever aquelas colunas... Melhor marca que pude deixar nessa cidade presa por títulos e regras.

— Gostaria de propor um brinde a Penélope Featherington — diz Portia, chamando a atenção de todos, após isso, vira-se para mim. — Que este ano irá debutar e arranjar um marido excepcionalmente incrível.

— Mamãe. A senhora sabe muito bem que só estou aqui à negócios — comento envergonhada.

— Então é uma mulher de negócios, Senhorita Featherington? — pergunta Anthony, inclinando seu corpo sobre a mesa.

Eles a ignoraram. Que bom.

— Sim.

— E quais são os tipos de negócios especificamente?

— Eu viajo, como representante do meu mentor, Sir Pedro, compramos e vendemos ações.

— Impressionante. Diferente das mulheres desta cidade, você e sua mãe são às únicas que assumem negócios, dever de um homem.

Suspiro.

— Afinal o que difere a capacidade mental ou administrativa de um homem para uma mulher? — dou de ombros, arqueando as sobrancelhas incomodada. Desde o corredor, Colin passou a noite toda me olhando, impossível ignorá-lo agora. — Nós lemos, pensamos, analisamos e até resolvemos situações que causam grande aflição com certa eficácia. Ainda mais que a dos homens.

Por fim sorrio. Kate, Violet, Daphne e Eloise permanecem caladas, mas dessa vez com um sorriso no rosto. Conhecendo as Bridgertons, sei que teriam dito algo semelhante para esse tipo de comentário.

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A Interessante Penélope Featherington Onde histórias criam vida. Descubra agora