A casa da enseada II

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Jaskier andava de um lado para o outro dentro da cozinha. O fogaréu estava acesso e ele esquentava água na chaleira, enquanto seus passos iam de encontro a madeira com força. Por algumas vezes, o bardo lançou a cabeça para fora da janela, observando o movimento do lado de fora, mas não estava acontecendo nada.

Depois de preparar um chá, fazer uma mistura de pão e colocá-lo no fogo, Jaskier esfregou as mãos em um pano para limpar a farinha e caminhou até a varanda. O sol se punha e o céu causava um espantoso espetáculo de luzes. Mas não era uma novidade para ele, que via a mesma cena todos os dias.

Contudo, a garota que acompanhava Geralt olhava para o céu, deitada sobre a areia e apontando para cima. Do lado dela, o bruxo preparava a fogueira e os animais estavam descansado nas proximidades.

Jaskier retornou para a sala e bateu o pé algumas vezes no assoalho reformado. Ele fechou os olhos, irritado, não poderia deixar uma garota tão jovem dormir no relento, não é?

Pensou mais um pouco, tentando encontrar uma forma de não parece preocupado com o bruxo. Porque ele não merecia nem um minutinho de sua consideração. O que era tarde demais, já que ele estava pensando agora se os dois haviam comido algo na viagem.

— Espera... — Ele piscou, abrindo a boca espantado. — O feitiço parece mais forte do que esperado. Maldito. — Jaskier girou os calcanhares e foi até a varanda. — Você, Bruxo de Rívia, deveria se envergonhar por ser um maldito bruxo.

Geralt apenas virou a cabeça e olhou na sua direção.

— Está pronto para conversar, Jaskier?

— Não, você não merece minha atenção. Aliás, eu não estou ouvindo nada. Vou falar exclusivamente com a donzela na praia. — Jaskier pigarreou, limpando a garganta e voltou a falar. — Senhorita, tenho uma lareira bem quentinha aqui, além de um pão fresco e chá. Por favor, sinta-se convidada a entrar na minha morada.

Após falar, e mover os braços de forma teatral, Ciri se sentou na areia e perguntou para Geralt o que ele achava que deveriam fazer.

— Vá, veja o que esse tolo tem a dizer. — O bruxo falou. Ciri não o deixou repetir a mesma coisa, levantou-se e pegou o manto que havia esticado na areia, sacudindo-o.

Ela subiu as escadas e viu uma leitoa cor de rosa na varanda. O animal parecia respirar com dificuldades, mas apenas estava dormindo.

Ciri entrou na sala e desculpou-se antecipadamente por sujar o chão de areia. Jaskier estava lá, com uma expressão confusa no rosto.

— Onde o bruxo está? — Ele perguntou, olhando por cima dos ombros dela.

— Na praia. — Ciri virou-se e olhou para a porta vazia. — Ele permitiu que eu viesse.

— De certo porque não tem coragem de me olhar na cara. — Jaskier levou a mão ao rosto e quando notou, roía uma das unhas.

— Senhor, peço perdão pela intromissão, mas o senhor disse que era só para eu entrar.

— Sim, de fato. — Ele abriu as mãos e pediu que ela se sentasse. — Como encontrou esse bruxo maldito, minha doce menina?

— Nós nos encontramos. — Ciri disse. Quando ela começou a narrar sua história, um filme passou pela cabeça de Jaskier. Ela não precisou dar muitos detalhes para que ele a reconhecesse como a neta da rainha Calanthe. Os pequenos olhos verde esmeralda de Ciri eram doces e Jaskier podia ver gentileza e verdade nela.

Suspirou, imaginando todos os problemas que Ciri passou até chegar aos domínios do Bruxo e, então, sua postura voltou a ficar rígida.

— Ele por acaso disse a que veio? — perguntou, levantando-se da poltrona e direcionando Ciri para a cozinha, não poderia deixar a princesa com fome. A mesa foi posta com toda a boa comida que ele possuía e deixou-a à vontade para comer. Embora ela também precisasse urgentemente de um banho e uma boa pasta de óleo natural nos cabelos danificados.

A casa da enseadaOnde histórias criam vida. Descubra agora