Capítulo 5

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Abri meus olhos de uma só vez, em um único movimento levei minhas mãos até meus ouvidos, eu estava dentro d'água, olhei para o lados e a única coisa que via eram painéis gigantes de vidro que me impossibilitavam de  realizar grandes movimentos ou até mesmo sair daquele lugar, meus ouvidos doíam muito eu não conseguia localizar de onde vinha tal barulho, mas era tão alto e agudo que eu já estava sentindo que meus tímpanos se rasgaram em mil pedaços a qualquer momento.
Olhei para os lados novamente tentando achar uma saída, meu ar já deveria ter acabado a muito tempo, o barulho só aumentava e minha visão estava ficando turva, eu olhava para um lado e para o outro me mexendo tentando fazer aquilo parar, então eu gritei, e nesse único grito toda aquela estrutura explodiu fazendo o insuportável ruído parar e minha pessoa cair com tudo em cima dos cacos de vidro.
Olhei para minha situação e nem estava tão mal, só alguns cortes de leve, nada que não fosse fácil de resolver, resolvi me levantar e senti uma dor considerável nas costas, passei minhas mãos pela mesma e vi meu sangue escorrendo pelas minhas pernas, droga sempre tem que acontecer alguma coisa né??
-Surpreendente querida.
Fui em busca da voz e encontrei atrás de mim batendo palmas o mesmo cara que havia conversado com Lucas mais cedo, um psicopata eu diria, eu não nasci ontem também, sei exatamente oque ele está fazendo, está me testando quer saber o que eu sou capaz de fazer, se bem que nem eu sei, mas ter explodido isso foi muito além doq qualquer coisa que já fiz, eu não ganhava nem nas brigas de braço na escola, chega a ser engraçado, mas eu ainda tinha tantas perguntas, tantas que da até dor de cabeça em cogitar buscar as respostas, simplesmente decidi esquecer tudo por enquanto, pelo menos assim me privo de tamanha dor de cabeça, direciono a fala ao homem me fazendo de tola.
-O que aconteceu??? Porque estou sangrando?? Eu quero voltar pra casa.
Começo um choro falso que eu definitivamente não sabia que era capaz de conseguir fazer, na verdade tem muitas coisas que eu não sei sobre mim mesma, "um mundo de descobertas" por um momento me lembrei de um desenho no qual eu assistia "Dora aventureira" dei um pequeno sorriso em meio ao choro, deixando rolar ladeira abaixo toda a atuação que eu acabara de fazer.
- Você acha que sou idiota???
- Talvez, ah não sei, o senhor tem mais cara de.....
Enrolo um pouco pra dar aquele suspense e tals, eu vi num filme.
- Uma barata nojenta.
Cuspo na cara dele, acho isso tão irônico que seria uma ótima protagonista para um filme.
Em um ato rápido a mão dele atinge minha cara.
- Não vou aceitar que uma adolescente mimada fale assim comigo.
Dei um sorriso sarcástico e o chutei, logo em seguida sai correndo, eu precisava de respostas.
Andei sem rumo por todos aqueles corredores, por um momento esqueci que estava machucada e tudo o que me importava era achar um jeito de sair dali, precisava encontrar Emma e o resto do pessoal, eram tantas coisas pra fazer, tantas coisas pra pensar, e novamente me encontro no mesmo dilema de sempre "se eu estivesse sozinha tudo seria mais fácil" ultimamente essa frase tem sondado minha cabeça, eu nunca precisei de ninguém, pessoas não fazem nada certo, pessoas são falhas. Se bem que eu sou uma pessoa também.
Decidi que não iria atrás deles, eles possuem idade suficiente para se cuidarem sozinhos, se eu consigo, eles conseguem.
Fui andando pelos corredores agora já mancando tentando de qualquer forma não chamar atenção, para não atrair olhares curiosos.
Encontrei uma salinha no final de um dos "setores" como eles chamam, ela estava completamente escura, fui em busca de um receptor, para ligar as luzes, quando encontrei, todo um painel altamente tecnológico foi ligado, de uma coisa tenho certeza, os seres humanos evoluíram muito.
Sentei-me na cadeira há frente do painel e logo comecei a mexer em tudo, provavelmente em minutos vai aparecer alguém, eles são arrogantes, asquerosos e egoístas, mas não são idiotas. Apertei em um botão e as luzes começaram á piscar em vermelho emitindo um som altíssimo de uma sirene, tudo que eu queria nesse momento é sumir, fechei meus olhos e me encolhi num canto da sala.
Dezenas de guardas se é assim que chama nesse século né, nunca parei pra pensar nisso, em que século estamos??? Se quando eu estava em 2021 o século era XX (20), então logicamente em 4089 estaríamos no século XL (40)???Eu devia prestar atenção nas aulas, vou fazer isso quando voltar, SE eu voltar.
Os homens entraram na sala com armas que desconheço, eram de plasma???? Tanto faz, eles vasculharam TUDO, passaram por mim??? Eles não me viram, logo saíram correndo da sala, olhei para meus braços, eu estava invisível??? Caramba eu sou incrível, o que mais sei fazer??? Droga, logo volto a realidade lembrando doq eu estava fazendo aqui. A sirene parou de tocar segundos atrás, ainda bem o barulho estava insuportável.
Continuo mexendo naquele painel, agora eu estava invisível e não fazia ideia de como voltar ao normal. Encontrei uma pasta e ao abrir, comecei a ler arquivos e análises, havia milhares de fotos, novamente aquela sensação voltou, o ar faltou em meus pulmões, um ruído grotesco surgiu, coloquei as mãos nos meus ouvidos que novamente sangravam, eu precisava encontrar o oceano, mas...... eu desmaiei e não me lembro de mais nada.

Entre A Sanidade e O PoderOnde histórias criam vida. Descubra agora