Se passaram dois dias desde então. Minha casa, na qual passei boa parte da minha infância, tinha os mesmos traços de casa rústica, o que eu sinceramente amo.
— Bom dia, Dudinha! — Exclamei descendo as escadas. Ela responde na mesma tonalidade. — Ainda não me disse o que aconteceu depois de dançar por horas com o tal Th. — Falei pegando algumas torradas de cima da mesa.
— Não rolou nada, ele não faz o meu tipo. — Respondeu simples.
— Não mesmo? Parecia que você estava curtindo bastante a festa. — Falei rindo.
— Eu vou fazer café! — Levantou-se sorrindo.
Depois de alguns minutos, minha casa foi invadida pelos amigos de Duda e Andressa. Adentraram a minha casa como se fossem meus íntimos.
— Não lembro de ter os convidado! — Digo deixando o meu celular de lado.
— Calma aí, querida! É só uma visitinha. — Disse o Th comendo as minhas torradas.
Revirei os meus olhos encarando os da Duda, que ria da minha cara.
(...)
— Então seu pai, era amigo do pai do Jp? — Perguntou o Henrique.
— Jp? — Perguntei.
O Chefe encarou-o com ódio nos olhos. Tenho certeza absoluta que se não estivesse na minha casa ele teria o matado.
Então Chefe, na verdade é Jp.
— Ah... Saquei, na verdade Chefe é Jp! — Digo rindo.
— Para você não.
— Hum, coitadinho.
— Se você morava aqui na infância, como não sabia o nome dele? — Perguntou o Th.
— Não saia de casa, e quando saia, era com seguranças.
Já estou falando demais!
Th tirou do bolso um saquinho transparente com o conteúdo branco. Demorei para entender o que era, só pude perceber quando o vi organizar um pó em formato de fileira sobre a mesa.
— Na França tem cocaína? — Perguntou sorridente. Jp encarou-me sorrindo, esperando pela resposta.
— Das melhores.
Nunca havia experimentado.
— Damas primeiro! — Apontou para mesa.
Encarei todos, principalmente a Duda, que estava prestes a rir. Talvez fosse vergonhoso para uma pessoa do meu cargo nunca ter experimentado isso. Segurei o meu cabelo e me deixei levar.
Senti uma irritação forte no meu nariz e o coçei.— É a sua primeira vez ou o que? — Henrique.
O encarei com ódio e desviei o olhar para o Jp, que mergulhava o seu nariz na fileira ao lado da que eu havia acabado de cheirar.
Ele encostou-se na cadeira novamente com uma expressão neutra.Deitei a minha cabeça para trás e senti uma onda forte bater. Era engraçado.
Apesar de eu ser a escolhida para comandar a máfia, eu não sou uma ótima pessoa para isso, e sinceramente, esse papel não combina nada comigo. Além do mais, meu pai não deixou de ser dono, eu apenas comando.
As conversas eram longas, e bastante aleatórias. Levantei-me sorridente e coloquei uma música lenta e alegra.
Andressa era a única sóbria – tirando o fato do irmão dela parecer estar bem de boa. A erva que eu mais estou acostumada é a maconha, me deixa lezada e preguiçosa, mas bastante feliz.
Eu me divertia com uma música que mais parecia jazz do que o que eu havia colocado.— Pensava que ela era durona! — Escutei Henrique dizer para alguém.
— Ela só está fora de si. — Duda respondeu.
— Está na cara que foi a primeira vez dela. — Disse Jp.
— É melhor ficar calado. — Duda o respondeu rindo.
Avistei uma pessoa estranha entrar à minha casa, não sabia quem era, até ela se aproximar e eu me lembrar perfeitamente. Dani sentou-se ao lado de Andressa, e as duas pareciam se divertir bastante, mesmo sem drogas ou bebidas alcoólicas.
— Não confio nela. — Vi Henrique dizer para o Jp.
Sentei-me ao lado dele.
— Você só está com ciúmes. — Digo. As palavras por incrível que pareça saíam perfeitamente, sem me embolar.
Jp o encarou rapidamente, e depois me olhou como se procurasse por respostas.— Tá de brincadeira, você está drogada! — Henrique disse desconfortável. Eu via medo em seu olhar.
— É, verdade.
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I'm From Brazil
RomanceA família Domingues carrega, há anos, um legado um tanto complexo de se levar a outras gerações; e depois de anos, Inês Domingues é a mais nova sucessora de toda a herança, seja dos bens mais luxuosos ou dos mais obscuros. Treinada pelo seu pai...