IV.

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  Percebi que havia adormecido no minúsculo colchão no canto do quarto, e quando acordei, dei-me de cara com várias pessoas me observando. Ainda cansada e sem entender nada, dei um grito, que foi seguido por risadas e gargalhadas vindos do grupo de desconhecidos.

  Tentando assimilar tudo me levantei e entrei no estado de defensiva. Logo depois comecei a pensar melhor, e vi que todos que estavam ali haviam dormido comigo e moravam no prédio.

-- Não precisa ficar com medo menina, só estamos tentando adivinhar do que você é feita. – Disse uma mulher de cabelos brancos como a neve.

-- Como assim "do que sou feita"? – Disse saindo da cama indo a procura de Dylan, percebendo que havia me deixado sozinha com eles.

-- O seu dom, burrinha, Dylan nos deu a ordem de lhe guiar hoje, te ajudar a se entender melhor. – Suspirei aliviada, mas ao mesmo tempo frustrada, pois ontem ele não havia me dito nada. – Vamos, troque de roupa, pois iremos comer algo na lanchonete ao lado. Me chamo Liz, novata. – Disse a menina ao sair com todos a seu encalce.

  Estava morta de fome, então fiz assim como Liz me pediu. Roupas simples para um dia cansativo, pensei.

  Desci as escadas destruídas, e segui o grupo a rua, a atravessando e entrando em um fast food do outro lado da esquina.

  Nos sentamos na mesa e logo perguntas se fizeram presentes em meu consciente. Liz pareceu perceber minha confusão.

-- Vamos te explicar tudo, Olívia. O que gostaria de saber? – Disse ela me deixando de certa forma animada e mais confortável.

-- O que são capazes de fazer? – Perguntei olhando todas as outras cinco pessoas sentadas a mesa.

-- Controlo o vento, posso criar furacões ou uma simples onda de ar. – Dito isso, fez um movimento com as mãos e meus cabelos foram bagunçados por inúmeras correntezas que vieram de todos os lados, propositalmente. Maravilhada com tudo, olhei para o menino ao meu lado, que não parecia ter mais de quinze anos.

-- Sinto as emoções de todos. Sou o Angel, prazer. – Ele disse animado. Logo uma menina com os cabelos pretos e curtos se pronunciou.

-- Me chamo Esther, e sou a mais rápida do grupo. – Então assim iniciaram-se as apresentações de todos. Fiquei impressionada com todos, dons tão incríveis, mas que de certa forma são fatais a si mesmo e a outros. 

  Saímos do local e voltamos ao prédio, onde a primeira coisa que fiz foi procurar pelo livro. Ao encontrá-lo, abri na primeira página, que dizia "Espécies". Curiosa, comecei a ler sobre todos os poderes ali presentes. Aprendi que cada um possui um diferente, sendo sempre únicos e magníficos. 

  Parei no meio do livro e percebi que a partir dali tudo estava em branco, menos o título "A fênix" no topo de uma página e uma figura de fogo crescente no canto da folha. Lembrei do que Dylan havia me dito sobre esta pessoa, alguém poderoso o bastante para desenvolver a cura do vírus. 

  Deve estar escondido, aperfeiçoando-se para lutar contra o governo, que provavelmente o mataria para conseguir uma gota de seu sangue, pensei.

  Fechei o livro e me virei para o lado, dando de cara com Dylan, que me observava há não sei quando tempo. Ele lia a minha mente, consegui senti-lo tentando quebrar meus bloqueios cerebrais, para de alguma forma, me desvendar.

-- Sabe, no lugar de ler minha mente e invadir minha privacidade, poderia simplesmente me perguntar o que deseja saber, Dylan. – Disse com a expressão brincalhona.

-- Estou tentando captar suas memórias. – Ele disse ainda concentrado, mas logo relaxando, frustrado e vencido. – Nunca havia conhecido alguém tão difícil assim de se ler, você é um quebra cabeça impossível de se montar, menina.

-- Me conte mais sobre a Fênix, Dylan, por favor. – Eu pedi, mudando de assunto.

-- Tudo o que sei já lhe contei, Olívia, ninguém sabe ao certo os poderes da Fênix e nem se ela realmente existe, são somente rumores. Mas posso te afirmar que nada é impossível. – Ele disse com um sorriso no rosto.

-- Tudo bem, então me fale sobre você, casca grossa. – Disse curiosa.

-- Sou Dylan Austin, perdi meus pais para a Cosmo e desde então vivo aqui, organizando essa "sociedade secreta" e juntando o máximo de jovens que consigo, tentando evitar mais e mais mortes. – Ele disse, resumindo tudo o que havia passado. – Até agora consegui unir estes seis pestinhas, são poucos, eu sei, mas não faço milagres.

-- Se me permite perguntar, o que houve com eles? Seus pais.

-- O mesmo que você, não os vejo desde que fiz o último teste no laboratório, há três anos. – Parecendo lembrar de algo ele continuou. – Eles me entregaram para os generais, que fizeram testes e mais testes em mim, mas consegui escapar. Não faço questão de vê-los novamente, e você também não deveria.

-- Por que não, Dylan? Acima de tudo continuam sendo meus pais, e fizeram o que acharam melhor para me proteger. – Assim que terminei, senti uma lágrima percorrendo pelo meu rosto, carregando lembranças que tive com eles.

-- Não chore, logo irá vê-los novamente, tenho certeza. – Disse ao sair do quarto.

  Espero que sim, pensei.

  Já estava anoitecendo, então decidi descer as escadas e ver onde todos estavam. Formavam um círculo ao redor de um mapa da cidade, e assim que me viram me incluíram na conversa.

-- Vamos invadir a Cosmo, Olívia, gostaria muito que pudesse nos ajudar, mas não possuí total controle de seus poderes, então só dificultaria nosso caminho e objetivo. – Dylan se pronunciou, rude e inconveniente, sem nenhum motivo aparente, mas respondi com toda a calma que pude encontrar.

-- Então por que não começamos o treinamento? Posso ser útil, Dylan. – Eu disse, suplicando, não queria ficar parada enquanto eles iriam a encontro de uma missão suicida.

-- Caso mostre-se de utilidade para nós até a noite de sábado, poderá ir conosco.

-- Obrigada. – Com um sorriso no rosto escutei todo o plano, seria difícil, mas não impossível.

  Com tudo finalizado, subi as escadas atrás de Liz.

-- Consigo perceber que está querendo ajudar, mas não se sinta pressionada a nada, Olívia, saiba disso. – Ela disse antes de entrar no banheiro fedorento, lugar que nunca ousei colocar meus pés.

-- Eu entendo Liz, mas quero fazer parte de algo maior, acima de mim, entende? Não consigo ficar parada vendo todos vocês a caminho de uma luta. – Eu disse, encostada na porta.

-- Eu entendo. Já que pensa assim, amanhã às seis esteja pronta pois não irei ser boazinha, precisamos saber do que é capaz. Fiquei sabendo que controla o fogo, mas precisa estar apta a fazer isso em uma luta, com vários generais no seu pé, querida.

-- Amanhã às seis, tudo bem. – Disse já indo me preparar para dormir, o dia não seria fácil. 


  Caso estejam gostando do decorrer da história votem por favor, ou se observarem algo que posso melhorar, fiquem à vontade para me passarem. Vou tentar postar capítulos novos ainda esta semana, mas ando muito desmotivada. Enfim, boa leitura!

Veias brasantes Where stories live. Discover now