Ouça minha história

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AVISO: Por se tratar de uma história policial, vamos ter elementos que possam causar desconforto em algumas pessoas, como exposição de cadáveres, menções à mutilação, suicídio e abuso sexual.


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— Asfixia por enforcamento, o suspeito usou ambas as mãos ao pressionar o pescoço de Wagner. — O médico legista apontava para a região do cadáver de Thomas sobre uma mesa de ferro, Erwin e Mike observavam as marcas destacadas no pescoço azulado — Há marcas de pressão com tecido, o indivíduo usava luvas quando o fez, provavelmente grossas e pesadas. — ele entregou uma pasta para Erwin que começou a folhear e ler o documento — Havia traços de cetamina no organismo, mas não foi uma dose fatal. Pedi os arquivos de autópsia dos outros dois mortos, a mesma coisa. Não há indícios de abuso sexual ou qualquer sinal de luta.

— O assassino quis poupar eles da dor. — Erwin comentou franzindo as sobrancelhas.

— Considerando que os três corpos estavam com um manto os cobrindo... sinal de arrependimento. — Mike falou coçando o queixo, pensativo — Mas o fato dele deixar os olhos abertos contradiz essa ideia.

Erin observava o corpo morto de Thomas Wagner como se ele fosse se levantar e lhe contar tudo. Mesmo estando acostumado, não era insensível ao ponto de não sentir nada. Um aperto em seu peito se fez presente, assim como sempre acontecia quando via alguma vítima, mas isso também despertava a sede de justiça em seu interior.

— O corte na nuca foi feito pós-mortem, provavelmente com um bisturi. — O médico indicou a região da carne removida — Nas fotos das duas primeiras mortes, era desajeitado e amador já nesse corpo, ele aperfeiçoou a técnica, talvez tenha praticado no tempo entre as mortes.

— Ele pode conhecer as vítimas. Talvez seja parte de um ritual ou ele acha que está fazendo isso por um bem maior. De qualquer forma, foi extremamente cuidadoso com elas, não as deixando sofrer e desovando seus corpos para que fossem encontrados logo. — Erwin entregou a pasta para o legista e pegou o celular, ligando-o no viva-voz — Hanji, preciso que você pesquise o consumo de cetamina, cheque solicitações médicas e até mesmo baixas em hospitais, talvez alguém tenha registrado diferença nas contagens de estoque, cruze com as informações que temos das vítimas, das pessoas que as conhecem e os lugares que elas frequentaram. Nosso suspeito pode ser alguém que conviva com elas ou já teve algum contato.

Rápida como uma água, já estou processando os dados, te aviso se houver alguma coisa. Câmbio e desligo. — A voz da mulher ecoou pelo necrotério, seguida pelo bip dela encerrando a chamada.

Enquanto a dupla saía do local, Erwin suspirou enquanto entravam no carro e Mike dava partida, seu telefone tocou, era Levi.

— Está no viva-voz, Levi, o que você tem?

Além do óbvio que a quatro olhos já descobriu, os dois eram pessoas com problemas psicológicos relacionado à TEPT*, não eram muito sociáveis e o passado deles é bem misterioso, os registos médicos não revelam a causa desse trauma por conta da confidencialidade com o cliente, mas talvez os médicos nos falem mais, amanhã eles virão aqui para interrogatório. — A voz de Levi era quase abafada pelos sons da delegacia trabalhando, ao longe, ouvia-se Oluo falando com alguém — Eles não frequentavam os mesmo psicólogos ou terapeutas, nem pareciam ser do mesmo círculo social, se se conheciam ninguém sabe de nada, eles sempre foram muito reservados com sua vida pessoal.

Hanji disse que seus registros escolares e de trabalho só apareceram no sistema há cerca de 5 anos, isso não é muito comum.

A não ser que eles fossem da periferia. Lá é bastante comum eles precisarem trocar de identidade ou nem serem registrados até virem pra esses lados da cidade. Alguns colegas de Nac Tias disseram que ele veio morar na cidade há cerca de 6 anos. Hanji confirmou isso.

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