Six.

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Um suspiro fraco fora deixado por Daiki, esse que mostrava o cansaço e estresse que sentira no trabalho até chegar em casa. Sua cabeça estava latejando enquanto o corpo implorava por um banho gelado, sinceramente, não era fácil passar o dia todo com a cara em uma tela gigantesca enquanto algumas denúncias tanto virtuais quanto presenciais eram feitos, Daiki dava conta de atender alguns casos enquanto seu colega Shoichi investigava a causa de tal situação. Sua cabeça a cada dia que passava parecia que iria explodir afinal, era ainda um pirralho quando passou a trabalhar naquela delegacia, mesmo que já tivesse na época seus 17 anos.
Não demorou muito para que o moreno fechasse a porta da casa e encontrasse sua mãe dormindo no sofá, aparentemente essa cuidara da faxina da casa por mais uma vez sozinha, visto que seu pai não se encontrava no ambiente. Com um respirar fundo o homem retirou seu terno e o pendurou sobre o cabideiro da sala, se aproximando então da estante onde pousou sua calibre 38 e sua carteira com os documentos.

- Daiki? Que bom que chegou meu amor. - A voz doce e calma de sua mãe ecoou pelo ambiente, o fazendo se virar calmamente e encontrar o rosto inchadinho pelo recente sono juntamente aos cabelos rosados levemente bagunçados. - A janta está lá no fogão se quiser comer, e... Posso te pedir uma coisa? - Daiki assentiu prontamente enquanto se aproximava da mais velha, vendo a mesma levar uma mão até a boca para bocejar em seguida. - Seu irmão chegou em casa meio estranho, parecia que algo o incomodava, tentei conversar com ele mas... Tenta falar com ele, tudo bem? - Não precisou dizer mais nada para que Aomine aceitasse, a felicidade de seu pequeno Tetsu sempre vinha em primeiro lugar, o fazendo apenas assentir por mais uma vez e ali girar os calcanhares em direção ao corredor dos quartos, precisava ver seu adorável anjo.

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Um olhar baixo e as mãos trêmulas mostravam o desconforto de Kuroko, o jovem parecia tão triste e assustado, como se tivesse visto algum fantasma (embora não acreditasse em tais assombrações). Havia chego da escola sob tal situação, e isso não passou despercebido por sua mãe, a mulher que sem demora passou a tentar ajudar o garoto, esse que negava qualquer coisa, mantendo um sorriso forçado aos lábios para deixa-la tranquila.

Tetsuya mantinha as memórias do passo presa em sua mente, era tão jovem quando tudo aconteceu, as vezes essas lembranças vinham sem nem mesmo estar preparado, e doía, doía como o inferno saber que estava dentro daquela casa por tanto tempo como um mero intruso, sinceramente, só queria esquecer aquela merda toda de passado e seguir em frente, mas era assombrado por sonhos e flashbacks espontâneos. Estava exausto daquilo.

Os pensamentos do jovem azulado foram jogados para longe quando um ranger de porta se fez presente no quarto, o fazendo levantar a cabeça antes deitada sobre o tapete e procurar a figura de quem entrava, não se surpreendendo ao ver seu irmão mais velho de costas fechando a porta anteriormente aberta, seus olhares então não demoraram muitos para se encontrarem e com apenas um sorriso acolhedor o jovem Tetsu abaixou a cabeça e sentiu as bochechas serem molhadas calmamente por pequenas e dolorosas lágrimas. Muitos podiam dizer que estava a fazer drama, mas na real o que carregava em suas costas era um peso incomum, algo que apenas ele entendia. Tinha medo de tudo ocorrer novamente, ou de por algum motivo encontrar seu pai rondando a cidade, sentia-se vulnerável, como se estivesse só, como se nada e nem ninguém pudesse o proteger agora, e o choro se intensificou.

- Tetsu. - O tom grave da voz de Daiki passou pelos ouvidos de Kuroko, o mesmo então sentiu uma mão quente pousar em suas bochechas molhadas, o polegar em segundos limpou as pequenas lágrimas encontradas sobre as bolsinhas abaixo dos olhos em um carinho gentil e calmo. - O que aconteceu, meu anjo? - Perguntou dessa vez com um tom baixo, quase em um sussurro, sentindo a respiração do menor então se acalmar e esse o encarar, estava tão preocupado com seu irmão.

- E-eu... Eu não sei como devo me sentir... Parece tudo tão errado... Tudo tão.. Tão... - A frase não fora completa pois o menor se deixou embriagar pelo choro baixo que o impedia de respirar direito. 
Daiki sem forçar palavras de seu irmãozinho apenas o abraçou calmamente, deitando a cabeça desse em seu ombro enquanto acariciava os fios azuis claros suavemente, precisava o acalmar antes de qualquer coisa.

Um suspiro enquanto fora dado depois de um forte fungar, o rapaz já mais calmo levantou sua cabeça e encarou o mais velho a sua frente. - Aomine-kun... Eu sou um intruso na sua família? Perdi a minha e em um piscar de olhos tomei a vida de vocês... Você é feliz em me ter como um irmão... Você gosta da minha companhia de verdade? Vo... - Um peteleco fora deixado sobre a testa de Kuroko que rapidamente levou as mãos ao lugar ferido com uma expressão de dor, mas o que caralhos?.

- Idiota, se fosse assim eu também seria um intruso, fui adotado também, sabia? - Aomine suspirou antes de se sentar mais próximo a Kuroko, cruzando as pernas no chão com um sorriso mínimo aos lábios. - Se eu não gostasse de você já teria o expulsado do quarto que antigamente era só meu, Tetsu, depois que você apareceu nossas vidas ficaram mais coloridas, eu sempre quis ter um irmão, mas sabe... Os planos tomaram um rumo diferente - As últimas falas fizeram o menor tombar a cabeça para o lado antes de fungar novamente ao sentir o nariz entupido. - Eu sou feliz te tendo ao meu lado, você precisa esquecer tudo o que um dia aconteceu em sua vida, precisa entender que agora tem uma nova vida, Tetsu - Dizia em tom baixo ao mesmo tempo que acariciava as mãos pequenas do rapaz, sorrindo bobo ao sentir esse apertar as suas.

- Estou tentando esquecer, mas parece que tudo volta, parece que nunca irei conseguir me livrar desse peso, isso machuca... - Respondeu baixinho após desviar o olhar, Aomine achara fofa essa reação do garoto e não tardou a soltar uma risada nasal e soltar uma das mãos desse, direcionando a mesma novamente até a bochecha rechonchudinha que esse tinha.

- Eu estou aqui com você... Sabe Kuroko, estamos vivendo juntos a tanto tempo que nem sei mais até quando irei deixar isso de lado - As palavras tomaram a atenção do azulado, o fazendo arquear uma sobrancelha confuso e curioso ao mesmo tempo, parecendo um cachorrinho, precisamente Nigou. - Não estamos em um bom momento para falar sobre isso, mas quero dizer que por mais errado que seja eu gosto muito de você, não só como irmão. Esses momentos que te vejo assim, tão vulnerável ao mundo me parte o coração, eu necessito cuidar de você da maneira que eu puder mesmo que eu não consiga fazer muito. - 

TUM TUM.

Uma declaração básica acarretou em um Tetsuya com os lábios entreabertos e os olhos concentrados no mais velho, seu coração batia desesperado pois não esperava por isso, aquela formigação em sua barriga se fez presente e o calor atingiu sua nuca, sempre que seu irmão dirigia-se a si sentia seu corpo vacilar, então era isso, também gostava dele, sentia necessidade de o ter perto, de ter ele cuidando de si, o fazendo feliz mesmo que com tão pouco, amava seu irmão.
Aomine capturava toda a situação calmamente, o garoto parecia processar tudo o que havia ouvido e sua expressão era fofa até demais, e foi ali que por mais uma vez os olhos se encontraram trazendo borboletas agitadas aos estômagos, aquilo era tão estranho mas tão bom ao mesmo tempo, pareciam bem e completos com apenas aquelas trocas de olhares.
O quarto então ficou em total silêncio, Kuroko deu um passo a frente diante de tudo aquilo e Daiki não ficou para trás, fazendo assim as pontinhas dos narizes se encontrarem, obrigando as respirações fracas baterem uma na outra. O espaço então fora quebrado por Aomine em um selar que, sem demora foi deixado de lado pela língua do moreno que passou pelos lábios rosados do mais novo, dando início a um ósculo calmo, lento e cheio de amor. As mãos de Tetsu acariciavam as bochechas morenas do maior, o acompanhando com calma naquele beijo tão perfeito que acontecia, deixado o barulho dos estalos ecoarem pelo cômodo junto ao som das respirações descompassadas pelo bloqueio que os pulmões tinham de puxar o oxigênio. O beijo fora se encerrando aos poucos, dando espaço apenas para um selar antes dos homens juntarem suas testas em um sorriso bobo. 

Tentu ainda sentia aquela tristeza em seu coração, aquele peso em suas costas, mas sabia que com Daiki tudo voltaria a ser brilhante como um dia fora, era só questão de tempo até que deixasse seu passo e focasse no presente, esse a qual tinha um homem perfeito o ajudando, o fazendo respirar aliviado novamente e o trazendo a paz que desde o incidente sonhou em ter. Sim, estava dando mais um passo a frente, estava tentando viver nesse novo caminho, nessa nova vida que lhe foi entregue, e viveria ela junto a Daiki, seu anjo protetor.

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Isso aí, espero que tenham gostado da fic e é nóis ♥ 

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