One.

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Apesar de não parecer Tetsuya já vivenciou muitas coisas em sua vida. Sim, era um garoto jovem, mas com uma grande história. Era um garoto fofo, amigável, sempre disposto e estava ali por tudo e por todos por mais que ninguém estivesse ali por ele, alguns lhe estendiam as mãos, mas outros apenas lhe deixavam afundar cada vez mais em suas magoas, como se não fosse nada e nem ninguém, e a cada dia que passava mais iam se afastado de si, até que um dia se encontrou totalmente sozinho em meio a toda sua escuridão, a escuridão que já existia dentro de si.

~história~

Pratos eram jogados ao chão, gritos e mais gritos podiam ser ouvir dentro daquela cozinha, o som do chicote indo de encontro com a pele exposta era aterrorizante e perturbador, o que fazia o pequeno garoto se esconder de baixo de suas cobertas abraçado ao seu ursinho. -Novamente seus pais estavam brigando-. Aquele noite como muitas outras havia sido complicada, mais uma vez seu pai traiu sua mãe com uma qualquer, e mais uma vez a mulher apanhava do mais velho. Kuroko sentia dentro de si a vontade de defender sua mãe, mas tinha apenas 8 anos, o que poderia fazer? Era apenas uma criança, e não podia se intrometer, afinal, sabia que sobraria para si, por isso todas as noite que aconteciam isso, se enfiava de baixo de seu cobertor e esperava tudo se acalmar. No dia seguinte, os olhos roxos de sua mãe, seu nariz sangrando e sua pele marcada mostrava como havia sofrido, e o menor sempre chorava junto a mais velha de manhã, dizendo que tinha medo de perde-la, que odiava ouvir seus gritos e o barulho de chicote, dizia também que queria a proteger, mas não sabia como, e a mais velha sempre mantinha um sorriso ao rosto dizendo estar bem, era era só mais uma briga passageira -como todas as outras-.

Mais uma semana de puro terror naquela casa, mais uma semana em que ouvia sua mãe gritar de dor e o barulho de coisas sendo quebradas junto aos gritos de seu pai. -Mas essa semana foi diferente.- Um barulho muito alto pode ser ouvido, e tudo então se silenciou, Kuroko achou que a briga havia acabado, achava que seu pai havia ido dormir e sua mãe estava na cozinha como sempre no chão chorando, e esses pensamentos o fizeram se levantar de sua cama e abrir lentamente a porta de seu quarto.

 A luz da cozinha era forte, e algo vermelho escorria pelo chão, o que ativou a curiosidade do menor de querer saber o que era, mas diferente das últimas vezes, sua mãe não estava sentada no chão, ela estava deitada. Sangue escorria de sua cabeça criando uma enorme poça em volta da mesma, aquela cena tinha sido tão perturbadora que fez o pequeno garoto gritar e implorar para que a mais velha acordasse, porém ela não se levantava, nem sequer respirava. Lágrimas e mais lágrimas caiam dos olhos do garoto que se mantinha abraçado ao corpo já gelado de sua mãe no chão, mas aquele toque não durou muito tempo, pois sentiu uma mão pegar em seu braço com força, o puxando com brutalidade o arrastando para um lugar escuro. -Medo-, era o que definia o que o garoto sentia, seu choro se intensificou, fazendo os soluços aumentarem e as lágrimas caírem cada vez mais. O garoto sentia duas mãos passarem por todo seu corpo e uma voz o pedindo para ficar quieto -Nojento-, suas roupas em questão de segundos foram jogada ao chão, e foi naquele mesmo dia que sentiu a pior dor de sua vida

Gritava alta, berrava, chorava pedindo para parar, doía muito, sentia-se sujo, seu corpo se movia com rapidez para cima e para baixo o fazendo sentir cada vez mais dor e gritar cada vez mais. Chegou uma hora em que não tinha mais voz para implorar, só tinha suas lágrimas, mas não bastou apenas ser abusado, tapas eram desferidos sobre sua pele até que sentiu algo quente preencher todo seu interior e ser jogado ao chão. Sangue escorria pelo meio de suas pernas, e logo sua visão começou a escurecer até não sentir, ver e nem ouvir mais nada, -finalmente havia morrido-

~~~

- Ele está acordando~

Ouvia algumas poucas palavras e barulhos de pessoas andando para lá e para cá rapidamente, seus olhos foram se abrindo lentamente, e quando teve sua visão finalmente de volta pode ver que estava em uma sala de hospital, tinha alguns fios e tubos conectados a si, e uma dor insuportável passava por todo seu corpo, o deixando desconfortável. Um homem de branco e com mascara logo adentrou o quarto onde estava com outros dois homens ao seu lado, perguntas e mais perguntas eram feitas, mas não se lembrava de nada, nem mesmo sabia responder o próprio nome. Dias e semanas se passaram naquele hospital a qual ficou de recuperação, e mesmo assim não sabia o que havia acontecido, porém antes que pudesse puxar algo no fundo de sua memória um homem alto, pele bem bronzeada de cabelos vermelhos misturados com pontas pretas e olhos quase da mesma cor apareceu no quarto, esse a qual não saberia dizer quem ou o que era, contudo podia notar a calmaria em seu rosto e a gentileza o acompanhar.

- Não precisa se preocupar, pequeno anjo, irei cuidar de você

A voz do tal homem era grossa mas lhe passava conforto e proteção, e por mais que não o conhecesse o pequeno garoto sentia que de alguma forma podia confiar nele, mesmo que ainda não entendesse ao certo o porque de estar naquele lugar.

- Me chamo Kagami Taiga e sou dono desse hospital, espero que possamos ser bons amigos, Kuroko. Aomine, filho meu irá adorar ter um irmãozinho

Ali então Kuroko recebeu uma nova família, e por mais confuso que estivesse estava feliz de ter alguém ao seu lado, isso é, alguém que tinha sua confiança agora.

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