- O que é tudo isso? – Com um pulo desajeitado recebeu sua chefa de volta a sala.
Ainda observava o quadro com cuidado, principalmente os detalhes que o pintor havia conseguido copiar, era fascinante! Em uma das mãos estava o celular com a imagem do original e nas pontas dos pés se inclinava para comparar com a cópia, o que a fez se desequilibrar ao ouvir a voz de Natasha tão perto.
Com uma curiosidade inocente, Artemova mexeu com os dedos nas alças da sacola para ver mais ou menos o que tinha ali, esperando por uma resposta de Vitória.
Natasha vestia roupas sociais, mas de aparência praiana, o que fez sua assessora se perder nas cores pastéis impressionada com a beleza da sua chefa.
- Coisas para o escritório.
- Vai decorar? Posso? – Perguntou sentando no sofá, ao lado da sacola e depois de receber a permissão, a abriu olhando objeto por objeto.
Não havia muita coisa de fato.
Indo do menor para o maior Natasha retirou os materiais de papelaria como: Lápis, canetas, borrachas, clipes e tachinhas por estar sempre perdendo o que tinha.
Pegou então o conjunto de porcelanato pequeno, arredondado e de um azul marinho tão forte que poderia ser confundido com preto.
Achou as pedrinhas de aquário brancas que colocaria nos três vasos e então as deixou de lado rapidamente ao ver o relógio de mesa digital, a assessora assumia que tinha muita preguiça de relógios de ponteiros.
Como uma crítica experiente, Natasha chegou ao final fazendo caras e bocas. Para algumas coisas seus olhos aprovavam, já para outras suas sobrancelhas se arqueavam, o que deixou em Vitória a sensação de que realmente não havia nascido para pensar em como decorar um ambiente e só a ideia de ser responsável por isso a deixava agoniada.
Assim que havia pisado no escritório, Sarah correu para avisar que a chefa ainda não havia chegado e nem mensagem mandado.
Decidida a deixar as coisas acontecerem, Vitória foi adiantando o que era possível: Ligações, resposta de e-mails, algumas leituras de rascunhos de livros e a agenda.
Era a única que sabia que Natasha tinha ficado acordada até às 5 da manhã, então esperava receber notícias dela por volta das 10, mas isso não aconteceu.
Às 11 horas tentou ligar, mas o celular dava caixa postal sem sequer chamar, talvez por estar sem bateria.
Saindo para o almoço, evitou encontrar com qualquer um que pudesse a fazer perguntas sobre o paradeiro da dona, já que teria que mentir e dizer que ela ficaria o dia em reuniões externas sem sequer ter detalhes de quando voltaria ou quando poderia atender ligações.
Aproveitando seu tempo e fazendo o possível para ser inacessível, correu para a loja de decoração mais próxima da editora.
O ar condicionado ia direto às suas pernas. Olhava para a vitrine e então para o caixa que ficava logo atrás, vazio naquela hora.
Entrou e o cheiro de móveis novos veio até ela. Subindo as escadas, se deparou com microambientes planejados para serem comprados prontos, era lindo...
- Se eu conseguisse decorar pelo menos um pouco. – Disse observando a estante com vasos, quadros e livros falsos.
- Precisa de ajuda? – Uma mulher se aproximou usando o avental com o nome da loja.
Seus cabelos loiros atrás das orelhas e o sorriso suave nos lábios. Sua maquiagem era leve e parecia fazer parte dela. Era incrivelmente bonita, o que fez Vitória dar um passo para trás.
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Sob o céu de Lisboa |Degustação|
Romance¨Romance Lésbico :: Favor ser responsável pelo que lê¨ A notícia de que Alceu Cubas havia morrido comoveu o Brasil. O título de um dos maiores representantes da literatura nacional havia descansado em paz, mas não sem deixar um livro inédito. O livr...