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- Conseguimos! – Vitória disse olhando para a tela do celular com os olhos brilhando. – Conseguimos o auditório.

- Niemeyer?

- Sim! – Estava agitada! Só Deus sabia o quanto ela havia corrido atrás daquele auditório no Ibirapuera. – Ficou para o mês que vem, dia 31.

- Que maravilha! – Natasha sorriu e esticou o braço para que sua assessora batesse em sua mão e assim ela fez. – Parabéns Vitória.

- Obrigada, vou... – Ela apontou para o escritório e então, com a permissão da chefa, correu para o computador.

Procurou ser o mais grata possível no corpo do e-mail, agradecendo por cederem o espaço para a primeira amostra de literatura infantil da Editora Artemova.

Havia sido contratada há apenas 4 meses e seu maior foco era esse e havia conseguido! Sabia que as noites mal dormidas eram por conta do nervoso da ideia de fracasso, mas agora se sentia dentro de um sonho.

Assim que enviou o e-mail, pegou a sacola com o que havia comprado e passou a organizar sua sala, cantarolava baixo e não conseguia esconder que estava extremamente feliz. Duas coisas incríveis acontecendo em sequência? O que poderia ser melhor que isso?

- Vitória? – A voz de Sarah a chamou e então ela sorriu para a moça de longos cabelos cacheados. – Mandaram te entregar.

Era uma caixa com 3 pequenas suculentas. Com mais cuidado do que provavelmente seria necessário, as colocou na mesa e pegou o post-it colado na lateral do papelão e viu a caligrafia de Natasha:

"Não coloca aquelas pedras de aquário, coisa mais ridícula...".

Olhando para o porcelanato, as suculentas combinavam perfeitamente. Surpresa com a rapidez de Natasha e da floricultura que enviou, olhou para a sala da chefa para encontrá-la vazia.

- Aonde Natasha foi?

- Está com Rodrigo.

- Ah sim. – Disse e então, com as suculentas em seus lugares oficiais, colocou a mão no quadril e olhou para Sarah. – O que achou?

- Está diferente, gostei bastante.

- Mesmo?

- Lógico, dá a sensação de que é um ambiente acolhedor.

- Acolhedor. – Sussurrou e então sentou. – Gostei, obrigada. – Sarah sorriu e então acenou indo para seu posto: uma mesa de vidro opaco grosso com pernas laterais quadradas e largas, do lado dela, logo atrás de sua cadeira de escritório cinza, um vaso com um carvalho japonês.

Sabia disso graças a sua mãe que gostava muito de cultivar plantas e essa pequena árvore era seu maior xodó. Regava e conversava com o tronco, dizia que isso o deixava mais forte e alegre. Como via isso acontecendo? As folhas sempre estavam verdinhas, e o tronco duro na terra.

Tinha uma pequena coleção de plantas e adubos e sua casa sempre fora fresca graças ao verde.

Não que não gostasse, amava as plantas tanto quanto sua mãe, mas morando sozinha percebeu que tudo que comprava morria, por isso havia passado longe das plantas na hora de decorar o escritório, mas uma suculenta não era algo tão difícil de cultivar... E estaria onde ela sempre está: no trabalho.

Ocupada observando o post-it, viu um e-mail novo chegar e então o nome: Nova arte. Será que havia conseguido resolver mais essa?

Era interessante: meio gótica, inovadora e ao mesmo tempo muito delicada, poucas cores e muito sombreado.

Sob o céu de Lisboa |Degustação|Onde histórias criam vida. Descubra agora