Capítulo 5

526 146 30
                                    

Bom diaaaaa, meus amores!!!

Acordei e vim deixar um presentinho para vocês!!

Vem ler!!

RICARDO

Cheguei ao meu apartamento e desabei no sofá. As lembranças cortavam meu peito. Achei que já estivesse acostumado com a dor. Afinal, a falta e a saudade que sentia de Charlotte machucava todos os dias.

Mas o que eu senti naquele momento foi ainda mais intenso.

Minha esposa nunca me pareceu tão viva quanto na carta que deixou para Chloe. Eu podia escutar sua voz narrando cada palavra escrita.

Contudo, era fato que aquela versão de Charlotte me nocauteou.

Ela estava desnuda em cada linha, transbordava emoção e amor pela irmã, ao mesmo tempo em que demonstrava angustia e opressão por sentir que ao amar Chloe, traía a própria mãe.

Eu nunca havia analisando a situação de Charlotte pelo ângulo daquela carta. E ali eu quis muito que minha esposa estivesse viva. Eu quis que ela se abrisse comigo e escutasse meus conselhos, que certamente seria que ela devia procurar e se acertar com Chloe. Desejei do fundo da minha alma abraçá-la e dizer que tudo ia ficar bem, protegê-la da influência de Blanche e ouvir seus medos e dúvidas. A vida não foi justa com Charlotte e eu quis ter o poder de trazê-la de volta e me certificar que poderia fazê-la feliz.

Sentado e com os braços apoiados em minhas pernas eu chorei. Não tentei conter minhas lágrimas, se elas precisavam de espaço para correr livremente, eu daria.

Ás vezes tinha a impressão de ter conformado com a morte de Charlotte, embora ainda não tivesse conseguido envolver de forma séria com outra mulher. Mas quando lembrava de nós dois juntos, sentia que nenhuma outra teria espaço em minha vida.

Viúvo aos vinte e oito anos. Só poderia ser mesmo um castigo.

A gente tinha uma vida boa junto. Dávamo-nos bem e nos amávamo-nos. Os nossos problemas conjugais nunca foram maiores que a nossa cumplicidade. Combinamos de resolver tudo juntos. Mas não contávamo-nos com a morte. E para a morte não há o que fazer.

"Seguir em frente".

Era o conselho que eu ouvia de todos que estavam ao meu redor.

O telefone fixo do apartamento soou alto. Embora pouco frequentasse o imóvel, deixava tudo em ordem e em perfeito funcionamento. Ainda no sofá eu fingi que não era comigo. Só havia uma pessoa invasiva suficiente para ligar no apartamento de Paris. Inspecionei o sofá e achei o aparelho celular ali jogado. Estava desligado desde o instante em que saí da loja de croissants.

O som do telefone tocando não cessava e tornava-se cada vez mais irritante. Ela não ia parar. Levantei em um salto e cambaleei até o aparador que ficava entre a sala e o corredor. Peguei o telefone e cessei a agonia de ouvi-lo tocando.

ꟷ Espero que seja muito urgente. ꟷ Atendi irritado. Queria o silêncio dos meus pensamentos e lembranças, embora fosse como demônios digladiando e gritando dentro de mim.

ꟷ Até que enfim Rick. ꟷ Minha amiga retrucou.

ꟷ Fala logo, Laura.

ꟷ A pirralha está atrás de você.

ꟷ Já pedi para não chamá-la assim.

ꟷ Me deve explicações, Rick. Quatro anos tentando que a menina aceitasse a herança e me deixasse finalizar esse inventário, quatro anos. E quando ela finalmente baixa a guarda, você irrita a garota e some? ꟷ Ela falava exasperada.

Um recomeço para o CEO [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora