O menino e o saco

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Numa terra que não existe, uma história pouco provável, havia um menino que tinha descoberto que seu coração ardia por seus semelhantes, alguns mais outros menos, uns correspondiam ao ver o fogo que queimava nele mostrando seu coração ardendo também. Assim aconteciam os encontros normais, até que um dia seu coração queimou mais que o comum, aqueceu até ele não aguentar mais. Então foi ao encontro de sua semelhante mostrar que seu peito brilhava para esta pessoa na certeza de que diante de tal brilho este outro ser havia de despertar algo na mesma intensidade ou pelo menos quase.

Nem mesma altura, nem nada absolutamente nada! No que então este ser indiferente se vai. O menino fica frustradíssimo pois alimentara tanto essa chama em seu peito, que agora não teria mais com o que nutrir, logo o brilho se extinguiu por completo, e parecia não haver mais como reacender.

Vendo este fato, um passarinho o chamou e disse

- Ei garoto, você soube o que aconteceu?

- ...

- o que você sentiu foi puro, porem simples demais para despertar o fogo no outro! Existem pessoas que não nascem com a capacidade de ver e sentir um sentimento verdadeiro em outrem, elas precisam de provas! E as provas são o que realmente alimentam seu coração

- ... Nesse momento o menino olha para seu peito apagado

- O nome disso são as boas intenções com elas você alimenta a sua chama e dela! Boas intenções são os planos, objetivos, juras, promessas, interesses, virtudes e etc... Não irei citar todas, mas digo que a cada uma boa intenção que você use em seu peito e o no dela, mais boas intenções hão de aparecer e então esta chama nunca há de se apagar, toma este saco e na próxima vez que sentires uma simples faísca em ti, não perca tempo, se encha de destas boas intenções e encha também o saco para oferecer a ela.

Plano feito, ele havia de esperar. E se passou dois anos, até que ele cruzou com uma pessoa, e então uma leve faísca apareceu em seu peito, no que de súbito ele começou a encher o peito com as tais boas intenções! Criando uma imensa chama, um imenso brilho, mas por afobação encheu apenas metade do saco para oferecer.

Correu e encontrou-a, iniciou a mostrar o que havia no saco pegando uma a uma e tirava-as com uma pressa inconsolável, porem quando ele viu que todas as boas intenções ainda estavam no chão e a pessoa se mantinha impassível, corou-se envergonhado, e enquanto ele catava aquelas que ele havia dado, ela impiedosamente corta o fundo do saco de boas intenções.

Inconsolado ele sai arrastando seu saco, que escoava suas boas intenções por todo o caminho, olhando para o céu crendo que aquele pássaro havia de lhe explicar novamente o porque do ocorrido. Ele encontra o pássaro e mostra seu saco rasgado e seu peito esfumaçante.

- Hum... Já sei o que porque de não ter dado certo, um amigo me disse que você encheu apenas a metade e só a metade não adianta! Vamos costurar o saco!

O passarinho com seu bico entra e sai costurando o fundo com imensa rapidez

- Pronto! Agora inflame teu coração de novo e encha este saco todo! Use estas boas intenções que são melhores que as outras! Não há de dar errado

Assim feito! O garoto partiu arrastando o pesado saco de boas não tençoes, seu coração ardendo encontra a mesma de antes, receoso, tirou novamente uma a uma, e de novo a mesma impassividade e de novo o mesmo cruento corte e agora um pranto doloroso e um retorno excruciante.
Ergueu novamente os olhos aos céus implorando por respostas, e o pássaro novamente veio em socorro

- O que houve ?

Em prantos mostrou o saco rasgado e vazio; e seu peito cinza esfumaçando

- Hum... Não chores! Tudo foi apenas um teste, queria saber até onde você era capaz de insistir! Agora sim chegou o momento! Toma mais esse saco! Inflama teu coração como nunca com estas boas intenções infalíveis encha também o outro saco, vais triunfante, vou reforçar este rasgado e vamos, desta vez eu estarei contigo logo acima de ti venceremos juntos nada de errado ocorrerá

Com os dois sacos cheios, coração em chama, partiu o garoto arrastando duramente suas boas intenções. Na caminhada dura, lenta e angustiante o garoto tinha certeza que dessa vez finalmente iria conseguir inflamar o coração dela, confiava plenamente naquele que o havia ensinado a reacender seu próprio coração sim o pássaro tinha as respostas e olhava sempre para cima para conferir se o mestre estava lá

Chegou perto dela de novo, ela estava de costas e ele com labaredas dentro de si, sentia-se ansioso, e quando se preparava para começar a retirar as infalíveis que recebeu, olhou para o céu para ver se aquele que o guiava estava com ele no momento decisivo! Mas não estava! Olhou por todo céu e nada! A menina olha para ele em chamas e com dois imensos sacos cheios, simplesmente indiferente se vira se sai.
O garoto se sente perdido sem seu mestre, sem ninguém, com seu corpo em chamas e com dois imensos sacos para ter que arrastar de novo e assim ter com o pássaro para perguntar o porque ele o abandonou, o menino não conseguiu mostrar as boas intenções por que? Essas eram umas das diversas perguntas que ele haveria fazer ao mestre

Olhou para os dois sacos e sentiu preguiça de ter que carregá-los por todo o trajeto novamente, ele mesmo cortou o fundo dos sacos e foi esvaziando-os enquanto o arrastava pelo caminho, olhando sempre para o céu dessa vez com raiva, para ver se o pássaro aparecia

Andou em linha reta e nada de vê-lo e seu fogo de raiva apagava e apenas um sentimento de vazio se sentia dentro dele

- Hei, quem você procura? Disse o urubu

- ... O garoto amostrou os sacos

- Morreu há uma hora, eu o vi e enterrei no mesmo lugar sinto muito.

- Paixão era um louco sonhador! Manipulava garotos como você, não fazia por mal, achava que fazia por bem, mas no fundo fazia mal! Tinha boas intenções, mas acreditava em uma lenda chamada reciprocidade que fora esquecida durante muito tempo, mas que ele tentou reviver por agora

O garoto se deu conta que ao morrer Paixão o propósito de mostrar as boas intenções morrera junto e ao morrer a paixão se encerrou até mesmo o ímpeto de se tentar de novo. Olhou para o saco vazio e se deu conta que estava a beira de um precipício! Enrolou os dois e lançou-os violentamente, sem raiva apenas com uma muda melancolia

E creu que deveras existem três tipo de pessoas a se relacionar, as que não sentem o mesmo que ti, as que não se importam com boas intenções, e aquelas que rasgam o saco que as carrega, saco esse que no fundo é a esperança que a Paixão enquanto vivia, insistia em costurar quando alguém o rasgava, com aquele otimismo avassalador de sempre

E o menino ainda sem saber o que fazer passou a viver naquele trajeto, perdido, aonde estava enterrado Paixão, e foi chamado por ele posteriormente de cemitério de boas intenções

Fim  

O menino e o  SacoTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang